Holocausto, 4 de novembro de 2010.

Meu caro,
Sei que é muito provável que você fique intrigado ao ler esta carta e se já chegou até aqui, foi movido pela curiosidade do que eu pudesse informá-lo.

Os dias aqui não têm sido fáceis e, a cada minuto, sinto saudade da temperatura do meu corpo quando estava em contato com o teu. Lembro quando você me chamava de pequena e corria para perto de mim. Envolvia-me nos teus braços fortes e eu sentia a pessoa mais protegida do mundo. Você, então, passava a mão em minha face, deslizava-a em meus cabelos e percorria por todas as curvas existentes em meu corpo. Ele está aqui, à sua espera, mas é muito provável que não queira amar-me mais, depois de tanta coisa que tenho a confessar.
Procurei tantos recursos, tantas pessoas que pudessem me ouvir, mas o único que confio e entregaria a minha vida é você, meu caríssimo amor. Preciso te contar, mesmo que isso cause o seu desgosto, seu desprazer pela sua baixinha e querida menina.
Há uma semana “saí” de São Paulo (preciso usar o verbo “sair” porque estou tentando me conformar com o que fiz). Foi uma saída secreta, ninguém soube e até agora ninguém sabia, a não ser você agora.
Tive uma discussão séria com mamãe. Ela forçou a barra. Não confiou em mim, desprezou-me, disse coisas horríveis, xingou-me de tudo que não merecia e ainda, para piorar toda a situação, disse que eu era uma “garota da vida”, nem entendi o porquê. Sou virgem até hoje, mesmo tido tantos momentos quentes de prazer com você. Lembra-se da nossa promessa em casar-me virgem ao seu lado, no altar? Então... Ainda sou, estou esperando por ti.
Depois de tanto desabafo, ela ainda deu-me um tapa na cara. Foi forte, desesperador e meu sangue subiu, ferveu e eu matei-a. Estávamos na cozinha, eu estava encostada na pia. Fiquei de costas pra ela, por alguns instantes, e peguei a faca. Não resisti e penetrei-a em seu peito. Pude notar a dor que ela sentia, ao contemplar-me com seu olhar frio, mas ainda desesperador. Suplicava socorro e quem acabou sendo fria foi eu, em deixá-la cair e seu sangue escorrer pela cozinha, encharcando o piso que ela tanto velava para que ninguém o sujasse.
Eu nunca, em toda minha adolescência, insinuei para algum cara e não é hoje, na minha fase adulta que o faria. Ela desafiou-me. Sei que o que ela fez não justifica o que fiz, mas agora não há o que fazer.
Estou longe daí, precisei fugir para não ser pega. Não pude vê-lo antes, peço que me perdoe, mas ainda o amo e agora só tenho você, se ainda quiser-me.

Daquela assassina, mas que não é capaz de matar esse amor.

24 comentários:

  1. MEDAAAA..... rsrsrs
    cuide deste instinto assassino. Mas ontem, devido uma situação, se este alguém estivesse na minha frente, acho que matava também.
    Ainda bem que "de vez em quando" somos racionais!! rsrsrs

    BeijOs flor*-*
    http://www.evesimplesassim.blogspot.com/

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  2. Darling, darling, sútil penetrante e mesmo assim forte! Gostei muito sumida rs. beijos adorada. bom fim de semana

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  3. Olá, amiga
    Passo pra desejar-lhe excelente fim de semana com paz e alegria.
    Bjs e o meu carinho de sempre.
    Triste história acima citada. Pena!!! Sei que tem histórias parecidas por aí... "perdidas"...

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  4. Te indiquei para o meme http://vouvivendoavidalevemente.blogspot.com/2010/11/only-seven-things-about-me.html ;*

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  5. Meu Deus, que coisa forte!
    Mas adorei os detalhes, muito bem escrito.
    Menina toda trabalhada em assassinato ! rs *medo*
    E oh, aproveita! Hoje é sexta.. Dia de.. ?! rs

    Beijoo

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  6. Nossa, que medo de você! HUAUHA.

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  7. Menina Naty!

    Me diz, quando seremos presenteados com um livro teu, hein?

    Ótimo fim de semana pra vc.
    Deus seja contigo!

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  8. Ele teria a amado até morte, do pior jeito possível...

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  9. Cara, me surpreendo demais com teus textos. Como pode, menina? Arrasou!

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  10. Adorei o layout novo. Tudo muito fofo por aqui...rs

    Beijos!

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  11. Fiquei surpreso com o final. E eu adoro ser surpreendido em contos...
    Você descreveu brilhantemente o que ela estava tentando dizer, a forma como o amava, a certeza que era ele quem era queria e esperaria... Muito bom!

    "Ele está aqui, à sua espera, mas é muito provável que não queira amar-me mais, depois de tanta coisa que tenho a confessar."


    Beijo e (de novo) Parabéns!

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  12. Olá Naty
    Recebi o seu recado e o comentário. Obrigado
    Bjux

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  13. Minha Florrr Naty...
    Escolhi teu blog pra receber um selo!!
    Passa lá pra pegar e segue a regra tá??
    Avise qdo pegar!

    BeijO*-*
    http://evesimplesassim.blogspot.com/2010/11/dez-coisas-que-eu-amo.html

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  14. Oi Naty

    Tenho recebido sim teus comentários.

    Bjs

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  15. Naty
    Fiquei assustada com esse momento assassino que tomou conta de você!
    Ainda bem que é só uma carta.

    Beijos

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  16. Naty, você é demais:

    "Daquela assassina, mas que não é capaz de matar esse amor."

    Esta frase define com exatidão a complexidade do ser humano. Maravilha!

    *Dilmocréia Rousseff, Dilma Roskoff. DILMAMATA Rousseff ( palavras de Agamenon no texto Audácia do Boff , no jornal O Globo). Ri muito com este texto rsrsrs.

    Beijos, filhinha linda, inteligente e talentosa

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  17. Acho que já li essa carta e NATALIA, medo pavoroso de ti! Vai que tu me dá uma facada virtual?

    UEHUEHEUHEUHEUEHUEHUEHE'

    Abraço São Paulina '-'

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  18. Minha querida

    Muito bem escrito, tocante e profundo, adorei.

    Deixo um beijinho com carinho
    Sonhadora

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  19. Naty, respondendo sua pergunta sobre a carta que fiz. Sim, é ciúmes, mas de ver o melhor amigo dela, com outra ou outras e com esse pensamento a carta vai se formando, na ideia da confusão de sentimentos. Ah, gostei muito da minha nota, obg pela avaliação. Bjs (E o blog foi o Memórias que tocam o coração.)

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  20. Você á maraaaa! Cara, mais que a frase do fim, eu AMEI isso:

    "Não pude vê-lo antes, peço que me perdoe, mas ainda o amo e agora só tenho você, se ainda quiser-me."

    Suas fechadas são incríveis! Adoro muito tudo isso. E sim, ENEM me matou mil vezes.

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  22. Ei Naty...adoro as suas visitas e estou com muitas saudades.
    Gostei do post...a história é muito envolvente, mas fiquei meio chocada com o final.
    Ainda assi, adorei!
    Quanto a este seu instinto psicopata, cuide-se.

    Beijo enorme.
    Bom feriado.

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  23. Natália,
    confesso ter ficado um pouco chocada com o texto, porque foi um contraste de sentimentos incrível, mas tão bem redigido que não resisti e li outra vez. Ficou óptimo (estou com mania de escrever ótimo com "p", perdoe)!
    Li também o post sobre a Dilma - mera coincidência, será? Eu, hein... já que não dá pra fazer nada, vamos esperar que ela morra antes de assumir a presidência, quer dizer, que Deus escreva certo por linhas tortas.
    Fique sabendo que vc não é a única assassina por aqui,
    e que adorei sua visitinha no meu blog - espero que tenha gostado do Kevin, ele é legal, podes crer (:

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