Como viver eternamente é uma comovente história narrada pelo próprio protagonista. Sam é um
garoto de onze anos que sofre de uma doença chamada glóbulos esferoidais,
conhecida como leucemia. Ele adora colecionar histórias e fatos fantásticos. O menino
não frequenta a escola, ele tem aula particular em
sua casa, três vezes na semana. A professora Willis aplica os conteúdos para
ele e seu amigo Felix – ambos se conheceram no hospital. Sam passou seis
semanas internado e, quando estava passeando pelos corredores, encontrou Felix
em sua cadeira de rodas.
A ideia de o garoto começar a escrever um livro
surge a pedido de sua professora. Como um bom sonhador em ser cientista, ele
deseja escrever sobre perguntas que ninguém sabe responder. Com isso, então,
passa a escrever um livro, não voltado à sua doença, mas cheio de pesquisas e
histórias curiosas.
O livro tem uma linguagem bem acessível a todas as
idades. A leitura é gostosa, fluida e emocionante. A Geração enviou uma
embalagem de lenço, juntamente com o exemplar. Certamente, muita gente vai
precisar bem mais do que um pacote.
Nicholls toca-nos profundamente com sua obra. Não é
um livro que fala da morte, mas trata da vida. Não fala do fim, mas da
eternidade. Não foca na tristeza, mas dá lugar a alegria de viver. Sam tinha
tudo para chorar, se desesperar e não desejar viver. Porém, ele faz o oposto.
Logo no início da obra, ele cria uma lista com oito coisas que deseja fazer.
Um dos itens que mais me marcou foi a simples
vontade de Sam querer subir a escada rolante de descer ou descer a escada
rolante de subir. Podemos observar isso como algo simples, contudo, para ele
requer um grande esforço, tanto físico quanto psicológico. Sua mãe não o deixa
sozinho e, para realizar a sua vontade, era preciso convencê-la ou, até mesmo,
fazer escondido.
A forma que Sam encara seus obstáculos é magnífica.
Ele sabe absorver as melhores lições de tudo que ele vive. Sua mãe é uma grande
guerreira, ela é o alicerce de sua família. O pai de Sam é sempre muito calado,
mas sofre em silêncio. A dor de ver o seu filho sofrer, sem poder curá-lo,
torna-o aparentemente frio. Porém, no decorrer da obra vemos que não é essa a
realidade.
O protagonista tem uma irmã chamada Bella, ela tem
8 anos e se mostra muito ciumenta. Enquanto Sam estuda em casa, sua irmã tem de
frequentar o colégio todos os dias da semana. Ela quer faltar, mas os pais
sempre a proíbem e Bella sempre questiona de um poder e o outro não. Mesmo com
esse lado insensível, sua irmã é muito doce e carinhosa, quer sempre o bem do
irmão e o ajuda em todos os momentos.
A história é recheada de personagens, alguns
supérfluos; porém, outros são tão marcantes que é impossível não se emocionar. A capa da obra é simplesmente linda, a frase da contracapa é bastante
reflexiva e marcante. A diagramação é impecável, os detalhes aplicados por
Vanderlucio é para colocar muitos diagramadores no bolso. A revisão é perfeita,
não notei nenhum erro ortográfico ou algum deslize. Esse livro é recomendado a
todo ser humano, basta estar vivo.
Quotes:
“Morrer é a coisa mais
boba de todas. Ninguém lhe conta nada. Você faz perguntas, e eles tossem e
mudam de assunto” (p.19).
“Por que Deus faz as
crianças ficarem doentes?” (p.38).
“Deus é como um grande
médico. Faz as pessoas ficarem doentes só para depois fazê-las melhorar – do
mesmo jeito que os médicos dão quimioterapia às pessoas para fazê-las melhorar.
Não importa para Deus se você morrer, porque você acaba indo para o Céu, que é
onde Ele vive, de qualquer maneira” (p.53).
“Não me lembro por quanto
tempo nós choramos juntos. Mas me lembro de que, quando paramos, ela me deu um
lencinho de papel, e eu enxuguei minhas lágrimas, e ela secou os olhos. Senti o
quanto ela queria fazer tudo voltar ao normal, mas não tinha como” (p.134).
Título: Como Viver Eternamente (exemplar cedido pela editora)
Autora: Sally Nicholls
Editora: Geração Editorial
Páginas: 222
Ano: 2014
Nossa, quando li esse livro achei ele tão bom, mas tão bom que só de ver a resenha já relembrei daqueles sentimentos que ele me despertou. É uma escrita sensível e bonita mesmo. Um tanto triste, mas as lições que ele tem são lindas. E o mais interessante é que não é mesmo um livro sobre morte, mas uma forma de apreciação da vida. Está certo. E acompanhar esse garoto desejando coisas tão simples é de dar um aperto no coração. Faz pensar que a gente devia agradecer pelas coisas mais bobas que tem e pode fazer.
ResponderExcluirO final do livro foi o que mais me marcou. Chorei com a forma como foi escrito. É muito bonito e vale a pena a leitura.
Algumas partes me fizeram lembrar de Suzy e as águas-vivas, já leu? Acho que é essa parte de fazer as pesquisas, além, é claro, de ser narrado por uma criança.
ResponderExcluirPois bem, a premissa é muito bonita e deve mesmo ser muito emocionante, mas justamente por essa relação que fiz com o outro livro, que não foi uma leitura tão boa assim, acredito que no momento eu não leria. Antes de conhecer a Suzy eu queria rs (estranho, né?)
Beijos