Quando a
Martin Claret anunciou que iria traduzir o romance francês de Andrée Chedid
para o português, mesmo não conhecendo a obra de antemão fiquei muito empolgada
ao ler a sinopse que prometia tudo aquilo que amo e que me emociona em um
livro: linguagem poética, um drama infantil baseado na perda de tudo que era
familiar à criança, superação e uma nova visão de família. Além disso, o
período retratado na obra foi de intensos conflitos no Líbano e que obrigaram
muitas pessoas a abandonarem suas raízes e buscarem refúgio em países próximos,
algo que temos visto se repetir nos dias atuais, na Síria. Dando um toque de contemporaneidade à obra.
Omar-Jo
perdeu os pais e o braço num ataque à bomba e logo em seguida se viu sendo despido
de suas raízes culturais ao ser enviado pelo avô a Paris para viver com
parentes distantes. Ali, o menino que não mais se intimida depois de enfrentar
tantas provas, encontra nos dias passados com o velho Maxine um recomeço longe
dos conflitos que acontecem no seu antigo lar. E Maxine, considerado o fracasso
da família desde que abandonou uma carreira estável para viver o sonho de
comandar um Carrossel, encontra no menino o incentivo de que precisava para
seguir em frente com o sonho.
“ Entre irmãos, as piores batalhas não podiam se eternizar. ”
Ao ler O menino múltiplo em alguns momentos
senti um quê de O pequeno príncipe,
quando o principezinho vai aos poucos conquistando a afeição do aviador, assim
fez o menino múltiplo com o velho e rabugento Maxine, o garoto de muitas faces
se infiltrou aos poucos no coração adormecido do proprietário do carrossel e
mostrou a ele que existem várias formas de se encarar os problemas e que a melhor
delas é encarar e com bom-humor.
“ – Você fala às vezes como um menino, às vezes como um homem. Quando você é você mesmo, Omar-Jo? – Em todas essas vezes. ”
Recomendo que
leiam para descobrir a cada trecho e toque sutil da autora, como a história de
um menino que só queria se libertar das durezas de seu passado e de um velho
que só precisava sentir-se amado pode ser libertadora também para você que não
passa pelos mesmos problemas, mas que se esqueceu de que, às vezes, o mais
importante é saber improvisar, e olha, tudo isso é de graça. “De graça!”
“ Não se preocupe, vovô, eu tenho amigos. Tem primeiro, o dono do Carrossel; ele se chama Maxine. Maxine como o santo, mas ele não é um santo! Ele resmunga demais, e por quase nada. Mas não por muito tempo. Apesar de ele não me falar, acho que ele gosta de mim, e eu também gosto dele. ”
Título: O menino múltiplo (exemplar cedido pela editora)
Autora: Andrée Chedid
Editora: Martin Claret
Páginas: 263
Ano: 2017
Achei bonita a premissa desse livro e se faz até pensar um pouco naquela história do pequeno príncipe deve ser especial de alguma forma. Pelo passado do garoto e a perda dos pais você já se sente ruim, querendo que as coisas deem certo pra ele. E a relação dele com esse velho rabugento parece bem bonita, os dois personagens tem muito a oferecer um para o outro. Pode ser uma leitura muito boa, acho que iria gostar.
ResponderExcluirÉ uma história muito bonita mesmo. A forma como eles aos se unem e se tornam família é linda de ver.
ExcluirOlá, Jéssica!
ResponderExcluirMe senti tocada por essa resenha, tanto pelo toque de contemporaneidade que, como você bem falou, une essa história que se passa nos anos 70 durante as guerras no Líbano com as guerras que ocorrem atualmente na Síria quanto pelo toque de O Pequeno Príncipe que ele tem. Omar-Jo passou por tanta coisa, tanta tristeza, que muitos no lugar dele iriam desistir e se deixar levar pela dor, mas ele consegue ver mesmo na dor a alegria de estar vivo e passa essa energia para o Maxine. E é essa beleza e contraste que torna O menino múltiplo único.
Um abraço!
Leti, seu comentario é tão sensível a historia que dá vontade de acrescentar ele a resenha. Traduz muito do que eu senti lendo o livro.
ExcluirParece ser uma historia bem gostosa de se ler apesar do sofrimento desse conflito de que ter que abandonar as raízes que é muito triste e lamentável isso. Deve ser bonita essa amizade do Maxine com Omar um faz bem ao outro. Deve ser uma leitura que deixa o leitor refletindo sobre os acontecimentos da vida.
ResponderExcluirJéssica!
ResponderExcluirNunca li nenhum livro de autor libanês e deve ser bem diferente mesmo.
Achei a história um tanto triste e dramática,ao mesmo tempo que mostra a superação das personagens.
Gosto muito da estratégia de passado e presente.
Fiquei intrigada com o lance da tradução, mas deve ser difícil por causa da língua, né?
Um final de semana alegre e feliz!
“Não há nada que faça um homem suspeitar tanto como o fato de saber pouco.” (Francis Bacon)
Cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA DE OUTUBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
Oi! Esse livro parece ser muito amorzinho. Deve ser muito legal ver o menino incentivando Maxine a seguir em frente e não desistir de seus sonhos. A capa também ta uma graça, da vontade de comprar o livro só para enfeitar a estante hahah Beijos
ResponderExcluirEu nunca tinha ouvido falar do livro, mas assim que li o nome da editora fiquei atenta, a editora anda fazendo trabalhos bem bonitos.
ResponderExcluirQuanto a história eu não sei me interessou tanto assim, não costumo gostar de livros com crianças.
Oi, Jéssica!!
ResponderExcluirA estória parece ser bem interessante!! Achei bem emocionante e maravilhosa essa estória e fiquei bem empolgada pra fazer essa leitura linda!!
Bjoss