Fala galera, hoje eu vim com mais uma entrevista. Dessa vez com a Editora Serpentarius. Agradeço bastante àa editora por concordar em ceder essa entrevista.
Vamos a ela.
1 - Olá, obrigado por ceder essa entrevista. Poderia começar nos contando quem são os responsáveis pela Serpentarius?
R – Ágios, Fábio! Para nós, é um prazer imenso esse bate-papo. Desde já, queremos agradecer a oportunidade e todo carinho que nos dedica com sua parceria! A Equipe Serpentarius é composta por dois editores: Eu (Raul Dias), editor-chefe e fundador da casa, e Elaine Rodrigues (Nany), que também atua nas preparações e revisões textuais.
2 - Como surgiu a ideia de criar a editora?
R – Antes de ser editora, minha proposta inicial era um “selo independente” voltado para as antologias e projetos aos quais eu organizava. Após algum tempo, a ideia amadureceu e nossos caminhos nos levaram a um destino inevitável: seríamos um lar editorial, com a maturidade e o preparo profissional, então veio nosso SIM ao chamado, abrindo as portas em outubro de 2019, mês do halloween.
3 - Quando a editora foi criada o país não vivia ainda essa crise de COVID-19, porém, certamente o Brasil já enfrentava uma grande crise no mercado editorial, qual é a visão de vocês diante desse mercado?
R – As crises fazem parte de todo ciclo. Se adaptar a elas não é mais uma necessidade e sim uma obrigação. Foi pensando assim que traçamos a ideia de iniciar nosso primeiro projeto com um financiamento coletivo. Queríamos saber o quão as pessoas estavam empolgadas em apostar no novo. E deu certo!
Agora, com o Covid-19, novamente o cenário mudou e, com ele, mais uma renovação de ciclo. Nos sentimos desafiados, e essa sensação é o combustível que nos impulsiona a continuar.
4 - Agora eu gostaria de pedir licença a vocês e chamar a Ophidia para a entrevista. Ophidia, você é uma personalidade ativa no instagram da Serpentarius, por que você foi a escolhida, por que uma cobra como mascote?
R – Por Asclépio e Rasagalhe, me tornei uma escamosa famosa! Tenho vontade de guardar vocês em um potinho de formol. Juro!
Perguntar pra mim o porquê fui escolhida é o mesmo que perguntar a você: qual sua missão na terra! Afinal, todos nós temos uma pendência com o universo. As “personas” de outrora nunca partiram, elas estão aqui de uma forma diferente, eis uma verdade! Acredito que isso responda minha missão na Serpentarius: sou porta-voz do outro mundo, sou ponte! Por isso, fui escolhida. Trago em mim os arquétipos de sabedoria, astúcia e renovação (é preciso trocar de pele nos ciclos da vida). Não vejo outro animal para trazer essas metáforas senão nós, os que rastejam.
A exemplo disso, em nosso logotipo, a serpente coroada se curva, dando origem à silhueta humana, ajoelhada e cercada por dois ramos de lírio, referência ao homem e sua busca pelo conhecimento desde o paraíso, e a estrela de oito pontas representa a regeneração, mesmo em tempos de tormenda. Essas são as filosofias da Serpentarius!
5 - Quais são suas origens?
R – Nasci em uma época de fogo e pólvora, no ápice do século XII. Creia, as coisas eram bem diferentes! A santa inquisição acabava de chegar ao Brasil, e eu, com minha juventude, era um alvo, devido ao meu chamado: a clarividência. Antes Ismália, hoje Ophidia. Paguei o preço com minha vida, mas ainda há assuntos pendentes entre os dois mundos. Acredita se eu disser que alguns estão destinados a voltar, ser ponte entre os dois mundos? Somos as vozes silenciadas que nunca partiram, aquelas que ousaram ficar! O mortal ainda não se deu conta que, ao findar da vida, somos mais que poeira estelar.
Estou sempre atenta aos recadinhos e mensagem de vocês nas redes!
Apareçam, não se acanhem, podem chamar!
Obrigada pelo carinho de sempre. Ágios, Fillie! Nos vemos por lá!
6 - Agradeço bastante a Ophidia pelos esclarecimentos. Gostaria de falar agora sobre os livros. O terror é a principal característica da Serpentarius. Vocês pretendem ampliar isso mais pra frente, com outros gêneros?
R – A Ophidia, essa figura, é uma das melhores surpresas que nos aconteceu. Ela é parte de nossa equipe! Desde o início, o terror foi nosso foco e continuará sendo. Não pretendemos migrar para outros gêneros, no momento. Queremos continuar cultuando a literatura de horror e os subgêneros que ela engloba.
7 - Podemos notar também que a editora até agora dá uma ênfase à literatura nacional, apesar de ter um conto do Poe disponibilizado recentemente. Isso significa que autores Brasileiros são uma prioridade ou também teremos autores internacionais no futuro?
R – Somos cautelosos em nossas escolhas. Desde nossa mascote, que viveu no período da inquisição Brasileira, até alguns autores que estamos resgatando. As raízes do horror Brasileiro, ultrarromântico, pessimista e sombrio, são nosso foco. Augusto, Alvares, Júlia, Coelho Neto, Machado, tantos outros... são nossas vozes silenciadas que ainda ecoam. Esperem por próximas edições de nossos mestres e, claro, também um pouco das fontes das quais bebiam. Vem muita coisa boa por aí!
8 - Agora vamos falar do sucesso que foi Daemonum Revelare, o primeiro livro lançado pela editora, através do Catarse. Como foi a sensação de ver seu primeiro livro nascendo e sendo apoiado pelo público?
R – Foi surreal, na verdade. Como organizador de antologias, já trabalhei em projetos de peso como Daemonum Sigillum, Colmeia de Sangue, Noite Macabra e Noite Infeliz... Daemonum Revelare é mais que a concretização de um sonho: é, definitivamente, o primeiro pulsar do coração Serpentarius.
9 - Seus próximos lançamentos também pretendem ser lançados através de financiamento coletivo?
R – (Risos) Não pretendemos abandonar os pactos antigos. A Serpentarius está aguardando o momento certo para novos projetos. Claro que ainda não é o momento, mas continuaremos nosso trabalho na plataforma!
10 - Vimos que vários contos de autores nacionais foram lançados gratuitamente, todos com alguma playlist para acompanhar. Qual a importância que vocês veem nessa fusão Leitura + Música?
R – Para a Serpentarius, a música é uma extensão da arte, assim como é uma das ferramentas mais poderosas junto a literatura, capaz de atingir sentimentos, vidas, personalidades. Grandes bandas do rock oitentista, por exemplo, fizeram álbuns que homenageiam Poe, Lovecraft e outros. Ozzy foi aclamado com a faixa dedicada a Alleister Crowley, e por aí vai. Acreditamos que a combinação da música e da leitura proporciona ao leitor um estágio de experiência única e inigualável.
Experiências boas estão escassas, hoje em dia, quando notamos que o mercado literário e audiovisual tem tido conteúdo leviano, mais do mesmo, tudo com o intuito de vender. Mas a arte é arte, e com ela resistimos.
11 - Um dos grandes atrativos da editora é seu cuidado com as edições. Podemos contar com edições de capa dura no futuro?
R – Chegar à capa dura é uma meta de vida, mas não é nossa prioridade. Com o tempo surgirão edições especiais para leitores igualmente especiais. Nosso foco maior é a qualidade e experiência do leitor. A beleza estética está inclusa, claro, mas isso é um bônus.
12 - E, para finalizar, o que você pode nos contar em relação aos próximos lançamentos?
R - É UMA BOMBA que vai mexer com o psicológico e com a ambição de muitos. Estamos fazendo novos ajustes, estudando novas propostas. O que posso adiantar é: se preparem, porque o bote é uma certeza, e este vem quando todos menos esperarem.
Fica aqui nosso sincero agradecimento, amor e carinho ao Ig!
Parabéns pelo trabalho que vocês desenvolvem. Vocês são a célula vital do meio literário atual. Recebam nosso total apreço e gratidão!
Serpentarius Editora.
E aí, pessoal? Gostaram?
Conheçam e sigam na rede social: @serpentariuseditora