“Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda
Amanhã velho será, velho será, velho será!
A menos que o coração, que o coração sustente
A juventude que nunca morrerá” (p.17).

Chaves é uma obra diferente das que costumamos ver, porém é totalmente única em seus aspectos e em sua qualidade. Quando a vi fiquei totalmente interessada pela leitura e estava na expectativa de que iria gostar.

A obra foi realizada por Luís Joly, Fernando Thuler e Paulo Franco, os três tiveram a ideia de escrever o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) com base na série Chaves. Marcello Rollemberg escreveu o prefácio da obra e revela que foi o orientador do grupo. Rollemberg, em suas palavras, inicia argumentando que achou a ideia um pouco estranha, mas que logo mudou a sua postura, pois nenhum programa, além dele, resiste mais de duas décadas à TV brasileira à base de reprises. Para ele, a realização desse trabalho seria uma maneira única de deslindar esse programa que merece tanto destaque.

El Chavo del Ocho é o nome original da série Chaves, criada em 1971 por Bolaños. A gravação do programa teve durabilidade de 24 anos, finalizando em 1995. Outra série que fez maior sucesso e é evidenciada no livro é Chapolin, seu nome original é El Chapulín Colorado. Esta foi criada um ano antes de Chaves e sua produção durou até 1987. Chespirito, além de ser o apelido de Bolaños, criador das séries mencionadas, foi o nome de um programa em que o próprio criador atuava.

Desde 1984, Chaves é transmitido no Brasil, através do SBT. Sua estreia ocorreu em 25 de agosto em uma das atrações do Programa do Bozo. E, desde então, passou a ser considerada uma série de destaque na Televisão brasileira. Após alguns anos, o Cartoon Network passou a transmitir também. Com um grandioso sucesso, Chaves atinge, atualmente, a quarta geração de telespectadores.

A origem do nome Chaves surgiu no Brasil de maneira errônea; o correto seria “chavo” que, em espanhol, significa “garoto”. Já o nome Chapulín é o nome de um gafanhoto típico do México, muito utilizado como alimento com pimenta, e “Colorado” foi escolhido por causa da cor rubra.

Em 1978 surge a ideia de levar a trupe para ser gravada sob a luz solar, originada pela equipe da Televisa. A gravação ocorreu em Acapulco, em parceria com o Hotel Hyatt, hoje chamado de Hotel Continental Emporio Acapulco. Até hoje, muitos turistas viajam para a costa mexicana para se hospedarem no hotel mais famoso da região.

Além das séries, Bolaños criou o filme El Chanfle, que não foi exibido pela TV brasileira, mas é possível encontrá-lo pela internet. Sua produção foi um sucesso e contou com a sequência: El Chanfle II. Porém, sem a presença do ator de Seu Madruga, por problemas de saúde, e do Quico, por desentendimentos com Bolaños.

A obra retrata tanto o processo de evolução da série, como foi construída e como o autor fez para conseguir os atores para cada papel. Não obstante, além de apresentar os momentos de sucesso, os autores abordam os problemas que a série sofreu. Eles mencionam a saída do Quico por uma desavença com o autor, bem como a saída de Seu Madruga para trabalhar com Quico. Porém, não tendo sucesso, o ator que interpreta o Seu Madruga volta à série e é recebido de braços abertos. Após idas e vindas, Seu Madruga passa por um processo conturbado e precisa ser internado com urgência. A partir disso, sua saída dos palcos da série é definitiva. Por ser um fumante inveterado, Ramón Valdés é diagnosticado com câncer no pulmão.


Não poderia deixar de descrever o famoso personagem e protagonista da obra: Chaves. O garoto pobre que vive no barril e que chama a atenção de todos e ganha espaço no coração de muitos. Embora pobre, o personagem mostra que ele tem um bom coração e, muitas vezes, é inocente em determinados assuntos. Chaves vive em todos os episódios com fome e não pode ver ninguém comendo nada que já quer um pedaço, principalmente quando este se trata de um belo sanduíche de presunto.

Em muitos momentos, quem assiste a série e lê a obra sente dó do personagem. Um dos episódios mais marcantes é quando todos vão para Acapulco e Chaves fica sozinho na vila. Porém, o coração do homem que cobra o aluguel, o dono da vila, é maior que a sua própria barriga, então ele chama-o para lhe fazer companhia.

A narrativa da obra é bastante envolvente e emocionante. Quando pensamos que daremos risadas do início ao fim, surgem alguns momentos que nos entristecem. O livro é recheado de emoções e, com certeza, agradará a todo tipo de leitor. A diagramação é impecável, com imagens de cada personagem, deixando o leitor com saudade e com vontade de assistir todos os episódios. A revisão foi bem feita, embora tenha notado dois erros, porém, nada que afete a qualidade da obra e que tire as cinco estrelas que dei e, claro, favoritei.


Aos amantes da série, a leitura não é recomendada: é obrigatória. Aos que não gostam, garanto que irão dar boas risadas e acabar se interessando. Vale a pena ler!

Quotes:
“Por que mesmo sucessos clássicos como A Praça é Nossa, também do SBT, precisam utilizar erotismo e vulgaridade para atrair a audiência, se Chaves nada tem além de um humor primário e previsível?” (p.21).

“O sucesso que Silvio Santos enxergou assim que bateu os olhos no seriado Chaves não estava em supercenários, brilhantes direções artísticas ou atores que poderiam concorrer ao Oscar, mas no humor diário e compreensível a qualquer telespectador, de norte a sul, hoje ou daqui a cinquenta anos” (ps.26-27).

“O ser humano gosta do conhecido. Ele sente-se confortável ao ver algo que já conhece, isso o deixa ‘no comando’. Por isso, cada vez que vemos Chaves, estamos confortando nosso ego” (p.73).

Para descontrair!

Lembrem um pouco das frases mais engraçadas de alguns personagens:

Quico:
“Se eu quisesse ouvir idiotices, me bastariam as que eu digo!” (p.136).

Seu Madruga:
“Prof. Girafales: – Agora, vamos achar a área do triângulo!
Seu Madruga: – Como? Ainda não encontraram?  Digo... andam procurando desde que eu era garoto!” (p.143).

Chiquinha:
“O português é um idioma tão bonito quando falado corretamente...” (p.149).

Dona Florinda:
“Dona Florinda: – Quico... tesouro... carinho... rei... coração...
Seu Madruga: – Loteria!!” (p.151).

Chaves:
“Ora, você acha que se ela fosse realmente uma bruxa, ela já não teria feito uma bruxaria para ficar mais bonita?” (p.154).

Título: Chaves – Foi sem querer querendo? (exemplar cedido pela editora)
Autores: Luís Joly, Fernando Thuler e Paulo Franco
Editora: Matrix
Páginas: 192
Ano: 2012

13 comentários:

  1. Nunca gostei muito de Chaves mas esse livro parece ser bem interessante por todo peso cultural que carrega.

    ResponderExcluir
  2. Oi, Naty.
    Adorei a resenha de hoje. Sou uma grande fã de Chaves e seus companheiros desde criança e sabendo que tem um livro que aborda a construção, evolução e personagens da série, não deixarei de adicionar em minha longa lista de desejados.
    A série é, sem sombra de dúvidas, a mais vista e querida de muitos países, em especial aqui no Brasil. São personagens humildes e uma história simples, mas que conquistou e conquista até hoje milhares de pessoas. Assisto diversas vezes o mesmo episódio e sempre me divirto. É adorável!

    ResponderExcluir
  3. Adorei conhecer o livro, pode ter certeza que vou compra para ler, sempre assistia as reprises de Chaves onde quer que passasse e sempre me divertia, adorei relembrar o humor nas frases dos personagens.

    ResponderExcluir
  4. Oiii! Aaaaai que lindeza! Amo Chaves! Eu qrooo mto esse livro!!! Super legal sua resenha! Parabéns ! Bjs!

    ResponderExcluir
  5. Quem nunca assistiu chaves? Fez parte da minha infância, e adorei saber que existe um livro que conta em detalhe como foi todo processo desde da escolha dos personagens, até os momentos de dificuldades e desavenças, esse livro e muito interessante.

    ResponderExcluir
  6. Chaves amoooo. Adorei, parece ser ótimo esse livro. Com certeza esta na minua lista de leitura

    ResponderExcluir
  7. Na verdade eu so acompanhava Chaves por conta do SBT e suas novelas/série mexicanas, mas esse livro é recheado para quem é fã, a diagramação esta linda!

    ResponderExcluir
  8. Só tenho a dizer sobre seu posta: Isso, isso, isso! Rsrsrsr... Chaves é eterno! Um seriado que te ganha a cada vez que assiste e que é capaz de mostrar que tem como fazer um humor inteligente sem partir pra baixaria generalizada de hoje. Não conhecia o livro, mas com certeza é um dos que vou colocar na minha meta de leitura porque, pela sua resenha, parece ser uma leitura divertida.

    ResponderExcluir
  9. Ah lendo sua resenha fui transportada para minha infância, que trabalho fantástico... Muito legal conhecer as pessoa por trás dos personagens do seriado... E Chaves é um clássico ainda autentico, as vezes eu me pego assistindo, e mesmo sabendo o que vai acontecer ainda rio...rs... Gostei muito de conhecer a obra e da resenha, com certeza vou querer conferir!
    Abraço!

    ResponderExcluir
  10. Que ideia genial essa de usar o Chaves como TCC.
    Eu gostava muito quando era menor, mas depois quando comecei a já saber todas as falas de cor, fui perdendo o interesse. Mas é inegável o valor cultural que a série carrega.

    ResponderExcluir
  11. Ai gente, me taca pedra, mas achei essa capa tão feia que não compraria o livro nunca, mesmo que tenha informações interessantes.

    ResponderExcluir
  12. Oi!
    Gostei muito da ideia do livro, com certeza os fãs devem adorar e gosto muito de Chaves o legal e que não enjoa e sempre que passa da vontade de assistir !!

    ResponderExcluir
  13. Oi! Eu amo Chaves, e acredito que a série marcou a infância de muitos. Sinceramente eu não sabia que ela tinha sido criada pelo próprios Bolaños. Fiquei até surpresa. Enfim, ler essa obra vai ser algo muito gratificante, principalmente por conter diversos aspectos que eu não sabia antes. Beijoss

    ResponderExcluir

Gostou da postagem? Deixe um comentário. Se não gostou, comente também e deixe a sua opinião.
Se tiver um blog deixe o endereço e retribuiremos a visita.
Aproveite e se inscreva nas promoções e concorra a diversos prêmios.