Eu gosto de adentrar em universos diferentes. Quando digo isso, não me refiro a apenas histórias distintas, gosto de gêneros que poucas pessoas estão acostumadas a ler, como coletânea de poesias, poemas e, claro, crônicas. Sou apaixonada pelas crônicas de Clarice Lispector, Caio Fernando de Abreu, Fabrício Carpinejar e tantos outros.
Embarcar nesse livro seria algo diferente, mas que não estou acostumada a lidar, que são crônicas em formato de cartas, muitas vezes, amorosas. Porém, aqui encontramos um misto de sentimentos e não é só o amor que tem o seu lugar – embora ele predomine grande parte do tempo.
Poderia falar de muitas, mas falarei apenas de uma, afinal, é interessante pegar o livro e ir degustando uma por vez, com surpresas, até mesmo para não ficar cansativo e enfadonho. A minha preferida é “Não morra engasgado”. E é, sem dúvidas, aquela que consegue te dar um tapa na cara e te fazer refletir durante horas, dias e, até mesmo, durante anos.
Quantos de nós morremos engasgados por não dizer aquilo que tanto nos incomoda? Aliás, não é só por isso que morremos. A gente morre por não demonstrar o que queremos. Perdemos uma oportunidade, não aproveitamos determinada ocasião simplesmente por... Medo?!
Já pararam para pensar quantas oportunidades são perdidas em nosso dia a dia pelo fato de não demonstrarmos o que queríamos? A gente morre engasgado, com o desejo trancafiado na garganta, o pedido sufocado que prende a respiração e, muitas vezes, a outra pessoa sofre a mesma coisa, esperando a iniciativa alheia.
Em seu livro, Hermann cita Bovolento: “quando a gente não diz o que sente, o outro vai embora sem saber que talvez tivesse um motivo para ficar” – e não é que é verdade?! Por não saber, as pessoas se vão. Quem vai ter bola de cristal para saber que tem motivos para ficar?
Quantos de nós acordamos bravos, sequer mandamos aquela mensagem amorosa, aquele “Bom dia” formidável. O medo nos impede, a garganta fechada obstrui nossa fala. E é assim que ficamos ao ler essa carta. Aliás, é assim que ficamos lendo boa parte do livro. Indagamos, nos preocupamos, sentimos agonia por deixar tanta coisa boa de lado, tantas pessoas boas passarem, quando na verdade queríamos que ela estivesse aqui, mas está a quilômetros de distância.
Finalizei essa primeira carta e mandei um trecho para várias pessoas, postei no IG e muitas me mandaram mensagens no Whatsapp e no chat do IG dizendo que estavam precisando ler aquilo, que não tinham coragem para muitas coisas, mas que aquele trecho precisava ser repassado. E assim foi feito. Um parágrafo que foi capaz de fazer vidas refletirem e analisarem o que estão fazendo para serem melhores, para demonstrarem o amor às pessoas.
A “Última Nota” (por final, última do livro) também é uma das que merecem destaque. Aliás, ela é como se fosse a junção de “Não morra engasgado”, é um complemento.
Nem todas as cartas no livro me chamaram a atenção, algumas achei bem previsíveis e outras não me agradaram por outros fatores. No entanto, preferi falar de apenas uma (ou duas, de forma simples) para deixar o leitor com gostinho de quero mais.
Sobre a edição:
A editora caprichou na estética. A capa possui relevo no título e é bem enfeitada. Dentro dele existem páginas coloridas, com fofurices e, em cada início de carta, existe o nome de uma música. A diagramação é bem agradável. Achei apenas alguns erros de revisão, nada que atrapalhasse a leitura.
Quotes:
“Se eu pudesse deixar um conselho: se atira, gente. Se atira, que é melhor encarar um naufrágio do que o espelho toda manhã, convivendo com o que não é e poderia ter sido, só que não tentamos para saber. Se atira, que lá embaixo, nas profundezas, o mar é mais bonito. Se atira que encarar as ondas é bem melhor do que permanecer assistindo a tudo da orla e vendo o barco ir embora. Se atira, que morrer engasgado deve doer pra caralho, e do outro lado pode ter alguém com o remo na mão te esperando pra navegar.” (p. 28)
“Quando isso acontece, percebemos que é hora de limpar o sangue seco de cima da pele e preparar uma visão inteiramente nova de nós mesmos para quem for construir a gente a partir de agora. Quando isso acontece, percebemos que não podemos jogar nos ombros alheios os ataques covardes que recebemos do mundo lá fora. Tudo o que precisamos - e de um pouco de amor para fazer com que essas coisas doam um pouco menos.” (p. 57)
Título: Tudo que acontece aqui dentro (exemplar cedido pela editora)
Autor: Júlio Hermann
Editora: Faro Editorial
Páginas: 192
Ano: 2018
Oi, Natalia.
ResponderExcluirAcho que através das cartas descritas pelo autor, podemos até mesmo sentir aquelas emoções vividas por ele. É algo bem singelo!
Verdade, Dai.
ExcluirDá para embarcarmos em suas conquistas e frustrações :D
Gosto de livros que nos fazem refletir e esse sem dúvidas é um desses!! Tem muitas coisas que as vezes gostaríamos de falar e fazer, acabamos por deixar para lá e é nessas que perdemos muitas oportunidades. Imagino que as outras cartas do livro trazem mais mensagens bacanas para refletirmos!!
ResponderExcluirTambém gosto de livros reflexivos.
ExcluirÉ sempre bom pensar e analisar as coisas, e ter uma leitura em mãos que nos ajuda nisso é sempre agradável.
Eu amo livros assim, que tem várias coisas para refletir e pensar. Essa edição está bem linda e me atraiu logo pela capa ☺ Os Delírios Literários de Lex
ResponderExcluirVerdade. A edição está bem fofinha para quem curte.
ExcluirOiii Natalia
ResponderExcluirPor enquanto te confesso que não é meu tipo de livro, mas acho que pra quem busca essa leitura que convida mais à refletir por meio de cartas, é uma dica boa, além disso, eu pelo menos adoro os livros da faro, acho a edição deles super bonita.
Beijos
www.derepentenoultimolivro.com
Olá, Alice.
ExcluirEu não gosto desse estilo, estou acostumada com uma crônica diferenciada.
Mas essa me surpreendeu.
Também gosto dos livros da Faro :D
Oi, Natália. Eu me identifiquei muito, viu! E adorei sua resenha! ;)
ResponderExcluirbeijos!!
https://ludantasmusica.blogspot.com.br
Eu adoro você só escrevi favor de cartas E esse tem cara de ser um daqueles bem reflexivas e gente que diagramação linda essa eu adorei essas páginas coloridas e ilustradas que tem nesse livro e eu gostei do fato de ter citações de músicas os capítulos adoro isso é igual a as batidas perdidas do coração
ResponderExcluirOi Nat, tudo bem? Que fotos lindas, amei cada uma!! Eu gosto de crônicas, mais que poesias confesso rs Gostei de serem crônicas em formatos de cartas e acho muito bacana quando os livros mexem com a gente dessa forma!!
ResponderExcluirBjs, Mi
O que tem na nossa estante
Faz tanto tempo que não leio crônicas assim (estou lendo "as crônicas de Nárnia") e eu confesso amar rs Fiquei bem curiosa para ler esse livro!
ResponderExcluirwww.vestindoideias.com
Naty!
ResponderExcluirBom nos aventurarmos em novas leituras.
Adoro crônicas.
Gosto demais quando os livros trazem cartas e se são de amor, mesmo que seja em diversos estágios do relacionamento, fiquei muito interessada na leitura.
Muito bom quando um autor, consegue tocar o leitor com uma história leve e de linguagem acessível.
Desejo uma ótima semana e um mês abençoado!
“Ando no traçado do tempo a procura de mim mesmo até hoje não sei quem sou, mas sou um caminhante e não um conformista.” (Augusto Cury)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA ABRIL – ANIVERSÁRIO DO BLOG: 5 livros + vários kits, 7 ganhadores, participem!
BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!
Oi, Natália
ResponderExcluirFalando sério eu não gosto de crônicas, nem poesia ou poemas então corro de narrativas assim, mas gosto de livros com cartas, acho legal a forma como o autor trabalha. Eu leria a obra somente por isso haha
Beijos
http://www.suddenlythings.com/
Olá,
ResponderExcluirRealmente, a edição está linda. Adorei só pelas fotos.
As crônicas parecem ter ótimas mensagens, principalmente a que te marcou. Fato é que a galera, hoje em dia, acha mais cool se mostrar frio do que demonstrar um sentimento bonito e positivo. Amei os quotes e nem preciso falar dessa capa.
até mais,
Nana - Canto Cultzíneo
Gostei da resenha Naty. Não sou lá muito fã de poemas e poesias, mas alguns livros acabam me cativando devido a intensidade de seu teor
ResponderExcluirBeijo!
www.newsnessa.com
Naty, não conhecia o livro. Mas achei bem interessante!
ResponderExcluirBeijo!
Cores do Vício
Achei legal esse livro pela forma como ele brinca com sentimentos e parece conseguir passar umas coisas boas pra gente. Deu vontade de ler e além de tudo isso parece bem fácil, daqueles livros que fluem bem. Gostei dele.
ResponderExcluirOi, Naty!
ResponderExcluirAchei o livro simplesmente lindo. Já tinha visto sobre ele antes de ser lançado, mas a sua é a primeira resenha que leio. Adorei a ideia de crônicas escritas através de cartas. Apesar de não ler esse gênero o livro me interessou muito e a edição está muito linda!
Beijos!!
Nerd Fox
Olá, Natalia.
ResponderExcluirEu já gosto de ficar na minha zona de conforto e raramente leio poesias e crônicas por exemplo. Esse é o tipo de livro que eu apreciaria se ganhasse, mas acho que comprar não vou. Essa carta que você citou pelo jeito é muito boa. Eu sou dessas que fica com a garganta fechada por qualquer coisa. E nem consigo me defender hehe.
Prefácio
Oi, Nat!
ResponderExcluirEu acho a capa desse livro tão linda <3
Eu sou uma pessoa que dificilmente lê algo diferente do que gosta, mas tem vezes que gosto de variar. Anotei a dica pra quando quiser fazer algo assim.
Beijos
Balaio de Babados
Oi, Nathy!!
ResponderExcluirGostei muito da edição que está linda demais!! Adoro ler crônicas e já tem um bom tempo que não leio algo do gênero, sem dúvida esse livro é bem interessante.
Bjos
É interessante e bem diferente esse formato de texto, em forma de cartas.. despertam uns sentimentos diferentes na gente..
ResponderExcluirwww.vivendosentimentos.com.br
Oi Natália! Eu achei este livro um amorzinho! E como a editora foi feliz nesta publicação! A edição está um mimo, caprichada e linda, dá muito mais vontade de ler com este cuidado!
ResponderExcluirBeijos Joi Cardoso
estantediagonal.com.br
Antes de tudo: AMEI as fotos! Segundo: gosto de livros assim, que não tem uma escrita convencional. Gosto muito de crônicas e vê-las em formato de cartas parece ser bastante interessante. A capa do livro é super fofa, acho que vai pra minha lista de desejados
ResponderExcluirEu já tinha visto o livro em fotos pelo Insta, mas não sabia que ele trazia cartas (ou crônicas). Achei a proposta bastante interessante, porque não é algo que se vê muito nesse âmbito literário, e os assuntos, pelo que pude perceber, são de bastante relevância e te fazem refletir sobre aspectos da tua própria vida, o que é sempre muito produtivo. A capa é uma fofura, e agora, sabendo do conteúdo do livro, acho que vale muito a pena a leitura.
ResponderExcluirBom dia Natalia,
ResponderExcluirSó leio resenhas positivas desse livro, no momento não estou lendo poemas mas aprecio bastante, essa capa é muito bonita, ótima resenha...bjs.
http://devoradordeletras.blogspot.com.br/
Fiquei com muita vontade de ler :)
ResponderExcluirBeijinhos**
Girls Just Wanna Have...
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOi Natalia, tudo bem!
ResponderExcluirNão sou muito fã de ler livros do gênero, mas pela sua resenha o livro parece trazer ótimas mensagens.
*bye*
Marla
https://loucaporromances.blogspot.com.br/
Oiee, nunca li crônicas nem livros de poesia, este último não me encanta, acho que nao tenho tanta sensibilidade para eles. Já o de crônicas eu acho que vou gostar, ainda mais esse que são cartas. As cartas me fascinam, elas trazem tanto sentimento, não só pela escrita geralmente cheia de emoção mas por parar, pegar o papel, a melhor caneta e se inspirar. Gostei da maneira delicada com que tu falou deste livro remeteu a um sentimento bom e de leveza.
ResponderExcluirOi Naty ;)
ResponderExcluirJá vi algumas pessoas comentando no stories que estavam lendo esse livro, e fiquei bem curiosa. Não sou muito fã de crônicas, mas pelo que você disse na resenha, o livro tem muitas mensagens que precisam ser lidas.
Só pelo nome já dá pra ver que “Não morra engasgado" é uma crônica forte, e adorei a sua mensagem perguntando quantas oportunidades perdemos por causa do medo. Me fez refletir!
Enfim, adorei a resenha e já quero correr na livraria e comprar o livro S2
Bjos
Oi Nah,
ResponderExcluirAo contrário de você eu tento não me aventurar em novos tipos de leitura por medo, quando me vejo lendo uma resenha como essa vejo o tanto que estou errada. Já li algumas resenhas sobre as crônicas, e por mais incríveis que tenham sido nada se compara aos seus comentários pelo pequeno texto, os quotes que escolheu eu já deixei anotado aqui, me encantei. Não há dúvidas de que pretendo ler o livro.
Beijos
Não sou fã de livros de reflexão, porém as vezes é legal sair do comodismo e ler algo que não lemos muito. Para mim esse livro é uma boa escolha.
ResponderExcluirOi Naty!
ResponderExcluirA leitura parece ser daquelas que nos marcam, nos fazem refletir e principalmente nos emocionar. Também é um livro pra ser lido devagar, pra ser aproveitado cada detalhe com calma. Parece realmente ser um ótimo livro.
Só pelo quotes já percebo uma boa escrita e a capa está magnifica.
Bjs
Olá, Natalia!
ResponderExcluirEu já tinha lido sobre esse livro e já li que haviam pessoas que inspiraram o Júlio a escrever as cartas e textos do livro. Ver que elas o inspiraram, mesmo que ninguém saiba quem elas são, é de arrepiar.
E não ter a coragem de expressar seus sentimentos, realmente nos mata com tudo engasgado na garganta, sem a devida chance de falar o que sente.
Um abraço!
Eu amo cartas! E até hoje, me dou o direito de escrever algumas a mim mesma, de vez em sempre. Sei lá, passei tantos anos fazendo isso a tios, primos..e isso foi se perdendo em meio a correria da vida, que sinto maior falta!
ResponderExcluirEste livro é de uma beleza incrível, capa, diagramação...e o formato.
Sim, vivemos uma vida inteira, muitas vezes, escondendo nossos sentimentos, aprisionando nossas palavras...
Uma leitura obrigatória!
Beijo
Que fantástico, já li algumas crônicas mas não assim em forma de cartas e sou extremamente apaixonada nelas. Acho até que deveríamos usa-las mais. Achei fabuloso esse tapa na cara que o autor nos da, realmente quantas coisas já não perdemos pelo medo de falar? Eu mesma sinto que já perdi muito. Com certeza lerei
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