Uni-duni-tê se parece muito com o filme Jogos mortais.
Um assassino está à solta e sua mente doentia inventou um jogo que vai
aterrorizar a vida de muitas pessoas, podendo levar à morte. O participante quem
decide: matar ou morrer. Duas pessoas estão presas e apenas uma pode ter a sua
liberdade. Para isso ela precisa matar.
Cada personagem clama pela vida, eles desejam
ardentemente a liberdade quando estão próximos da morte. É inegável a qualidade
que o autor tem de criar tantos cenários e tantos personagens. A narrativa
demonstra ao leitor o medo presente em cada fala. Embora, em alguns momentos,
ela poderia ter sido melhor trabalhada.
Ação é o verbo contido no livro e que encanta, assusta e surpreende-nos. É triste que o autor desenvolve capítulos que necessitamos saber mais detalhes – o que nem sempre é trabalhado. Embora os capítulos sejam, em sua maioria, curtos, em momento algum acredito que isso seja o problema (pelo contrário, já que torna a leitura mais veloz), mas sim da falta de maiores descrições. Os sequestros foram bem criados, mas as investigações deixaram alguns detalhes de lado e eu queria mais.
Depois de ver a
morte de perto, você entende o valor real da vida!
É difícil imaginar como eles se sentem quando são
presos e entender o que se passa em suas mentes. Mas uma coisa é certa: quem sai
do jogo vivo sai alguém frágil, sensibilizado e até mesmo depressivo. Eles
passam a entender o valor da vida, como eles eram antes de tudo aquilo
acontecer. Eles sentem o peso da morte, de serem assassinos por um dia. De
assassinar para viver. De tirar uma vida para usufruir da sua.
Duas pessoas são levadas para um lugar escuro e
deserto. Uma arma e um aparelho celular. Ele toca e quem atende já sabe o que
precisa fazer com o aparelho gélido ao seu lado: atirar. As instruções são
recebidas pela ligação e a gente menos imagina o motivo de aquela pessoa do
outro lado da linha querer fazer tudo isso com as vítimas. Elas ficam presas
independente do tempo, até que uma decide matar e então tudo é liberto. Um,
dois, três dias; uma, duas, três semanas... Quanto tempo for necessário para a
coragem chegar e o desespero também.
É fácil finalizar o livro e criticar a forma que o autor desenvolveu os personagens em seus desesperos. É fácil argumentar que a fome de dois dias não é o suficiente para querer comer um rato ou comer larvas para saciar o estômago. É fácil criticar quando alguém bebe a sua própria urina para saciar a sede. Vi algumas pessoas reclamando que algumas cenas pareceram exageradas e que dois dias não seria tempo suficiente para alguém morrer de fome. De fato, não é. Mas quando aparece uma oportunidade de se alimentar, sem saber o que se espera até o final daquela jornada, toda vontade se torna aceitável. Vontade de comer, de beber, de urinar, de matar.
Se teve momentos que eu gostei do trabalho do autor
foram as cenas das pessoas presas. Aprendi que cada um tem uma personalidade e
tem um limite também. As cenas são fortíssimas, o momento em que os personagens
comem larvas foi uma das mais fortes para mim, mas foi emocionalmente também.
Quantas pessoas reclamam de um prato de comida? Quem poderia imaginar que um
dia sentiria vontade de comer um réptil para saciar a fome de alguém que está
em seu ventre ou, como em outro caso, de comer o próprio braço?
Alguns são tão
ingratos por estarem vivos, mas você não, não mais.
Aquele que mata e é libertado, na verdade, está solto
para sempre ou se sente preso em seus próprios pensamentos? Como viver livre e
feliz depois de passar por um momento tão perturbador? Por que eu e não ela?
Por que você e não ele? Por que nós? Os elementos estão sempre ligados, mas e
as pessoas? Como o assassino escolhe suas vítimas?
O leitor se desespera, arranca os cabelos, rói as
unhas, mas depois entende os motivos. De uma coisa eu fiquei convicta: concordo
o motivo, mas não concordo em realizar tanta maldade com as pessoas.
Helen Grace é a detetive que precisará dar duro para
mostrar que consegue lidar com esse terror, afinal, parece que o assassino está
sempre um passo adiante das investigações. É preciso trabalhar muito e tentar
descobrir quais serão as próximas vítimas e o local escolhido.
Outro ponto que senti necessidade de melhoras foi
quando Helen descobre que existe alguém que está fornecendo informações privilegiadas.
Queria que esse ponto fosse mais trabalhado na conclusão, pois a pessoa apenas
ficou como acusada, não tendo ocorrido nada mais adiante. Espero que tenha
continuação e responda algumas coisas que ficaram no ar.
Acredito que o livro tenha tido uma história perfeita,
mas que poderia ser melhor desenvolvida. Embora tenha um ponto aqui e acolá
para ser melhorado, sou categórica em dizer que senti um amor incondicional por
esse livro. Quero ter em minha estante junto com os melhores do gênero e poder
sentir a gostosa sensação que sinto quando olho para ele. Não apenas pelo fato
de ter sido presente de aniversário, ele me passou uma lição fortíssima e soube
detalhar coisas que é difícil descrever.
Um livro com falhas e defeitos, assim como todos nós.
Não é porque alguém tem defeitos que não queremos por perto, amamos apesar de
suas imperfeições – é exatamente assim que sinto. Mesmo podendo ser melhor, ele
continua sendo “alguém” que quero ter na estante, o livro que não largo. A obra
que vale quatro estrelas e um coração do tamanho do mundo. Favoritado!
Quotes:
“– Você quer viver?
– Quem é você? O que fez com a gen...
– Você quer viver?
Por um momento, não consigo responder. Minha língua
não se move. Mas, logo depois...
– Quero.
– No chão, ao lado do celular, tem uma pistola. Está
carregada com uma única bala. Para Sam ou para você. Este é o preço da sua
liberdade. Para viver, precisa matar. Você quer viver, Amy?” (p. 06).
“– A carne era dele mesmo. Mordeu o braço direito.
Pela aparência, eu diria que deu umas três ou quatro mordidas, antes de
desistir” (p. 34).
“Muito bem,
então que seja. Fez o que lhe foi pedido. E, dessa vez, tirou sangue. O
corpo dela recuou com a dor, mas logo depois pareceu relaxar, enquanto um fio
de sangue escorria por suas costas.
– De novo.
Aonde tudo isso iria levar? Não saberia dizer. A única
coisa que Jake sabia, com toda certeza, é que a mulher queria sangrar” (p. 67).
“Bateu na minha
cabeça, me deu um soco no estômago, me chutou entre as pernas. Depois agarrou
meu pescoço e pressionou minha cabeça no nosso aquecedor com três resistências.
Colocava e tirava; colocava e tirava. Não sei por quanto tempo fez isso.
Desmaiei após uns vinte minutos” (p. 103).
Título: Uni-duni-tê
Autor: M. J. Arlidge
Editora: Record
Páginas: 322
Ano: 2016
*Frases retiradas do filme Jogos Mortais
Olá!
ResponderExcluirAdorei a resenha e as fotos, ficaram ótimas! Eu já estava com esse livro na minha lista de desejados, pois quando li sua sinopse, fiquei bem interessada em fazer a leitura do mesmo. Gosto muito desse gênero! E mesmo, algumas partes não sendo tão bem trabalhadas, com maiores detalhes, mesmo assim, como você mesmo comentou, não tira o brilhantismo da obra. Quero muito ler! Sua resenha está perfeita, fiquei mais motivada. Obrigada. Beijos.
Obrigada, Marcinha.
ExcluirFiquei feliz em saber que a resenha te motivou ainda mais a ler. Esse livro me marcou muito.
Leia!
Oi, Natalia! Tudo bem?
ResponderExcluirNossa! Que livro! Recentemente, vi esse livro em um vídeo e fiquei: "esse livro é a minha cara!"
Achei muito interessante essa ideia de isolar pessoas e só uma sair viva. Já está nos meus desejados da vida hahaha
Uma pena saber que ele tem alguns defeitos aqui e ali, mas a vontade de ler ainda continua imensa!
Bjs!
-Ricardo, Blog Lapso de Leitura
Mas os defeitos são imperceptíveis, se comparado a tantas qualidades, Ricardo.
ExcluirAh que ótimo! Aí sim que é melhor hahaha
ExcluirNão conhecia esse livro mas já estou louca para ler, de uns tempos para cá esse gênero vem me encantando e agora quero ler tudo.
ResponderExcluirMesmo com todas as falhas a história parece ser muito boa e bem trabalhada, já entrou na minha lista.
Maíra, as falhas são pequenos detalhes.
ExcluirO conteúdo mesmo é que é arrebatador. Leia sim.
Olá!! Nossa...o livro eh mais do q eu esperava Nath...Há tempos q não leio nenhum livro q me fizesse arrancar os cabelos literalmente...Preciso desse livro!
ResponderExcluirBjs
É exatamente isso o que senti ao ler o livro, Aline.
ExcluirMuitíssimo isso.
Olá, Natalia.
ResponderExcluirA sua é a primeira resenha que leio desse livro por isso não vi essa opiniões que você citou da ações deles. Eu quis esse livro assim que vi ele nos lançamentos e assim que der eu vou comprar. Eu acredito sim que em dois dias a pessoa está desesperada por comida e aguá. Já fiquei quase um dia todo sem comer e comia a té pedra se deixasse. Não sei qual seria minha reação em uma situação assim, mas acredito que é uma decisão sem volta. Mesmo que a pessoa fiquei viva, o que ela vai sentir para o resto da vida é muito ruim.
Blog Prefácio
Nos blogs eu não vi resenha desse livro, Sil. Ganhei em pré-venda, então li bem antes.
ExcluirAs pessoas comentam no Skoob, por aí afora, nos blogs ainda não vi.
É isso o que acontece com os personagens. Uma dura marca.
Nossa, Natália, que livro pesado! Fiquei muito angustiada só de ler a sua resenha, imagino que seja mesmo muito bom, mas eu sei que ficaria muito agoniada lendo certas partes (ainda sou meio crua em livros de terror). Sempre tive medo de assistir Jogos Mortais, então boa parte do meu receio com o livro vem daí, mas quando você citou a Helen (que eu imagino ser a detetive do caso), já me interessei mais pela parte investigativa do livro.
ResponderExcluirOi, Lu.
ExcluirEsse livro é muito pesado mesmo, mas é capaz de nos fazer chorar fácil, fácil.
Caramba, mas quanto estou vendo desse livro...
ResponderExcluirAchei interessante pelo desafio apresentado, das duas pessoas e a decisão que elas tem que tomar. Fica um livro um tanto diferente e lembra mesmo aquele filme. Acho que o desespero, os momentos de negação, passar fome e tudo mais rendem uma leitura bem tensa de acompanhar e ao mesmo tempo interessante. Parece passar até uns questionamentos sobre a vida...
Mas ainda não me chamou grande atenção. Não sei, não senti muita vontade de ler =/
Incrível você ver muito desse livro, Cris.
ExcluirPouco está sendo comentado nos blogs no sentido de resenhas, já que ele é novo.
Eu vi em IGs, mas poucos. Muitos desejando ler, mas poucos lendo. Ele lançou este mês, mas não vi resenhas dele. Apenas comentários e muitos desejando.
Uma pena que você não sentiu vontade. É a primeira pessoa que me diz isso. E já convenci uns 5 a lerem hahaha
Natália!
ResponderExcluirNão conhecia o livro ainda, mas já gostei por nos fazer analisar determinadas situações que em momentos de uma vida 'normal', nós não tomaríamos, mas como criticar quem as fez em momentos de desespero?
A mim nem precisa convencer, porque quero ler de qualquer forma e saber como o assassino pode estar a frente de todos os passos do detetive.
“Prefiro os erros do entusiasmo à indiferença da sabedoria.” (Anatole France)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
TOP Comentarista de OUTUBRO com 3 livros + BRINDES e 3 ganhadores, participem!
Que bom que já gostou, Rudy.
ExcluirEspero que leia o quanto antes rs
Adorei a premissa deste livro, embora não tenha assistido ao filme "Jogos Mortais" conheço seu enredo e o livro lembra muito mesmo. Não acho as iniciativas dos personagens tão absurdas não, afinal, um ser humano que passa fome e sede em condições normais entra em desespero, imagine em uma situação assim, tudo é acelerado. Apesar de você ter apontado algumas falhas do livro, quero muito conhecer seu enredo e descobrir o mistério por trás deste mente doentia. Eu amei a resenha e a dica.
ResponderExcluirAbraço!
A Arte de Escrever
Oi, Mayla.
ExcluirEu entendo perfeitamente isso também, por isso quis pontuar na resenha. Acho um tanto desproporcional as pessoas criticarem isso sendo que não estão na pele para saber como seria. Imagine o desespero!
Eu amei o livro e não to nem ligando para os pontos a serem melhorados. Ele é um divo e eu quero continuação.
Oi Naty,
ResponderExcluirUau! Que livro heinm? Que resenha arrebatadora! É a primeira resenha que leio do livro e apesar de não ler esse gênero confesso que fiquei completamente interessada em ler. Amo livros que passam lições fortes assim, consegui sentir um pouco toda essa grandeza de sentimentos que o livro passa, e mesmo sendo um tema bem pesado e um gênero que não me sinto confortável em ler ainda, vou anotar esse título para ler assim que tiver coragem.
Beijos
O livro parece bem legal, e eu concordo com vc quanto às pessoas tomarem atitudes extremas por não saberem quando mais vão ter algo pra comer ou beber ou coisa assim...Porém, saber que o autor não detalha muito as coisas me deixou meio frustrada. É um livro que eu leria, mas só se fosse emprestado. Só pretendo comprar se eu comprar e acabar gostando.
ResponderExcluirPor mais interessante que possa ser esse livro, eu não leria. Por um lado fiquei curiosa com os acontecimentos e principalmente com o porque do assassino escolher aquelas pessoas. Mas por outro, eu sei que tenho estômago fraco, e não gosto de histórias desse tipo. Eu não me sentiria bem com a leitura. Por isso prefiro ficar sem conhecer a história.
ResponderExcluirAbraços :)
Lembrei muito de Jogos Mortais lendo a resenha,o franquia de revirar o estômago,rs
ResponderExcluirNão conhecia esse livro,mas já deu pra ver que é recheado de cenas brutais,o que despertou minha curiosidade foi o motivo que une os escolhidos.
Li essa resenha do skoob e continuei agoniada. Como eu disse lá, não tive estomago pra assistir todos os filmes, porém, acho que lendo pode ser uma experiência diferente. Além disso, a capa é bem chamativa. Espero que eu goste.
ResponderExcluirUm abraço!
http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/
Oi, Natalia!!
ResponderExcluirAchei bem engraçado quando você comparou o livro a o filme Jogos mortas, pois quando li a primeira vez que li a sinopse do livro achei a mesma coisa!! Sem dúvida fiquei bem interessada em ler esse livro!! Adoro livros de mistério e suspense!!
Beijoss
Estou super doida para ler esse livro!
ResponderExcluirEu adorei a capa! A diagramação dela é linda!
Amo livros sobre psicopatas assassinos! Sou viciada por livros desse tipo!