Quem sabe faz a
hora, não espera acontecer.
Confesso que não sabia que Vandré era o autor da
canção mais badalada no mundo. Sabia que ele foi considerado o maior enigma da
MPB. Odiado por muitos, amado por muitos outros. Parece até exagero, mas essa
música a gente ouve todos os anos, até mesmo em comerciais da Rede Globo nos
finais de ano. “Para não dizer que não falei das flores” (Caminhando) é uma
canção ícone de Vandré, que sacudiu um festival da canção e levou o público a
vaiar Tom Jobim e Chico Buarque.
A música tem uma letra fortíssima e foi escrita no
período da ditadura, tornando-se um êxito popular sem precedentes e que atraiu
sobre si o ódio encarniçado e destruidor dos militares no ano de 1964. Essa
canção, como relata o autor, tornou-se um hino e jamais foi esquecida durante
décadas.
Depois de todo esse rebuliço, Vandré precisou sair
do país para lutar por uma vida melhor e, ao retornar, já no final da ditadura,
resolveu abandonar a música e se dedicar em ser apenas advogado. No entanto,
seu comportamento diferenciado fazia com que as pessoas acreditassem que ele
tinha enlouquecido, por causa da perseguição e das possíveis torturas que podem
ter lhe provocado sérios danos psicológicos – porém, nada foi comprovado.
Pelos campos há
fome em grandes plantações
Pelas ruas
marchando indecisos cordões
Ainda fazem da
flor seu mais forte refrão
E acreditam nas
flores vencendo o canhão.
A obra é recheada de descobertas que faz o leitor
ficar abismado. Na verdade, este livro é uma biografia não autorizada, escrita
pelo jornalista Jorge Fernando dos Santos. O autor tem o objetivo de mostrar,
através de uma reconstituição de vida e de época, quem foi Geraldo Vandré e que
tornará tudo muito emocionante e revelador. Quando a gente acha que já viu de
tudo, sempre surge algo que pode nos surpreender.
Vandré sempre foi muito crítico a tudo o que lhe era
mostrado e que parecesse opressivo. Sua personalidade forte o tornou convicto
do que queria e do que julgava ser certo. Porém, mesmo assim ele conseguiu
conquistar o país através de suas letras que contestavam a situação atual do
país.
Vale salientar que Vandré se recusou a colaborar com
o trabalho do autor. Fernando fez muitas e vastas pesquisas e entrevistas para
desvendar os mistérios, mas Vandré permaneceu calado e em nada auxiliou. Ele
não é o tipo de homem ligado a ser o centro das atenções, a ser entrevistado e
aparecer na mídia. Ele é um homem recluso, mas mesmo assim muita gente conhece
seu trabalho, porém, nem todas elas sabem que é de sua autoria – como foi o meu
caso.
A diagramação do livro foi muito bem feita, embora
as páginas sejam brancas. Além disso, na obra contém fotos dele e de outros
famosos. Um trabalho impecável e que ninguém poderia colocar defeito na
estética, claro, tirando a cor das laudas. Contudo, confesso que, mesmo sendo
brancas, não torna a leitura cansativa.
Nas escolas, nas
ruas, campos, construções
Somos todos
soldados, armados ou não
Caminhando e
cantando e seguindo a canção
Somos todos
iguais braços dados ou não
Os amores na
mente, as flores no chão
A certeza na
frente, a história na mão
Caminhando e
cantando e seguindo a canção
Aprendendo e
ensinando uma nova lição.
Quote:
“Penso que ninguém é dono da própria história. Todo
acontecimento permite várias interpretações. Por isso uma vida pode merecer
diferentes abordagens, pois toda pesquisa biográfica resulta numa espécie de
quebra-cabeça no qual sempre faltam algumas peças” (p. 13).
Título: Vandré: o homem que disse não (exemplar cedido pela editora)
Autor: Jorge Fernando dos Santos
Editora: Geração Editorial
Ano: 2015
Páginas: 312
Essa editora sempre publica livros com histórias incríveis, esse traz a histórias de um dos melhores cantores da época, não conheço a história muito bem, mas fiquei bastante interessada na leitura, pretendo adquirir com certeza o livro.
ResponderExcluirQue legal saber que tem esse livro. Eu assisti uma entrevista com o Vandré feita em 2012 e ele fala um pouco sobre essa época da ditadura, achei bem interessante. Agora é bom saber essa dica de livro sobre a vida dele.
ResponderExcluirNossa! Morria e não sabia dessa super dica literária!
ResponderExcluirAmo essa música e foi ótimo conhecer através da sua resenha sobre esse compositor!
Elaine
Caminhando Entre Livros
Naty! Eu sempre intercalo entre cinco livros um biografia. Uma fantástica que recomendo a ti e que ainda farei a resenha é o Conde Negro pai de Alexandre Dumas, autor dos Três Mosqueteiros. O Conde Negro é a verdadeira história de o Conde de Monte Cristo, também de Dumas. Falando da resenha, toquei e cantei muito a música de Vandré. Sempre falávamos dele quando eu era adolescente até alguns anos atrás... Com certeza vou comprar este :D
ResponderExcluirNaty!
ResponderExcluirAcompanhei todo movimento de Vandré e realmente foi muito perseguido na época da ditadura.
Gostaria de ler essa biografia não autorizada, porque mesmo através das pesquisas, dá para conhecer muito sobre a obra e a vida do biografado.
“Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo.”(Carlos Drummond de Andrade)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Olá Naty :)
ResponderExcluirNossa, esse parece ser um livro super interessante! Não conhecia, adorei a dica e a resenha.
Beijinhos ♥
Borboletas de papel
Olá! Sabe que vi algumas resenhas deste livro e sei que é bem como uma biografia né. Não sei porque mas eu não curto muito coisas que falem sore o Brasil, deve ser um trauma meu pelas aulas de História que tinha, mas gosto de saber que pessoas importantes fizeram parte sim de nossa história!
ResponderExcluirBeijos,
Greice Negrini
Blogando Livros
www.amigasemulheres.com
Olá!!
ResponderExcluirNunca fui muito de ler biografias , mas tenho lido algumas ultimamente que estão me surpreendendo e pelo que pude perceber em sua resenha , essa do Vandré também irá me surpreender, quero muito ler.
Bjocas!!