Laranja Mecânica (sinopse)
Pelas ruas de uma metrópole decadente, Alex, o jovem líder de uma gangue de adolescentes, tem por diversão cometer perversidades e atos de violência. Depois de ir longe demais, é preso pelo governo e submetido a um método experimental de recondicionamento de mentes criminosas.

Esta distopia clássica e revolucionária é permeada por um debate sobre o conceito de liberdade e os limites do Estado, mas também sobre o amadurecimento do ser humano. Deu origem ao célebre filme homônimo de Stanley Kubrick lançado em 1971 que, na história, suprimiu o último capítulo do livro.

Um livro horrorshow
A primeira vez que tive contato com Laranja Mecânica foi no colégio. A professora passou o filme com a intenção de que fizéssemos uma redação relacionando o filme com algum assunto, não lembro se com a violência ou algo parecido. Na época o filme não funcionou tão bem para nós, uma linguagem meio maluca, umas cenas que pareciam não fazer sentido e, cá entre nós, um filme de 70 para um monte de adolescente dos anos 2000 que queriam mais era ir para o intervalo, comer e jogar bola a ter que assistir aquele filme com um monte de garoto rebelde… que ironia!

Hoje, aqui sentado de frente para o computador percebo que vivi exatamente o que o livro retrata, claro que não da forma ultraviolenta apresentado nele, mas em relação a transição natural que todo jovem passa até chegar à fase adulta. É exatamente sobre isso que o livro retrata, a fase rebelde dos jovens, que se rebelam contra seus limites, passam por fases turbulentas e acabam, com o tempo, virando adultos.


O livro é inclusive dividido em três partes, cada uma dividida em 7 capítulos, ou seja, totalizando 21, que é a idade onde o jovem atinge a maioridade na Europa. Mas até o personagem principal alcançar essa maturidade podemos acompanhar as diferentes fases passadas por eles. Aliás, como todo adolescente que tem uma linguagem própria, o livro também nos apresenta essa característica, tornando uma leitura, no mínimo, diferente.

Anthony Burgess criou em seu livro uma série de gírias para Alex e seus amigos, representando essa diferença entre os adolescentes e os mais velhos. Baseado principalmente em palavras russas ou em jogos de palavras, o livro é todo montado através dessas gírias e como ele é contado como se fosse um relato do Alex, a coisa é feita em primeira pessoa, dando uma profundidade maior à coisa.

Para facilitar, a Aleph traz no fim do livro um glossário com o significado de todas elas, mas como a própria editora faz questão de dizer, você pode escolher ler o glossário antes e entender a leitura, ou pode ler da forma que está, para ter uma experiência diferenciada, afinal, esse foi um ponto proposital feito pelo autor para passar algumas características da juventude.

Para quem viu o filme, quando for ler vai notar uma grande diferença, que é em relação ao final. Na minha opinião, Stanley Kubrick gostava de estragar livros fazendo filmes (Olá, O Iluminado) e esse foi mais uma vítima. Como eu disse, o livro conta a história do amadurecimento de Alex que, de um garoto rebelde, depois de algum tempo e experiências bem sinistras, tornar-se adulto, largando aquela vida de rebeldia para trás. Mas no filme, o diretor fez questão de cortar essa parte, alegando que Alex não merecia um final feliz. Ou seja… deturpou todo o sentido do livro que é o do amadurecimento.


Anos depois daquela aula no colégio, finalmente entendi a mensagem do livro, porém, tenho que ser sincero com vocês, esse é um livro difícil de falar sobre. Isso porque toda a linguagem passada e a forma que ele foi escrita torna a leitura única para cada um. É um daqueles livros que você tem que sentar com calma e mergulhar de cabeça na viagem que está por vir e, no fim, pensar sobre para finalmente decidir se gostou ou não.

No meu caso, essa foi uma viagem positiva, e só posso recomendar que vocês encarem essa viagem também.


Título: Laranja Mecânica (exemplar cedido pela editora)
Autor: Anthony Burgess
Editora: Aleph
Páginas: 304
Ano: 2019 (Original: 1962)

21 comentários:

  1. Fábio!
    Como sou da geração dos anos 60, quando assisti o filme, sabia bem a que se referia, a grande rebeldia dos adolescentes dos anos 70.
    Quando tive oportunidade de ler o livro, pude notar algumas diferenças sim, mas acredito que seja natural nas adaptações, embora seja um leitura travada, se é que me entende.
    cheirinhos
    Rudy

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    1. Olá Rudy

      Posso imaginar. A principal diferença é do final. Apesar de ser uma mudança pequena, a diferença é enorme devido ao significado. A leitura eu achei bem diferente kkkk. Bem louca.

      Bjs =*

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  2. Engraçado que quando vi o filme pela primeira vez, fiquei me perguntando um tempão: como fui perder tempo com isso?? Sei lá, era muito nova, não vi ali nenhuma mensagem importante deixada. Só a violência, as cenas de nudez e um garoto que merecia apanhar na cara. Nada além.
    Por isso quando fui amadurecendo, revi o filme e aí sim, entendi o que ele queria mostrar,mas pelo que li acima agora(e em outras resenhas que já li da obra) não mostrou a parte principal.
    Quem de nós não passou uma fase rebelde?? Tá, não em matéria de violência, sexo sem medida, drogas, mas digo na maneira de querer se rebelar contra o sistema,a família e a sociedade?
    Mas amadurecemos, felizmente e o filme tirou isso.
    Quero sim, poder conferir o livro(coisa que não fiz até hoje..rs)
    Beijo

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    1. Olá

      Siim. Eu também achava a mesma coisa kkkk. Depois que crescemos que passamos a ver a coisa diferente. É exatamente isso ai que você falou. O livro é muito bom, só é louco devido a linguagem, mas é um bom diferencial.

      Bjs

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  3. Eu não assisti ao filme, mas também nem sou uma fã do Kubrik, então acho que foi isso que me fez não assistir. Mas quero ver o filme de pois ler o livro para saber bem o mal que ele fez kkkkkkkk
    O livro parece ter todo esse lado da mudança do Alex, o amadurecimento, e isso deveria ser levado em conta.

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    1. Olá Nil
      Leia sim =D. Pois, a principal mudança do filme é justamente o fato de não ter a parte do amadurecimento kkkk.

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  4. Olá! ♡ Já aconteceu várias vezes comigo de eu assistir um filme quando era mais jovem e não entender as mensagens que o mesmo queria passar, e quando os assisti agora outra vez, mais madura, percebi e entendi coisas que eu não tinha notado quando assisti pela primeira vez, é interessante como conforme os anos vão se passando, nossa visão sobre certas coisas vão mudando.
    O ponto que mais chamou minha atenção sobre o livro é a discussão que o mesmo traz acerca da questão de liberdade e amadurecimento. E de fato, antes de nos tornarmos de fato adultos, passamos por várias fases complicadas, marcadas por rebeldia e mudanças. Achei muito interessante e relevante o autor abordar esses temas.
    Obrigada pela indicação! Beijos! ♡

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    1. Olá Rayssa

      Sim, nós vamos amadurecendo e nossa visão das coisas vão mudando, para nós leitores então a coisa é maior ainda. Sim, essa fase de rebeldia é algo que passamos na adolescência e é muito bem retratada aqui. O autor retratou muito bem isso tudo, até o amadurecimento, tanto o forçado como o natural.

      NAda =D. Espero que possa ler =*

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  5. Olá!
    Acredita que já ouvi fala muito desse titulo mas nunca parei para conhecer e saber sobre ele. Fiquei um tanto curiosa pela leitura, com certeza muitos leitores irá se identificar com ele, principalmente na fase da adolescência. Espero muito ler em breve!

    Meu blog:
    Tempos Literários


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    1. Olá Lily

      Acredito sim =D. Espero muito que possa ler mesmo =D. Vai ser uma experiência muito diferente =D

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  6. Oiii ❤ Já ouvi falar tanto do livro como do filme, mas não conferi nenhuma das obras.
    Gostei que o livro aborda os temas liberdade e limites do Estado, ambos bem atuais. Discussões do tipo costumam me agradar bastante.
    Legal que a obra fala sobre essa fase rebelde da vida, já que todo mundo passa por ela. É um momento bem complicado, mas importante.
    É muito interessante que o autor tenha criado gírias para os personagens, nunca vi nada do tipo.
    Obrigada pela dica de leitura.
    Beijos ❤

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    1. Olá Rayane

      Se tiver oportunidade leia =D. Tem temas bem atuais no livro, e a gente consegue identificar vários assuntos pertinentes para debate.
      A linguagem é uma coisa única nesse livro kkkkk.
      Bjs

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  7. Caramba, passei minha vida ouvindo falar sobre o filme ou o livro, e eu nunca tive a curiosidade em ler. Acho que passou da hora de eu ter minha interpretação desse livro, vou começar assistindo ao filme.

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    1. Olá Ana

      Recomendo, mas vá já sabendo que é bem louco kkkkkk

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  8. Oi, Fábio
    Não li e nem assistir o filme. Apesar de ser um livro super recomendado sua resenha foi a primeira que li.
    Bem que esse livro poderia ganhar uma nova adaptação para filmes ou série que fosse fiel ao enredo, qual é a graça de mostrar como foi o fim da rebeldia foi personagem.
    Tenho certeza que a intenção da sua professora foi boa, mas na época vocês não estavam tão preparados para assistir.
    Agora mais do que antes, preciso muito ler o livro, beijos!

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    1. Olá Luana

      O livro vale a leitura, com certeza. É bem reflexivo, apesar da provavel possibilidade de odiar o personagem principal kkkkk. Com certeza não estávamos preparados para ver kkkkk. Bjs

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  9. Fábio, tudo bem?
    Bom, o livro e o filme estão na minha lista faz um tempo. Sempre vejo alguns trechos deles (principalmente do filme) e fico ainda mais interessada. Pretendo ler em breve.
    Lembro que ele e o Clube da Luta estavam juntinhos na minha lista (ambos conheci por conta do filme).
    Cheguei a ler Clube da Luta, mas... não curti muito.
    Abraços!

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    1. Olá Samanta =D

      Espero que possa ler em breve sim =D. Olha ai, Clube da Luta eu ainda não tive a oportunidade de ler. Espero gostar kkkk
      Abraços =*

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  10. Oie!

    O filme está na minha lista para assistir. Nunca pensei em comprar o livro mas essa edição lindíssima me faz pensar. Acho que quando eu assistir à adaptação eu tiro minhas conclusões e decido se um dia terá lugar para ele em minhas prateleiras.

    Bjoss.

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    1. Olá Giovanna.

      Olha, eu recomendo muito você fazer o contrario viu. Melhor ler o livro e esquecer o filme do Kubrick. kkkkkk

      Bjs

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  11. ingriD Figueiredo28/05/2020, 00:47

    Mais do que uma história pontuada pela violência exacerbada, Laranja mecânica é uma obra reflexiva. O tema central do livro é como colocar as teorias do Behaviorismo em prática. Alex, nosso narrador e protagonista, é uma cobaia de um experimento cujo propósito é a correção de comportamento violento a partir de estímulos. Mas então fica reflexão: ao sermos privados do direito de escolher fazer o bem ou o mal, ainda somos humanos? Afinal, seria o livre-arbítrio o que nos define?

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