Olá, leitores. Acabou nosso Halloween e o nosso mês temático está chegando ao fim. Espero que vocês tenham gostado. Conta pra gente se gostariam de mais meses temáticos assim, seja de suspense, romance ou qualquer outro gênero. Amamos fazer e trouxemos quotes de livros bem trevosos.
Giovanna
“Havia algo maligno naquela casa, naquela floresta. De manhã, quando encontrou uma galinha morta na granja, Anna teve certeza disso” (GRUBER, Daniel. A Floresta, e-book).
Luana
“Para os acometidos pelo pavor de visitar reinos sombrios em seus pesadelos, sofrer nas mãos de uma manipulação farmacêutica era menos nefasto do que ser manipulado por palavras demoníacas” (DEBRITO, Marcos. Apocalipse Segundo Fausto, p. 97).
Natalia
“O mundo está descendo pelo ralo e tudo que a gente consegue dizer é 'que droga'. Acho que pode ser que a gente também esteja descendo pelo ralo” (King, Stephen. Com Sangue, e-book).
Aviso: essa obra contém cenas de abuso que podem gerar gatilhos.
Ana Schutz, criada a vida toda debaixo da asa do pai pastor, é forçada a casar com um homem grotesco e rude que apenas a maltrata e a proíbe de tudo, obrigando a viver uma vida regrada, sem divertimentos e infeliz. Até que certo dia, Ana faz uma amizade diferente e coisas novas começam a acontecer em sua vida. Coisas estranhas. Coisas...sombrias.
No século XIX, as mulheres eram obrigadas a se casar para poder viver. Da subserviência ao pai, depois o casamento. E ao seu marido, ela deveria se manter fiel e até o seu casamento, virgem e pura. Enquanto ao homem? Nada disso era exigido. Pelo contrário. Trair atestava sua virilidade. Era mal visto uma mulher sair à rua a noite, - a não ser que a ida fosse à Igreja -. Ter uma amiga? Jamais. Tudo o que a mulher fazia deveria ser acompanhado. Era tudo regrado. Não era vida. E tudo deveria ser feito apenas para prazer de seu homem, não importa o quanto fosse horrível ou infeliz. Era realmente uma condição obscura e depressiva.
“A luz do lampião projetou sombras disformes na parede, como uma dança macabra no interior de uma primitiva caverna. Anna sentiu como se houvesse outras pessoas no quarto, mas não havia ninguém. Um dia, talvez, ela tomasse as rédeas de sua propria vida, mas não seria naquela noite. Naquela noite ela estava sozinha, como sempre estivera até então.”
Em A Floresta, o autor Daniel Gruber não economizou em nos demonstrar esse abuso sofrido pelas mulheres. De uma maneira bem perturbadora e triste, ele nos traz a verdade nua e crua para que fique grudada em nossas cabeças e percorra em nossas mentes. Cada capítulo, uma agonia diferente que te mantém preso e inerte na história querendo apenas terminar e torcendo por uma vingança e ao mesmo tempo, com calafrios da floresta que rodeia a história. Afinal, qual é o mistério envolta de tudo isso? Não consegui distinguir o que foi maior. A agonia ou a curiosidade.
Neste folk horror temos o terror sombrio e fascinante, a amizade, a vingança, o mistério, o ocultismo, dentre outras experiências viciantes a espreita.
Se eu recomendo? Acho que estou sem palavras para dizer o quanto amei esse livro. Traz tantas reflexões, tanta história, arte, engenho... coisas que necessitam serem analisadas cuidadosamente. Apenas aviso que é cruel. Sabendo disso, vá fundo e entre na floresta, mas... “Se você entrar na floresta, a floresta entrará em você.”
O arqueólogo Pedro Gilga vai parar em um local esquecido por Deus - uma ilha misteriosa assombrada por lendas e que aparentemente é um campo minado, literalmente. As pessoas que o rodeiam nesse meio tempo o ajudam a desvendar muitos dos segredos que permeiam essa ilha, e é notório como cada personagem possui uma certa peculiaridade: Ceolfrido, um rapaz supersticioso que enterra ovos crendo que isso trará algum tipo de salvação; uma “disputa” entre padres locais; algumas mulheres alegando que aquele solo foi palco da Segunda Guerra Mundial, entre outros.
O autor entrega uma premissa bastante original, haja vista estamos falando de fatos históricos – Segunda Guerra Mundial – se passando literalmente em solo brasileiro. E pensa em um solo recheado de mistérios! A ilha sem nome, onde possui um ‘solo explosivo’ é impressionante e de arrepiar.
“A principal história era que a ilha era amaldiçoada. Outra, bem popular, era que tinha pólvora de navio pirata por toda a ilha. Havia uma que dizia que os diretores do presídio mandaram colocar minas terrestres dentro da floresta.”
Ainda que eu tenha demorando um tempinho para ficar de fato imersa na trama, a partir de aproximadamente 40% de leitura já senti uma enorme evolução e um suspense excelente começando a fluir. Mas isso não significa que o livro ‘comece parado’, muito pelo contrário, existe ação quase que o tempo todo, porém demorei me conectar devido aos muitos personagens no início, até o famigerado momento em que nos acostumamos com eles.
Os mistérios sobre da ilha - que pode até mesmo ser classificada como ‘um personagem’ de tanto que rouba a cena - são únicos. Mas esse não é o único fato interessante, também há relatos de mulheres que desapareceram sem explicação desde meados de 1930, e alguns capítulos são em formato epistolar com cartas que aparentemente podem ser de alguma delas. Ninguém sabe o que aconteceu, nem como aconteceu, só se tem uma data e muitas especulações.
Não senti “Solo Raso” ser um livro que tenha como objetivo fazer o leitor se apegar aos personagens ou coisa do tipo, mas pode ter certeza que a história do mesmo é uma das mais originais que lerá. Os momentos no que popularmente chamam de “Floresta da Morte”, onde o solo é um campo minado, foram as minhas favoritas.
“Se um ser humano faz tanto mal, imagina um monte deles?”
O autor entrega uma trama muito rica em informações minuciosamente pesquisadas para a construção do livro, e muitas delas são mostradas e ilustradas ao final da obra, um detalhe muito interessante, somado ao fato de ser formado por capítulos curtos, um ótimo fator para fluidez do texto. O livro está disponível em e-book na Amazon e no Kindle Unlimited, ou em edição física diretamente com o autor.
Olaaar! Tudo bem com vocês? Como estão passando durante o melhor mês do ano? Muitas leituras trevosas?
Hoje trouxe um post especial com dicas infalíveis de leituras perfeitas para o resquício de outubro que ainda nos resta ou para qualquer data porque esses títulos são bons demais para serem deixados de lado. E o melhor de tudo: 100% nacionais. Dividi essas dicas em duas categorias, uma dedicada exclusivamente aos que transformam a arte de matar em uma experiência gourmet (Hannibal) e outra categoria dedicada àqueles que são mais chegados num psicológico perturbado (Psicose).
Categoria Hannibal:
Minhas mãos estão sujas de Sangue - Babi Lacerda
Uma antologia com sete contos impecáveis, é até difícil escolher um favorito, vai por mim… Aqui temos alguns personagens sedentos por sangue (assim como por órgãos), um pezinho no thriller, uma pitadinha de fantasia com girl power e também um terrorzinho psicológico (portanto, insira automaticamente esse livro na categoria Psicose também). Não tem erro.
Jantar Secreto - Raphael Montes
Bem, se você ainda não conhece a escrita do Raphael, eu apenas posso sentir muito. Jantar Secreto, em especial, te faz de trouxa praticamente até a última página. Aqui você será apresentado ao vício pela carne de gaivota e eu te desafio a descobrir o grande vilão antes dele ser desmascarado.
Fome - Iza Artagão
Por hora, disponível apenas em versão e-book, mas logo menos, em novembro, estará disponível também no formato físico via Catarse, vocês não perdem nadinha por esperar! Será uma tarefa árdua não se apaixonar pela Izzy e dar razão aos atos dela. Se você gosta de sushi vai amar esse livro, e se não gosta (assim como eu), vai amar igualmente.
Categoria Psicose:
O Sorriso da Hiena - Gustavo Ávila
Na primeira cena desse livro já me tornei fã número 1 do Gustavo Ávila. A forma como ele nos engana é diferente… Nesse livro somos apresentados ao Artur Veiga, um detetive super carismático que nos conquista na hora. Não existe dó nem piedade nessas páginas.
Quando a Luz Apaga - Gustavo Ávila
Seguindo com o mesmo autor, aqui temos novamente uma história com Artur Veiga e podemos ver uma evolução na escrita do Ávila (que, se já era ótima, vocês imaginem agora). Apresenta uma temática muito forte e, assim como o anterior, somos enganados até o fim. Um dos últimos livros que me fizeram chorar, tenho um lugarzinho no peito especialmente pra ele.
Dias Perfeitos - Raphael Montes
Não tão imprevisível quanto Jantar Secreto, mas ainda assim deixa o psicológico abalado e te obriga a ler obsessivamente até o final (note a piadinha nas entrelinhas). Promete altas emoções numa leitura rápida. Também nos remete muito a O Colecionador, um dos meus livros favoritos da vida.
Agora, sabendo a sua preferência e o que você vai encontrar, escolha a sua categoria e se jogue nessas dicas infalíveis!
"'Gostaria de saber', disse para si mesmo, 'o que se passa dentro de um livro quando ele está fechado. É claro que lá dentro só há letras impressas em papel, mas, apesar disso, deve acontecer alguma coisa, porque, quando o abro, existe ali uma história completa. Lá dentro há pessoas que ainda não conheço, e toda espécie de aventuras, feitos e combates - e muitas vezes há tempestades no mar, ou alguém vai a países exóticos. Tudo isso, de algum modo, está dentro do livro. É preciso lê-lo para saber, é claro. Mas, antes disso, já está lá dentro. Gostaria de saber como…' E, de repente, sentiu que aquele momento tinha algo de solene.' Endireitou-se no assento, pegou o livro, abriu-o na primeira página e começou a ler A História Sem Fim."
E é com essa passagem incrível que começa uma das histórias mais nostálgicas que você poderia encontrar. Seja para você que já viu o filme em algum momento na Sessão da Tarde ou para você que lembra como é a emoção de encontrar mundos novos em um livro e se perder na leitura.
A História Sem Fim é um livro de fantasia que recomendo para absolutamente todos. Vou dizer o porquê.
O livro vai contar a história de Bastian Baltasar Bux, um garotinho gordinho que acaba entrando em uma livraria para se esconder de outros garotos que o perseguiam. A loja pertence a Koreander, um senhor estranho que não gosta de crianças. Os dois começam um diálogo e no meio tempo o telefone da loja toca. Ao ir atender, Baltasar acaba sendo atraído pelo livro que o velho tinha na mão o que faz com que o jovem se precipite e acabe roubando o livro, indo se esconder na escola para lê-lo sem parar. E é aí que a aventura começa.
Mas se engana quem pensa que o personagem principal é Bastian, (pelo menos não no ínicio). A História Sem Fim basicamente se divide em duas histórias, sendo a jornada de Atreiú a primeira. Já na segunda, aí sim vamos ter Bastian como principal. Quando Bastian começa a ler, nós vamos acompanhar as aventuras de Atreiú, um jovem guerreiro de uma tribo que é convocado pela Imperatriz Criança para poder descobrir como salvar o mundo de Fantasia do Nada. Isso mesmo, o Nada é o vilão, o mundo de Fantasia vai sumindo a cada dia e cabe a Atreiú descobrir o motivo.
Essa parte do livro é, a meu ver, simplesmente fascinante, me fazendo favoritar o livro antes mesmo de finalizá-lo. É uma parte extremamente metalinguística, em que, como eu falei, não é Bastian o personagem principal, nem mesmo Atreiú, mas sim o próprio livro, a própria fantasia (no sentido de imaginação) e o poder que nós temos de criar histórias.
É impossível não sentir uma vibe meio Nárnia ao ler esse livro. Criaturas de todos os tipos, um mundo onde o “protagonista” vai parar lá, uma imperatriz que é a representação de Deus, entre outras inúmeras coisas nas quais alguém poderia facilmente fazer altas dissertações e artigos literários baseados nessa obra. Só que, na minha opinião, esse livro é até melhor que Nárnia. A obra de Lewis é mais voltada para a questão religiosa, enquanto aqui, apesar de ter certa relação, a mensagem principal é… Histórias salvam.
Por isso a questão da nostalgia, é impossível não lembrar dos primeiros livros que a gente leu na vida e se empolgou, que nos fez grudar nesse mundo literário. E me desculpem os outros gêneros, mas aqui podemos ver o poder que tem a Fantasia. Todos os outros gêneros literários nos transportam para uma história, isso é fato e não nego, mas a Fantasia é diferente. Ela é ilimitada, ela cria mundos, criaturas, realiza todos os seus desejos e tudo é possível, possibilitando uma infinidade de mundos onde você pode ler e ser quem você quiser.
Por isso acredito que esse livro deveria ser lido por todos, e, quem sabe, principalmente por aqueles que estão iniciando na leitura e os que têm certo receio em relação a livros fantásticos. Mas, como eu disse antes, essa é apenas a primeira parte do livro. A segunda parte vai nos mostrar o outro lado dessa moeda, contando como percorrer outros mundos é incrível, mas que existem os perigos de se perder nela, que apesar de tudo não podemos esquecer quem nós realmente somos.
Nessa segunda parte, Bastian finalmente se torna o personagem principal, e começa a fazer parte da Fantasia. Ele ganha a possibilidade de transformar seus desejos em realidade, e a obra vai nos mostrando como isso pode ser perigoso, mesmo que você tenha boas intenções.
Uma passagem do livro que ilustra muito bem essa segunda parte é: "E nada tem mais poder sobre um homem do que a mentira. Porque os homens, filhinho, vivem de ideias. E as ideias podem ser sugeridas. Esse poder é o único que conta." Essa passagem é perfeita para demonstrar como o poder de realizar tudo, vai corrompendo Bastian, e como seus desejos podem ser moldados pelas ideias dos outros, fazendo com que se esqueça de quem ele realmente é.
Como nem tudo são flores, apesar de eu favoritar o livro, favoritei com 4 estrelas, isso porque essa segunda parte, apesar de também ser interessantíssima, acaba ficando um pouco alongada demais (o que chega a ser irônico reclamar de ser longo um livro que se chama A História Sem Fim). Não é nada que estrague a leitura, mas com certeza poderia ter sido um pouco menor, e querendo ou não, passa a ideia de um complemento, de que o livro poderia ter apenas uma parte.
Já em relação a edição, ela é belíssima. Cada capítulo começa com uma letra do alfabeto, e conta com ilustrações belíssimas. Além disso, a edição traz essa metalinguagem do livro através das suas letras, elas são verdades e vermelhas. A primeira representando a passagem por Fantasia e a segunda representando o “mundo real” de Bastian, assim como no livro de Bastian. É um detalhe pequeno, mas muito legal.
Mas vou terminar por aqui antes que vire “a resenha sem fim”. Recomendo demais esse livro, para todas as idades e amantes de todos os gêneros literários, e para aumentar ainda mais a nostalgia de vocês, fiquem com o trailer do filme.
Essa edição maravilhosa lotada de ilustrações incriveis conta com 4 contos originais do querido Washington Irving: A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça, RIP Van Winkle, O Noivo Espectral e O Diabo e Tom Walker. Ficou complicado escolher um favorito, mas acabei me identificando muito com RIP Van Winkle e senti uma conexão inexplicavel com o Cavaleiro, e é dele que falarei.
“Havia algo no silêncio melancólico e obstinado desse companheiro pertinaz que o intrigava e aterrorizava.”
O conto de A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça não é exatamente "assustador", convencionalmente falando, e também não é alegre como mostra a animação da Disney. Mas é certamente atmosférico e serve também como uma lenda urbana.
Há um humor negro sempre presente que torna o livro muito divertido, e as vívidas representações de cenas e personagens de Irving ganham vida de uma maneira atemporal. Os muitos vícios de Ichabod Crane por comida e pela mulher pela qual ele nutre um certo sentimento, são certamente, muito mais ousados aqui do que em qualquer uma das muitas adaptações cinematograficas que vi, e ele não é um personagem tão simpático (achei ele bem chato, pra falar a verdade), mas, de certa forma, essa versão original torna tudo ainda mais engraçado e extremamente bizarro.
Quando se pensa nos clássicos góticos do Halloween, é fácil ver o por que A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça se tornou um dos livros mais valiosos para ler nesta ocasião específica. Avistamentos assustadores à noite, contos de um fantasma decapitado, os eventos temidos do final, tudo se transforma em um trabalho bastante emocionante. Esta é definitivamente uma história que é melhor lida à noite, ou contada em voz alta para um pequeno grupo de amigos ou membros da família, assim como quem conto um belo conto de terror.
“Que formas e sombras temíveis cercavam seu caminho, em meio ao resplendor fantasmagórico e horripilante da neve noturna!”
Devo acrescentar que mesmo falando apenas desse conto em particular, todos os contos foram muito bem compostos e escritos. Curtos, mas cheios de detalhes, e extremamente profundos. Embora não sejam tão assustadores ou macabros quanto a literatura moderna pode ser, foi uma deliciosa sátira ao mundo da Nova Inglaterra após a Guerra Revolucionária. Mal posso esperar para ler mais sobre obras de Irving.
OBS: A historia teve muitas adatações no decorrer dos anos, mas apenas para esclarecer que a deste livro é a original, diretamente de Washington Irving.
Título: A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça e outros Contos
A Garota do Cemitéro é uma HQ escrita por dois autores famosos por suas obras de romances vampirescos. Charlaine Harris é escritora das obras da Sookie Stackhouse (com a série True Blood, da HBO baseada nessas obras) e Christopher Golden escreveu a história em quadrinhos da Buffy, a Caça-Vampiros. Don Kramer é o artista famoso por ter seus traços na Marvel e DC Comics, tendo trabalhado anteriormente em JSA, Batman e Detective Comics.
A trama da HQ segue a vida da "Garota do Cemitério", uma menina que é arrancada do porta-malas de um carro desconhecido e deixada para morrer por um homem vestido de preto em uma noite chuvosa. E esse lugar onde ele a deixou é o cemitério Dunhill. Quando ela percebe que não está morta, sente fome e sede, mas não sente nenhuma lembrança dos tempos ou eventos antigos, ou mesmo de quem ela é. Com medo de ir a qualquer lugar que não seja o cemitério que ela logo adota como seu futuro lar, todas as noites, ela observa o zelador cuidar de seus negócios, e começa a conviver nesta vida de medo e escondida nas sombras. Acaba sendo autodenominada como "Garota do Cemitério", rouba comida do zelador para viver e se esconde de todos. Dentre ladrões a adoradores do diabo que passam pelo cemitério, ela sente a situação dos mortos e as ações dos vivos, e em uma noite, acaba testemunhando o assassinato de uma garota por uma gangue de jovens do mal. Ela não pode se esconder para sempre e, com certeza, tem que se mostrar para que pelo menos uma pessoa possa entender o que ela está passando. Ainda sem ideia de quem é, de onde está sua família, ou mesmo saber seu próprio nome, apenas sabe ter a sensação de que adquiriu um poder que nem mesmo pensava que possuía.
Essa HQ tem um poder próprio. Não há super-heróis, apenas um horror e um mistério sobre uma garota tentando descobrir quem ela é e por que ela desenvolveu um novo poder peculiar. Harris e Golden parecem ter criado sua própria versão de O Corvo, de James O'Barr, e este é também, um conto de terror com uma boa dose de mistério. O enredo em si é simples, mas ainda sim, A Garota do Cemitério tem que descobrir todas as respostas antes que o homem que pensava que ela estava morta descubra que ela ainda está viva. Ela sabe que só tem uma questão de tempo para descobrir a verdade antes que todo o seu mundo desmorone ao seu redor.
A arte realista e as cores dramáticas são absolutamente perfeitas para a história. Na verdade, a arte de Kramer realmente conta a história por meio da linguagem corporal e das expressões faciais, porque o texto é mínimo. A arte por si só é particularmente bem-sucedida no desenvolvimento dos personagens.
Devo mencionar que a historia tem um toque de zumbi devido ao fato de que a vida da Garota do Cemitério gira em torno de um cemitério à noite e tem muito mais a ver com os mortos do que com os vivos, ou seja... imagens sombrias e representações de fantasmas e espíritos estão presentes. Este com certeza é uma ótima pedida entre os fãs de quadrinhos do gênero.
Título: A Garota do Cemitéro (exemplar cedido pela editora)
Suas famílias são inimigas… Mas será que é possível resistir a uma louca paixão?
James é louco por sua vizinha Julia… Julia brilha e se arrepia cada vez que esbarra com James… a combinação seria perfeita se suas famílias não fossem rivais há gerações. E, como se não bastasse, os dois são concorrentes no trabalho. Mas, mesmo com tudo jogando contra, quanto mais tentam resistir, mais forte fica o desejo. James e Julia entendem que precisam se manter afastados.
O problema é: como? J. Sterling, autora conhecida por seus romances incríveis, recria em Quase Rivais a maior história de amor de todos os tempos. Neste Romeu e Julieta dos tempos modernos, há alguns detalhes que se repetem, mas o que poderia ser diferente?
Resenha:
Em Quase Rivais, eu tive o meu primeiro contato com a escrita da autora e fui surpreendida de uma forma muito positiva.
Aqui temos uma gostosa releitura de Romeu e Julieta, onde James e Julia pertencem a famílias rivais e não podem, de forma alguma, se relacionarem. Nem mesmo uma amizade, pois os Russo são inimigos mortais dos La Bella.
Uma antiga aposta dos bisavôs de Julia La Bella e James Russo deu ruim e foi o que culminou a rixa eterna entre as famílias. E para piorar um pouco a situação, eles são vizinhos de terra e concorrentes nos negócios. Ambas as famílias atuam na produção de vinhos e sempre disputam premiações, aumentando ainda mais a concorrência entre eles.
Embora os dois tenham crescido sabendo que jamais poderiam ser amigos, sempre houve um sentimento escondido ali. James teve oportunidade de se declarar à Julia no passado, mas não foi bem recebido por ela. E por mais que tenha tido o seu coração esmagado pelo seu amor, ele nunca perdeu as esperanças. E agora, quando ele se sente ameaçado a ver o cara que odeia se aproximar da garota dos seus sonhos, ele resolve arregaçar as mangas. E, meus amigos, ele faz por merecer.
O livro é bem curtinho, de leitura bastante fluída e que você lê em, literalmente, uma sentada só. Eu comecei a ler o livro e só parei quando cheguei ao fim.
Sabe aquela leitura leve e gostosa, para equilibrar com leituras mais densas? Ou aquele cura-ressaca que às vezes precisamos? Pois é, Quase Rivais é a pedida perfeita!
E aí, já leram alguma obra da autora? Conhecem esse livro?
Me contem tudo!
Título: Quase Rivais (exemplar cedido pela editora)
Oi de novo! Para incentivar as leituras temáticas desse mês, irei indicar alguns thrillers de tirar o fôlego e, por que não, nos deixar com medinho também?! Escolhi livros que falam sobre cativeiro, perseguição, memória, saindo um pouco do sobrenatural e focando na maldade humana (que me causa muito mais medo). Pegue sua bebida e venha aproveitar essa listinha de suspense psicológico:
No Escuro - Elizabeth Haynes
Quem nunca desejou encontrar um bom partido? Catherine acredita que tirou a sorte grande até se ver dentro de um relacionamento abusivo e assustador. Imaginei que esse seria mais um suspense sobre uma mulher fugindo de seu companheiro, porém, ele vai além e nos entrega uma história que fala sobre obsessão e as perdas e consequências na vida da mulher.
Misery - Stephen King
Uma enfermeira salva o escritor de sua série favorita de um acidente de carro, porém, decide trancá-lo em uma cabana até que ele escreva outro final para os livros. O jeito como King fala sobre a relação entre escritor e fã é diferente e em algum nível de consciência, talvez você queira fazer o mesmo que a protagonista😣. A história é curta e fluída, mas não é fácil acompanhar Annie Wilkes e todo seu sadismo.
Flores Partidas - Karin Slaughter
Uma história sobre duas irmãs e um homem entre elas. Pensa numa autora que gosta de cutucar a ferida e expor tudo aquilo que nos incomoda, pois bem, lhes apresento Karin Slaughter. Esse livro é pesado, cheio de gatilhos e descrições gráficas, aborda um assunto assustador (ainda mais se você for mulher) e ainda assim eu sempre recomendo. Para mim ele fala muito sobre família, sororidade, respeito e como a vida das mulheres é frágil diante da maldade masculina.
Entre quatro paredes - B.A. Paris
"Às vezes o casamento perfeito é a mentira perfeita", essa frase presente na sinopse do livro explica muito bem sobre ele. Não conhecemos as pessoas de verdade, muito menos os relacionamentos delas, e Grace nos mostra sua vida infernal e todas suas tentativas de fugir dela. Assustador por imaginar quantas mulheres vivem numa situação parecida.
O Tribunal das Almas - Donato Carrisi
Um homem sem memória tenta descobrir o que aconteceu com Lara e uma mulher tenta levar sua vida após a morte de seu marido, em circunstâncias suspeitas. Esse livro é a própria definição de suspense psicológico, cheio de personagens complexos, reviravoltas e questionamentos sobre a maldade. Não gosto de falar muito sobre a história, melhor entrar nele sem saber nada e ir montando o quebra cabeça ao longo da leitura. Só digo que é um dos livros com final mais surpreendente que já li.
Antes de Dormir - S.J. Watson
Todos os dias Christine acorda sem saber onde está ou quem é o homem ao seu lado na cama; diariamente ela descobre que sua memória some ao dormir e seu marido, o desconhecido, lhe conta sobre a vida deles. Até onde essa mulher pode acreditar nessa história e como é possível confiar no outro se sua memória tem prazo de 24 horas? Um livro surpreendente que usa a memória como força motriz, algo trivial, mas que nos deixa assustados e ansiosos.
Não é uma lista com títulos novos, porém, garanto que cada um deles vale a leitura e você irá ficar sentado na pontinha da cadeira do começo ao fim. Espero que gostem das indicações e aproveitem para deixar a sua aqui também. Até a próxima.
Olá, pessoal! O Sessão da TARDIS em especial do mês do Halloween vem contar para vocês um pouquinho sobre o filme Maligna que assisti pelo Prime Video.
Confesso que comecei esse filme com baixa expectativa, mas, ao assistir, encontrei uma obra bem construída e bastante envolvente.
Aqui temos Ellie, a garota prodígio, que com apenas 9 anos está condenada à cadeira elétrica. Ela é uma aberração aos olhos do Exército. Quando uma agente procura o psicólogo Dr. Fonda, busca nele uma solução para desvendar o caso da menina, em uma última chance de salvá-la do corredor da morte.
E então o filme é narrado em sua quase totalidade dentro de uma sala de um prédio especializado, onde estudam o comportamento de Ellie. Dr. Fonda não entende incialmente por que uma garotinha de olhar doce pode precisar de camisa de força e uma máscara de proteção bem estilo Hannibal Lecter.
O suspense do filme gira em torno do que a garota fez para merecer tal punição e quais foram as suas motivações para praticar o ato.
É um filme relativamente curto, com pouco cenário e elenco. Mas as conversas que Ellie tem com o psicólogo são tão precisas e determinantes que você não consegue desgrudar da tela até descobrir qual o segredo dessa garotinha.
É um bom filme para quem gosta do gênero e tem medo de filmes de terror mais pesado, mas confesso que tomei alguns sustos durante o filme. Uma ótima dica para esse mês trevoso!
E aí, já assistiu? Tem vontade de assistir?
Me contem tudo!
Assista ao trailer do filme:
Criadores: Alex Haughey e Brian Vidal País de origem: EUA Distribuição: Prime Video Filme
Sessão da TARDIS. O título faz referência à “TARDIS”, cabine telefônica e nave do Doutor na série Doctor Who. Nada mais justo do que uma junção de uma série clássica e aclamadíssima para nossas tardes aqui indicando séries que gostamos, não é mesmo?!
Olá, leitores. Em ritmo de Halloween, não poderia deixar de fazer uma resenha sobre algum livro do King. Certo? Ainda teremos mais. E para começar vamos falar de “N.”.
“N.” é um conto do Stephen King que a DarkSide publicou em formato HQ, depois vou falar da edição (mas nem precisava). Segundo o próprio autor, foi inspirado na novela “O grande Deus Pã” de Arthur Machen.
Sobre a história, certamente você ficará alguns dias refletindo sobre ela. É pesada e perturbadora. No início dela, já sabemos que o doutor Bonsaint, psicanalista, se suicidou e a sua irmã tenta descobrir os motivos que o levaram a fazer isso. O livro se desenvolve com documentos e relatos de Bonsaint assim como sessões de análise do doutor com o paciente N. – um homem que sofre um sério problema de TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo).
Durante a leitura, vamos entendendo e nos familiarizando com os problemas de Bonsaint e de N., conforme a obsessão do protagonista por uma formação de pedras no estilo de Stonehenge se aprofunda, são as pedras do círculo de Ackerman’s Field, um lugar remoto e sombrio que N. encontrou enquanto tirava fotografias. Afinal, são quantas pedras que tem ali? Sete ou oito? Existe um círculo do mal ali, e ele sente a necessidade de contar e organizar esses números. Seria realidade ou é algo sobrenatural fruto de sua imaginação?
N. é levado a um misterioso caminho sem volta. É tão sinistro que não sabemos o que vai acontecer, mas vindo de King pode acontecer tudo – e isso, meus amigos, torna a leitura tão fascinante e surpreendente. É isso, eu não vou falar mais sobre a história para deixá-los curiosos. Só posso dizer: leiam!
Falando sobre a edição, a capa é dura, tem uma proteção como se fosse uma jacket que envolve todo o livro, e eu nem sei dizer se esse nome é o certo, tá? Por isso coloquei “como se fosse”. A DarkSide arrasou nos detalhes. As folhas são foscas e grossas. A arte gráfica do Alex Maleev (ilustrador de Mulher-Aranha e Demolidor) não deixa nada a desejar, consegue nos passar as palavras de King num tom sombrio em seus traços, e a escuridão, presente nas páginas, deixa tudo mais aterrorizante. O roteiro ficou por conta de Marc Guggenheim (que escreveu X-Men, séries, jogos e filmes) e adapta muito bem a atmosfera sombria do conto de King.
É uma edição para se ter na estante, sem dúvidas. E se você gosta de histórias misteriosas e tem muita vontade de ler os livros do King, mas não o faz por causa dos tamanhos das obras, recomendo muito essa HQ. É pequena, agradável e não é um terror pesado que te deixará sem dormir. Pode apostar!
Lançado no dia 22 de Agosto, Child’s Play é uma adaptação bem moderna de Child's Play, de Don Mancini, o famoso brinquedo assassino. Nesta nova versão, conhecemos o outro lado de Chucky - um meio termo entre inocência e crueldade - que chega a ser bem diferente da versão original de 1988.
Chucky agora é um boneco da marca Buddi, acoplado de uma inteligência artificial criada por uma empresa tecnológica chamada Kaslan, que preza pela integração total de seus serviços. Notamos que essa empresa domina basicamente toda a tecnologia existente na ambientação do filme, demonstrando certa obsessão no consumo desenfreado em massa da mesma. Soa familiar? Sim, eu também achei bem Black Mirror - os fãs dessa série, inclusive, talvez gostem dessa nova versão do slasher. Então, é claro que nosso amigo Chucky acaba indo além das funções lúdicas. Como "o seu melhor amigo", ele executa ações básicas, como apagar e acender luzes, ligar e desligar a TV, lembra você dos seus afazeres e até aciona apps para pedir uma pizza ou solicitar um uber - tão inovador que nem necessita de motorista, até parece uma Alexa. (medo).
“You are my Buddi, until the end. More than a buddy, you're my best friend. I love you more then you will ever know. I will never let you go.”
É interessante notar na trama do filme que o Chucky não “nasceu” cruel de forma arbitrária. Ele apenas passou por um processo de espelhamento do comportamento humano, no qual ele baseia todas as suas ações no desejo de seu dono, de uma forma para agradar, banalizando a violência sem recorrer a ambiguidade, fazendo com que suas motivações sejam entendíveis diante da crescente insatisfação de seu dono. Lógico que se você disser para o boneco que você queria que “tal” pessoa sumisse, o que você acha que ele iria entender? Na lógica do boneco, não existe uma separação entre ficção e realidade. Um cena que achei sensacional para exemplificar bem o "aprendizado" do boneco, foi ver seu dono assistindo a filmes de terror e gostando, logo, o boneco entende isso como certo...exatamente como uma criança, ele precisa ser ensinado do que é certo e do que é errado.
No fim das contas, Chucky é mais assustador por sua inteligência do que por qualquer outro atributo. Uma personificação de Frankenstein, talvez? Outra criação da ambição humana que saiu totalmente fora do controle. Definitivamente, um filme de terror que valeu a pena ver, e trouxe uma forte reflexão sobre a nossa atualidade, como lidamos com a tecnologia e como lidamos uns com os outros. Recomendadissimo!
Criadores: Tyler Burton Smith
País de origem: EUA
Distribuição: Google Play
Filme
Sessão da TARDIS. O título faz referência à “TARDIS”, cabine telefônica e nave do Doutor na série Doctor Who. Nada mais justo do que uma junção de uma série clássica e aclamadíssima para nossas tardes aqui indicando séries que gostamos, não é mesmo?!