Fiquei interessada por Essa menina apenas pelo “De Paris a Paripiranga”. Confesso que a
sinopse não havia me atraído, mas fiquei curiosa para saber se o “Paripiranga”
do subtítulo se referia a uma cidade do interior da Bahia, mas estava enganada.
Na verdade, é um bairro chamado Paripiranga e fica em torno de 7,5 mil
quilômetros de distância de Paris.
O livro tinha elementos fortes para me agradar e me
envolver, mas não foi isso o que aconteceu em grande parte das vezes. Por se
tratar de uma série de histórias do passado de uma garota, algumas conseguiram
prender a minha atenção; outras apenas serviram para tornar a leitura mais arrastada
do que poderia prever.
Durante muito tempo, ninguém soube o verdadeiro nome
de Esperança. Ela era chamada por todos como “Essa menina”, inclusive as
pessoas de sua família. No próprio livro, somos apresentados a “Essa menina” e
isso é um tanto estranho, pois esse chamamento aparece constantemente na obra –
o que acaba desgastando um pouco, já que o leitor fica cansado dessa expressão
(embora seja compreensível seu uso, o excesso é enjoativo).
Decidida a reunir num livro as memórias de sua
infância, ela desperta a criança curiosa que vivia a escutar a conversa dos
adultos. Ao descrever as festas, as comidas e as brincadeiras no quintal,
revela ao leitor, ainda que sob a perspectiva infantil, os anseios,
fragilidades e sonhos dos que estavam à sua volta.
Com quase 80 anos, Esperança decide reconectar às
lembranças do passado. Ela relata eventos políticos do final dos anos 1930 a
1960, além de reconstruir dramas familiares e histórias daqueles que conviveram
com essas dores.
Como a história mescla diversos acontecimentos,
imaginei que a obra despertaria em mim mais vontade em prosseguir com a
leitura, mas estava enganada. Embora capítulos curtos, quando finalizava um não
tinha vontade em adentrar no seguinte, então por isso demorei longos meses (nem
sei ao certo quantos) para concluir.
Sinto que não fui com uma forte expectativa, mas
mesmo assim não consegui ser surpreendida. Embora os termos, as falas e os
costumes fossem transmitidos de modo bem nordestino, como a obra sugere, não
consegui sentir simpatia pelo conjunto em si. Claro que algumas vivências de
Esperança me emocionaram e, quando percebi, estava com os olhos lacrimejando,
mas eram poucas. E só. Acabou! Não foi uma obra que prendesse meu fôlego e segurasse
a minha emoção até o final.
Uma das passagens que me comoveu foi a história de
carinho dela com seu avô. A forma como ele a tratava, como se fosse uma boneca
de porcelana, frágil e que poderia ser quebrada a qualquer momento. A
demonstração de afeto em todos os lugares, as brincadeiras bem infantis, o
jeito tenro e incrível de tratar a neta foi uma cena que tocou profundamente.
Outra cena que mostrou ser carregada de sentimentos
foi a prisão do pai de Essa menina. A preocupação de seu avô com a prisão do
filho, as agressões sofridas dentro da cela e o constante risco de morrer foram
bem narrados e conseguiram passar a dor dos personagens.
A diagramação segue um padrão bem simples, mas que
proporciona conforto à leitura. A capa não é uma das melhores, mas para quem
curte o estilo estético certamente irá gostar. A revisão foi muito bem feita, o
que facilita ao leitor compreender a narrativa sem erros. No mais, para quem
gosta de uma literatura nacional, com coletâneas de histórias de uma mesma
personagem, provavelmente se interessará pelo livro. Convido a todos para lerem
sem compromisso, sem grandes expectativas, imaginando que poderá se emocionar e
se surpreender com o conteúdo.
Quotes:
“Foi a partir desse dia que decidi não mais revelar
as coisas que ouvia. Não que eu quisesse ouvir, e houve época em que eu tapava
os ouvidos para afastar os sons que me perseguiam. Então, como escudo de
proteção, desenvolvi uma quarta habilidade, a da abstração. Devido a esse
comportamento, convivi com a pecha de doidinha, doidinha. Todavia, para meu
desespero, continuei a ouvir coisas que não queria e que não deveria ouvir. Só
vovô e titia pareciam me compreender.”
“Foi com ele que aprendi a andar, a mergulhar no
rio, a caçar passarinhos, a subir em árvores, a desbravar o mundo. Com vovô
descobri o espetáculo do nascer do dia. Quando eu acordava de madrugada, ele me
levava para a beira da calçada, onde sentávamos para receber no rosto, de olhos
fechados, os primeiros raios do sol. Acompanhando seu dedo, distingui a lua
pela primeira vez, imensa e cheia, e adormecia ao som de sua voz doce e grave.”
“Enquanto papai esteve preso, nossa família se
revezou em vigílias na entrada da penitenciária, exigindo provas de que ele
estivesse vivo. Uma vez por semana a porta da prisão se abria e ele, apoiado
por dois guardas, aparecia. Vovô me levantava bem alto para que ele pudesse me
ver. Ele sorria e acenava com as mãos amarradas. E só. A porta se fechava logo.
No dia seguinte, lá estávamos nós de novo, exigindo sua libertação.”
Outras fotos:
Título: Essa menina
Autora: Tina Correia
Editora: Alfaguara
Páginas: 271
Ano: 2016
Pelo que eu percebi é uma história bem fraca. De fato não tem muitos atrativos a não ser essa frase de efeito. A diagramação ta bem bonita e acho que só por causa disso vale a pena ter esse livro na estante. A história tem uma carga emocional, mas não o suficiente pra prender a minha atenção.
ResponderExcluirUm abraço!
http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/
A carga emocional é fortíssima, Eduarda.
ExcluirMe emocionei algumas vezes e valeu por aquelas que não me emocionei.
Oii Nath! Uma história que parece ser tão bacana com uma leitura fria dessas...Msm assim por conta da capa e do enredo qro dar uma chance...Adorei conhecer !
ResponderExcluirBjs!
Não é tão frio assim, Aline.
ExcluirO livro emociona bastante, mas algumas partes não me agradaram.
Leia e você terá uma opinião melhor sobre.
Primeiramente, adorei as fotos, as torres e o gatinho, muito amor envolvido rs.
ResponderExcluirConfesso que não curti muito a história do livro.
E sua resenha me deixou com um pé atrás.
Acredito que a leitura não conseguiria me envolver, do jeito que gosto.
Por isso não leria o livro no momento, quem sabe num futuro?
Beijos,
Caroline Garcia
Obrigaaaaaada, Carol.
ExcluirEsse gatinho lindo é sim muito amor envolvido. Folgaaaaado que só rs.
Leia sim, quem sabe te agrada.
É bem decepcionante quando começamos a ler com muitas expectativas e o livro não alcança elas.
ResponderExcluirA história me encantou e tinha tudo pra ser muito boa, uma pena que a leitura seja arrastada.
Maíra, na verdade deixo claro que comecei sem expectativas, então não estava esperando tanto da obra. Ela mais me surpreendeu do que decepcionou, essa é a verdade.
ExcluirOi, Naty
ResponderExcluirAinda não conhecia o livro, mas confesso que não sei se leria. Ainda mais sabendo que é um pouco arrastado. Claro que isso varia de leitor para leitor, mas ainda assim não me senti atraída.
Ao menos o livro parece ser comovente e fico feliz que não tenha sido aproveitado de toda a forma.
Oi, Leeh.
ExcluirÉ um livro que não estava na lista dos meus desejados fortemente, mas desejava ler e dei a chance. Vale a pena se emocionar com Esperança.
Olá, Naty.
ResponderExcluirEu não conhecia esse livro ainda e infelizmente ele não me interessou. Para começo de conversa tenho um certo preconceito com livros de capas amarelas. A história tem que ser muito boa para eu pegar um livro de capa amarela para ler hehe. Não sei porque não gosto dessa cor hehe. E essa história me pareceu ser o contrário de boa, por isso acho que não lerei ele.
Blog Prefácio
Na verdade é boa sim, Sil. Em partes.
ExcluirNão sei porque, mas também não gosto de capas muito amarelas. Se for um amarelo mais sutil eu acho melhor.
Natalia!
ResponderExcluirA priori gostei do enredo, histórias contadas através da memória, de fatos entre os anos 30 à 60, e ainda é uma literatura nacional, fiquei interessada.
Mas o que gostei mesmo, foi da foto do gato na árvore, linda!..kkkk
“A vida guarda a sabedoria do equilíbrio e nada acontece sem uma razão justa.” (Zíbia Gasparetto)
cheirinhos
Rudy
Esse gato é muito amor, Rudy. Uma folga toda na árvore. Quando vi deu vontade de pegar e apertar rsrsrsrs.
ExcluirO enredo é bom, Rudy. O conteúdo agrada em alguns momentos não.
Oi, Natalia!
ResponderExcluirSuas fotos ficaram lindas e sua resenha muito bem elaborada. Não me interessei pela premissa desse livro, então deixo passar a dica. Mas imagino que seja uma leitura agradável para os leitores que gostam desse estilo. Obrigada. Beijos.
Uma pena, Marcinha.
Excluirmas agradeço pelo elogio.
Não conhecia e...é, vendo falar fiquei meio na dúvida.
ResponderExcluirGosto de uns livros que relatam coisas do passado, acontecimentos ou mesmo de cultura. Mas é meio chato quando a leitura não consegue prender, que fique até desanimado de ir para o próximo capítulo. Não sei se leria esse. Deu uma certa curiosidade, mas não tanta assim.
Acho que vale a pena conhecer e tentar, Cris.
ExcluirQuem sabe você não se surpreenda, não é?
Oii, apesar de adorar sua resenha, o livro não me agradou, a leitura como você disse parece ser muito cansativa, eu sinceramente não pretendo ler este livro apesar de que o título havia me deixado bem curiosa.
ResponderExcluirBeijos!
Cansou um pouquinho, confesso, Flavia.
ExcluirMas em outros momentos o livro emocionou bastante.
Naty, que interessante esse nome como um "bairro" de Paris... no mínimo inusitado!
ResponderExcluirTramas com relações entre avôs e netos me emocionam.
Bjs!
Realmente, Gladys. Jamais poderia imaginar que a história se passaria em Aracaju e não em Paripiranga hahahaha.
ExcluirOlá Natalia,
ResponderExcluirNão conhecia esse livro e acho que nem vou chegar a ler, são poucos livros nacionais que me despertam o interesse, e a fila de livros a serem lidos está absurdamente extensa para ler algo que não chama a minha atenção.
Não fiquei atraída a conhecer a jornada de “Essa menina”, achei um livro fraco e muito vago, senti que faltou algo aí para me prender durante a leitura. Pelo jeito, tudo indica que é uma leitura arrastada, salvo as cenas mais intensas. Agradeço a dica, mas deixo passar.
Beijos
Verdade, Mi.
ExcluirComigo acontece o mesmo.
Livro vago não é, você deveria conhecer para entender e quem sabe curtir a obra
Ainda não conhecia este livro, e realmente sua historia não me chamou a atenção, uma pena quando a historia se torna arrastada e não flui. Sua capa e sua sinopse são bem chamativas,mas do desenvolver da tua resenha, você destaca características que acabam desmotivando, claro que irei pesquisar outras resenhas sobre o livro,mas por enquanto não tive interesse.
ResponderExcluirA história em si não chama tanto, mas quando se começa a ler algumas partes emocionam
ExcluirO livro parece ser bem interessante!! Amei as fotos!!
ResponderExcluirBjooss