Esse foi um dos livros de parceira que mais demorei a ler e, confesso, se eu não tivesse o compromisso em resenhar, não teria lido até agora. Embora O Código da Vinci seja um dos livros que mais tive vontade de ler, acredito que comecei pela pior parte: uma edição diferente da versão original.

E você poderia me dizer que mudaram poucas coisas, que apenas reduziram e colocaram imagens. Não importa! O conteúdo, para mim, foi prejudicado. Alguns detalhes deixaram a desejar – e não sei precisar se o original também peca nisso. Ressalto que peguei a edição completa para conferir algumas coisas e, duas das cenas que não gostei, o conteúdo permanece praticamente o mesmo.

A dúvida que permeia minha mente é: por que criar uma edição para jovens cujo conteúdo é reduzido? Não me parece muito coerente diminuir a quantidade de páginas de um livro a fim de fazer os jovens lerem, como se quisesse insinuar outra coisa. É certo que a obra possui algumas imagens e isso poderia chamar a atenção dos leitores mais novos (o que não exclui os mais velhos). Todavia, diminuir algumas partes da história soa um tanto quanto exagerado e desnecessário.


Não posso afirmar que houve mudanças brutais, pois não li a versão original, como mencionei. No entanto, sou adepta à teoria de que não importa a quantidade de páginas se um livro prende o leitor. Também entendo o fato de muitos jovens não possuírem o gosto pela leitura e reduzir as laudas seria uma forma de incentivá-los. Contudo, já pararam para pensar que isso poderia apenas significar algo diferente do que verdadeiramente é?

Certa vez vi uma notícia de que os livros de Machado de Assis seriam reescritos com uma linguagem mais simplificada para atrair os leitores mais jovens. Alguns estudiosos consideraram a adaptação um ultraje; outros tantos argumentam que as obras do autor são difíceis de interpretar e exige um esforço maior do leitor. Será que modificar a escrita de um livro não seria tirar a essência da narrativa; a essência do próprio autor que o escreveu? O que seria de nós, amantes leitores de Assis, sem essa escrita diferenciada e que prende a nossa atenção? Não seria Machado, seria uma ideia dele, mas palavras de outrem. Seria um novo livro e, querendo ou não, outro escritor.


É com esse mesmo sentimento que indago se a redução de páginas não seria desnecessária, quando, na verdade, o leitor não precisa de poucas laudas, mas de um conteúdo chamativo e que o prende. É óbvio que quem não está acostumado com leituras, dificilmente iniciará por uma obra volumosa. No entanto, essas mesmas pessoas não começarão com livros densos, este, em especial, não é uma típica história que chama a atenção de qualquer iniciante.

Acredito que facilitar para o leitor, seja reescrevendo ou diminuindo as laudas, não é algo que irá beneficiá-lo futuramente. Pode ser que aos ingressantes na vida acadêmica possa surtir algo efeito, mas, ao ingressar na faculdade, não é bem assim que as coisas funcionarão. Afinal, quem sente dificuldade em entender Machado de Assis e quem não leria 400 páginas de uma obra de Dan Brown, será que enfrentaria um livro como Crime e Castigo de Dosto ou algum livro de Niet? Será que a solução está nas obras ou nas pessoas? Parece mais razoável modificar páginas para aperfeiçoar o entendimento ou melhorar a educação dos jovens para incentivá-los a compreender o que o autor quer nos passar?


Ainda que O Código da Vinci seja um dos livros mais vendidos do mundo, não se pode olvidar que muitos não gostam do gênero, assim como não se sentem atraídos por histórias que envolvam religião e coisas afins. Não posso opinar com precisão sobre isso; todavia, a história trazida em O Código da Vinci (especial para jovens) não foi uma leitura proveitosa e que sentia prazer em ler.

Em diversos momentos a narrativa não fluía e me sentia obrigada a dar continuidade, como se quisesse entender o motivo de tudo aquilo, mesmo acreditando que nada fizesse sentido. Um exemplo claro disso está na morte dentro do Museu do Louvre, assim como a busca desenfreada para chamar Langdon num hotel, em plena madrugada, para descobrir o segredo protegido por uma sociedade secreta desde os tempos de Jesus Cristo. Ao ser chamado, o recepcionista liga para ele e avisa que tem uma pessoa indo até o seu quarto. Como estamos lidando com um livro cujo mistério e reviravoltas estão sempre presentes, já é de se imaginar que pode ser um bandido, ou até mesmo o assassino, e não um tenente da Diretoria Central da Polícia Judiciária. Quem poderia imaginar que um recepcionista de um hotel liberaria a subida de um cara para o quarto sem a autorização de seu hóspede?


Algumas cenas parecem um pouco forçadas por não ter alguns elementos de lógica, como o que citei acima. No entanto, é incontestável a qualidade do autor em descrever cenários que passaríamos anos visitando e não conheceríamos tudo. As descrições são tão bem feitas que chega a ser uma leitura arrastada, em alguns momentos.

Não me contentei com o lançamento lido e desejo ler a versão original para fazer uma análise melhor, já que mergulhei numa obra com conteúdo reduzido e que não me deixou por satisfeita. Para quem já conhece a história, de repente gostará mais dessa edição do que eu gostei. A capa está bem bonita e a diagramação é caprichada. A editora colocou oito páginas com fotos para deixar o trabalho mais chamativo. Uma pena que para mim não tenha funcionado – não quer dizer que aconteça o mesmo com você.

Outras fotos:






Título: O Código da Vinci – Edição especial para jovens (exemplar cedido pela editora)
Autor: Dan Brown
Editora: Arqueiro
Páginas: 312
Ano: 2016

12 comentários:

  1. Olá...
    Preciso confessar que ainda não li o livro, apenas assisti ao filme, mas "O Código da Vinci" não é uma obra que teno vontade de ler... Concordo com você que modificar a escrita de um livro pode realmente tirar a essência da narrativa e a essência do próprio autor... Não consigo imaginar ler Machado de Assis escrito por outra pessoa... Por mais que as leituras às vezes sejam um pouco complexas, devemos entender que faz parte do estilo do autor, ou do momento em que ele escreveu a obra... Adorei as fotos do post e talvez mais pra frente dê uma chance a esse livro...
    Beijinhos...

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  2. Não sei dizer se nesse livro acabaram prejudicando a história mesmo porque não li, então...Mas Acho muito ruim quando simplificam uma história, adaptam e cortam coisas ou resumem. Acho que não é o mesmo livro, não vale o esforço. Gosto de ler o texto que o autor fez, se dedicou e quis que outros lessem. Acho que a identidade do autor fica na obra que ele escreveu e não em texto adaptado. E fazer uns troços assim pra incentivar jovens a lerem pra mim parece mais incentivo à burrice do que qualquer outra coisa. Aqueles textos que você não entende, se ler com calma e atenção, tentar de novo, sempre vai encontrar significados diferentes e isso é que faz ter graça. Mas achei a proposta desse interessante e queria conferir pra ver se acho diferença com o outro que já li.

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  3. Eu ainda não li este livro, apenas assisti o filme, que por sinal gosto muito, mas por ter assistido o filme, não sei se leria o livro, sempre prefiro primeiro ler o livro para depois assistir o filme, pois se eu assistir o filme primeiro tira totalmente meu interesse pelo livro, então não sei se leria.

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  4. Quando vi essa edição sendo anunciada achei que fosse ser a mesma história só que com uma linguagem mais acessível, mas pelo jeito me enganei. Eu li esse livro logo quando lançou e virou aquele bafafá com gente até dizendo que não acreditava mais na Bíblia e gostei bastante da pegada e da viagem que o autor proporcionou. Mas então não entendi o porque desse livro. É uma pena

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  5. Natália!
    Na verdade, mesmo a obra original, é destinada a quem se interessa pelo assunto, pelos mistérios que o envolvem e também é preciso ter um pouco de conhecimento sobre religião para entendê-la como um todo. Já li o original e confesso que gostei muito, porque o Dan soube amarrar os pontos certos e não me deixou dúvida.
    Tenho de concordar com você em vários aspectos quanto a redução das páginas e inclusão de ilustrações apenas para atrair os leitores. E a qualidade da obra onde fica?
    Gostaria de ler apenas para acompanhar as mudanças feitas.
    “Não existem sonhos impossíveis para aqueles que realmente acreditam que o poder realizador reside no interior de cada ser humano. Sempre que alguém descobre esse poder, algo antes considerado impossível, se torna realidade.” (Albert Einstein)
    FELIZ 2017!
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  6. Não sabia sobre essa edição e confesso que também não vejo sentido. Ainda mais porque ele nem tem uma escrita rebuscada para precisar ser editado e adaptado para que leitores novos possam entender. A narrativa dele tem falhas mesmo, mas eu até que gostei. Ainda prefiro Anjos e Demônios e espero que não façam o mesmo com esse livro.
    Feliz ano novo e boas leituras em 2017!

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  7. eu não vi necessidade de fazer uma versão para jovens desse livro. li o original (na época do lançamento e era adolescente) é um livro de leitura fácil, tá grande, mas com muitas cenas de ação e aventura; o livro para mim foi OK (o que já levei muita "bronca" por causa disso) sabe aqueles livros que vc até gosta, mas não ganha coraçãozinho
    eu sou contra com essas adaptações para atrair o "público jovem" faz uma adaptação como os 10 coisas que eu odeio você e comenta que foi inspirado em shakespeare
    ou então coloca nota de rodapé para explicar

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  8. Eu gostei muito dessa capa que fizeram mas concordo com vc, não tem sentido fazer uma versão para jovens com menos páginas, geralmente nos interessamos pela leitura independente do tamanho do livro.
    Eu li a versão original e foi uma leitura bem arrastada e demorada não gostei nadinha e li meio que por obrigação e fiquei bem decepcionada com o livro em geral.

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  9. Concordo com a sua resenha do início ao fim. Pra que reduzir a quantidade de páginas e de conteúdo importante para fazer os jovens lerem. A qualidade é o que prende o leitor, e uma pena que este deixou a desejar. Ver suas considerações só me deram mais certeza de que quero ler o original.

    Um abraço!
    Parágrafos & Travessões

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  10. Li a edição antiga e gostei, essa achei interessante por ter umas fotos, mas também concordo pra que reduzir as páginas deveria ter deixado com o original e só ter acrescentado as fotos.

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  11. Eu li esse livro tem uns bons anos (na versão antiga) e eu gostei bastante. Acho legal que essa versão tenha fotos, pq as vezes vc pode ficar boiando com sobre o que eles tão falando né? Mas achei isso de ser versão reduzida muito paia...Prefiro ficar sem as fotos!

    bjs

    Lá...E de volta outra vez

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  12. Gostei muito da resenha!! Mas só assisti o filme!! E também curtir bastante essa nova capa!!
    Beijoss

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