Sinal vermelho! Ele entra
Em cena, olha pros lados,
Ora a Deus e se concentra
Nos malabares jogados
Para o alto e, habilidoso,
Não deixando de sorrir,
Termina o show ansioso
Para alguém lhe aplaudir.

Já tive a oportunidade de ler a primeira obra de Leandro Andreo, Ivvi, e, quando recebi o convite para conhecer o seu segundo livro, sabia que coisa boa estava prestes a surgir. Foi melhor do que imaginava e me surpreendeu por não ser apenas poesias doces e tristes para a sua eterna musa dos sonhos de todo poeta. Dessa vez, Leandro caprichou nas doses de veneno.

Quem é escritor e amante de poesias entende a dificuldade de encontrar pessoas que gostam dessa área. Acredito que escrever seja tão difícil quanto achar alguém que goste de ler poesias. Sou suspeita em falar porque eu gosto dos dois e me enche os olhos quando acho um livro assim. A obra de Andreo surge exatamente dessa inquietação sobre a redução de leitores de poesias e não apenas isso, o autor também levanta questões de como a poesia é feita hoje em dia.


Pobre artista solitário,
Sai em busca do seu pão,
Das gorjetas, faz salário,
E das chaves, profissão.
Ele já nem mais se importa,
Quando alguém levanta o vidro
Do carro, trancando a porta,
Trancando-o por bandido.

Se eu pudesse definir a obra em uma palavra seria: desabafo. O autor usa poesias para fazer críticas construtivas e mostrar que muitos não valorizam a escrita brasileira, em especial, a poesia. É uma maneira de despertar aquele que está dormindo e de abrir os olhos daquele que não consegue enxergar muitas realidades.


Nesta obra, o poeta invoca as melhores tradições da arte poética, a qual é ardorosamente devotado. Seu veneno, ao contrário, é antídoto tentando neutralizar funestos modismos, com a finalidade de reintroduzir, no corpo dessa arte, a livre utilização de técnicas tão surpreendentemente suprimidas ou ignoradas por poetas contemporâneos.

Maquiagem caprichada
E com roupa de palhaço,
Sua face esbranquiçada
Cobre o medo do fracasso.
Ele sonhava que o circo
Era o lugar verdadeiro,
Mas fez do mundo um abrigo
E da rua, picadeiro.

Ao ler cada poesia, podemos refletir e captar o que Andreo quer nos passar. E, mais do que isso, ele consegue colocar o leitor no lugar dele e sentimos a aflição e até mesmo a desigualdade que um poeta passa.


O trabalho estético do livro foi muito bem feito. A capa é linda, a diagramação é bem feita e com uma letra confortável. A revisão dessa vez está impecável e só tenho a elogiar a obra em todos os sentidos. Indicação garantida, seja para você que gosta de poesia ou não, vale a pena conhecer o que Andreo tem a dizer a esse respeito.

Correndo, passa o chapéu,
Nem todos doam no fim,
Mas sabe do seu papel
E agradece mesmo assim. 

Outras fotos:




Título: Muito veneno e um pouco de lirismo (exemplar cedido pelo autor)
Autor: Leandro Andreo
Editora: Kazuá
Páginas: 102
Ano: 2015

19 comentários:

  1. Eu adoreeeei a resenha Naty!
    Tenho acompanhado resenhas desse livro e tenho me surpreendido...A leitura parece super fácil e leve...
    Qro mto ler e conhece mais a obra do autor...
    Bjs!

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    1. Ótimo, Aline.
      Esse livro foi um dos melhores de poesia que já li. Adoro livros que despertam críticas de forma construtiva.
      Beijos

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  2. Quando eu ainda estudava,sempre pegava na biblioteca livros de poema. E como eu gostava...
    Não sei em que momento deixei essa vontade passar.
    Tenho que voltar a ler novamente poemas.
    Gostei de sua dica! :)

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  3. Olá! Não é muito meu gênero livros assim, mas fiquei interessada. Vou procurar ler e tirar minhas conclusões né! Gostei da capa clean!

    http://www.leitorasvorazes.com.br/

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    1. A capa é divina, Lilian.
      Leia, mesmo não sendo o seu gênero preferido.

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  4. Amei o título do livro mas faço parte do grupo de pessoas que não gostam de poesia. Nunca li nenhum livro do gênero mas acho que é um tipo de livro que devo ler pelo um para realmente ver se eu não gosto, já que o único contato que tive com poesia foi nas minhas aulas de literatura no colégio.

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    1. Hahaha. É difícil achar alguém que gosta mesmo, Maíra. Mas acredito que todos deveriam ler.

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  5. Oi Naty, tudo bem contigo ???
    Menina, já faz muito, muito, muito tempo que eu quero vir te visitar aqui no seu cantinho, mas nesse mês que passou eu me atrapalhei toda toda e não consegui vir aqui. Hoje venho me redimir !!! Finalmente vim aqui te visitar !!! *-*
    Gostei de conhecer essa obra, já tinha lido algumas resenhas de Ivvy, mas não sabia que o autor havia escrito uma segunda obra. Adorei descobrir um pouquinho mais sobre ele e essa nova obra, sinceramente, acho que gostaria mais dessa do que da primeira !!! ^^

    Beijinhos
    Hear the Bells

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    1. Estou bem, Ryoko. E você?
      Fui lá em seu blog agora e quase te puxo pelos cabelos hahaha.
      Leia as duas e você vai amaaaaaar.
      Ivvy tem um jeito diferente dessa, mas ambas são lindas.

      Beijos

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  6. Oi!
    Adorei sua resenha! Gosto de poesias, sempre fazem bem ao coração e esse livro parece ter uma mensagem especial. Ainda não li nada desse autor, mas já anotei a dica. Obrigada. Beijos.

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    1. Anote sim, Márcia. E aproveite para ler. Você vai gostar.
      Beijos

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  7. Olá, Naty.
    Esse livro não está com a capa tão linda quanto a outra que você resenhou do autor, mas está bonita também. E como disse na outra resenha, poesia é meu último lugar de preferência de leituras, por isso não leria.

    Blog Prefácio

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  8. Eu confesso que sou destes leitores que não lê poesia, não me vejo sentando e lendo um livro, as vezes leio um poema ou outro mas é só. Sua resenha me mostrou muito bem a mensagem por trás do poemas escritos pelo autor, gostei muito, mas ainda não sei se leria.
    Abraço!
    A Arte de Escrever

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  9. Oii, Adorei a resenha, essa capa está linda.
    Confesso que fiquei bem curiosa para conhecer mais sobre o livro já que adoro poesia.
    Suas fotos estão perfeitas *__*
    Beijos!

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  10. Eu tenho gostado muito de poesia ultimamente, embora não seja uma das opções na hora de fazer uma compra. Gostei muito da resenha e gostei mais ainda de conhecer o livro, parece ser realmente ótimo.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/

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  11. Não gosto muito de livros de poesia , mas achei bem interessante!!
    Beijoss

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  12. Eu sempre digo que toda poesia,poema,conto ou crônica, tem a alma sim, numa espécia de desabado do autor ou autora.
    A poesia é tão linda por isso. Não apenas se decide escrever sobre algo,mas na poesia, há a vida da pessoa, suas dores, sentimentos e que gama de sentimentos há neste livro!!!
    Tão intenso, tão cru..e eu quero muito conferir.
    Beijo

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  13. Eu adoreeeei a resenha Naty!
    Tenho acompanhado resenhas desse livro e tenho me surpreendido...A leitura parece super fácil e leve...
    Qro mto ler e conhece mais a obra do autor...
    Bjs!

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