Primeiro livro de contos de Joe Hill publicado no Brasil nos traz uma mistura de "isso vai ser bom" com "não gostei disso". Mostrando aparente evolução, "Tempo estranho" talvez seja o princípio da ascendência literária de Joe Hill, em se tratando do estilo narrativo, o que se mostrou diferente do que eu vi até hoje.

O livro é dividido em quatro contos e não tem como não pensar em "Escuridão total sem estrelas", do pai do nosso resenhado. Eles têm temáticas diferentes, abrangendo o sobrenatural, o real e o fantástico, o que de certo modo influencia bastante na escolha "do que eu mais gostei".

O primeiro conto "Instantâneo" é de temática sobrenatural. O princípio já mostra qual vai ser o assunto tratado e onde vai se encaixar a ideia do sobrenatural, mas quando pensamos no desfecho do conto, estamos ainda na metade dele. A segunda parte é como um "algum tempo depois..." e se torna outra história.

A ideia de existir um objeto sobrenatural que rouba alguma coisa dos seres humanos parece bastante batida, mas Joe Hill conduz a história perfeitamente de modo a deixar o contexto, até certo ponto, original. E o final, como pede o gênero, é bastante surpreendente. 


O segundo conto, "Cartegado", explora o real. São pessoas normais que têm em comum a posse de armas e o que podem fazer com elas. São pessoas que trabalham, têm vida dupla, casos amorosos e uma incrível capacidade de fazer merda. 

Por ser o único conto que explora o real, "Carregado" é bastante intenso. O numero de personagens é grande, é o conto mais longo, e Joe Hill inventa uma história que nos faz torcer para diferentes personagens a toda hora. Criou um contexto cruel, mas que reflete bem a mente perversa dos seres humanos.

O final... Sem palavras!

O terceiro conto, "Nas alturas" foi o mais fraquinho. Refletindo "Mestre das chamas", Joe Hill comprovou que ainda não está pronto para escrever fantasias. É uma história bastante viajada, monótona em várias partes e às vezes beira o infantil. É uma daquelas histórias que pensamos "se eu tivesse escrito isso, as pessoas ririam de mim".

O quarto e último conto "Chuva" é o que, no contexto, dá nome ao livro. Ele mistura realidade com ficção (pelo menos eu acho que é ficção) e nos traz um cheirinho de "A dança da morte", também do pai dele.


Após um evento (quase) apocalíptico, as pessoas começam a mostrar quem realmente são. Joe Hill explora, em pouco tempo, a consciência intranquila dos personagens e suas atitudes ante um evento que não podem controlar ou explicar. 

Ele é narrado em primeira pessoa por Honeysuckle, uma jovem lésbica, gatilho para Joe Hill explorar a temática homoafetiva e combater o preconceito na história.

Dadas as temáticas diferentes, cada conto tem sua cadência, sua linguagem específica e principalmente seu estilo narrativo. Como eu adiantei no início, é um dos livros do Hill mais gostosos de ler. Principalmente em relação a "Mestre das chamas", a evolução é marcante e, talvez por serem contos, existe um "deixa disso" para o excesso de coisas inúteis.


Título: Tempo estranho (strange weather)
Autor: Joe Hill
Editora: Harper Collins
Páginas: 446
Ano: 2019
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11 comentários:

  1. Filho de peixão, peixinho ainda é! rs
    Apesar de conhecer bem pouco ainda das letras de Joe,gosto muito. Mas penso(sou bem leiga em avaliações) que ele ainda tem muito que aprender e não falo somente pelo pai que tem não, Pelamor com comparações!
    Ele é ele e ponto final.
    Eu amo contos e Escuridão Total do Mestre é um dos meus livros favoritos, por isso adorei conhecer esse trabalho do autor e ter esse formato de contos. Claro que não poderia ser diferente no estilo ter um melhor que o outro!
    Resumindo, eu quero muito ler essas quase 500 páginas sim!!!

    Abraço
    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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  2. Oi Marcos, então... nunca li nada do Joe Hill, e provavelmente não será por esse que vou começar hehe
    Preciso comentar, se esse seu poster da Guerra da Trindade cair saiba que foi minha inveja que descolou ele :x
    Abraço!!

    http://hiattos.blogspot.com/

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  3. Olá! Pela resenha, o segundo conto (Cartegado), foi o que mais chamou minha atenção, pela sua proximidade com a realidade (fujo um pouco do sobrenatural!), afinal se tem uma coisa que alguns seres humanos possuem (infelizmente) é uma mente perversa né, a edição parece estar linda, gostei bastante dessa capa.

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  4. Imagino o peso de carregar o título de filho do King e ainda sim ser escritor autor.
    Acho que pela convivência e familiaridade é normal, pelo menos no início, semelhança na escrita.
    Apesar de achar interessante não tenho vontade de ler.

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  5. Muito bom seu artigo e de muito bom gosto.

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  6. Naõ costumo ler esse genero ,mas não se pode comparar os dois autores .afinal King é chamado de mestre do terror .
    mas tambem já vi elogios a obra do JOE ,mas mesmo assim percebe que falta um longo caminho para o filho ter o mesmo estilo de escrever do pai ,talvez nunca tenha e é super normal isso ,porque cada um é cada um .

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  7. Marcos!
    Logo no início você disse: "traz uma mistura de "isso vai ser bom" com "não gostei disso"." E ai comecei a ler sua resenha, achando que não iria gostar desse estilo do autor de escrever em contos, mas pelo que percebi, apenaas um conto não foi tão bom no seu ponto de vista, mas ainda assim, oi bom.
    Gosto muito quando os autores tracam um pouco seus estilos e diversificam.
    cheirinhos
    Rudy

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  8. Curto muito seus posts, são muito bem criativos e interessantes.. Sempre estou aqui lendo e compartilhando com minhas amigas...

    Beijos 😘.

    Meu Blog: Ana Clara

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  9. Não curto livros de contos e não conheço a escrita do autor, mas gostei bastante dele trabalhar a diversidade. Os contos parecem ser bem interessantes. Não consegui deixar de reparar nos posters no fundo, todos lindos!
    Beijos

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  10. Olá!
    Não li nada dele, mas já vi muitos falarem bem da historia e escrita dele. Não sou muito fã de contos, mas até que fiquei curiosa por esse.

    Blog: Tempos Literários

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  11. Não sabia que esse livro era de contos pela quantidade de páginas, mas é bom saber, assim terei um olhar diferente para esse livro. Acho que vale muito a pena ler esse livro brevemente.

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