Imagine receber a notícia de que seu pai está doente no dia do seu aniversário. Agora imagine que não é qualquer doença, seu pai tem câncer em fase terminal e os médicos não podem fazer mais nada por ele e o tempo que vocês têm juntos é limitado a no máximo quatro meses. O que você faria durante esse tempo?

Taylor Edwards só pensa em fugir.

Quando o pai convoca toda a família para passar um último verão juntos na casa do Lago Phoenix, a garota tenta ao máximo se esquivar porque em sua última visita, há cinco anos, Taylor magoou algumas pessoas e sabe que se voltar irá precisar encarar e concertar os estragos que deixou para trás. E tentar concertar o relacionamento com uma ex-melhor amiga e um ex-namorado de infância parece ser mais difícil do que encarar a morte iminente do pai.

Henry e Lucy guardam muita mágoa de Taylor e confesso que achei que os dramas do trio foram tratados de forma exagerada, o que a garota fez aos doze anos não justifica tamanho aborrecimento por parte dos amigos tanto tempo depois e numa idade em que eles já deveriam ter se tornado um pouco mais maduros. Taylor tem uma irmã mais nova que só pensa em balé e um irmão mais velho obcecado em fatos curiosos que mais parece uma enciclopédia humana. O pai, advogado, mesmo em seus últimos dias insiste em finalizar os casos que tinha em mãos e a família parece preferir não falar em morte e nem reconhecer que tem os dias contados, eles não conversam, não se abrem e não se apoiam. É triste imaginar alguém encarando um momento desses sem apoio algum e isso me incomodou bastante na história.

Entenda, os Edwards se amam, eles apenas não sabem e nem conseguem falar sobre isso em voz alta porque reconhecer que o fim está próximo o torna mais real, inevitável. Entendi isso. Só considero que a autora demorou para introduzir esse momento de abrir o coração na história e que se desde o início enxergássemos um pouco mais de apoio e entendimento entre eles, poderíamos ser fisgados mais rapidamente para essa família, iríamos sofrer junto com eles e ter empatia por essa perda iminente. O fato de a autora priorizar o relacionamento de Taylor com os ex-amigos e deixar o drama familiar mais como algo de segundo plano acabou transformando a narrativa em uma fórmula muito “seção da tarde”.


Achei que a história seria muito emocionante e que derramaria rios de lágrimas durante a leitura, mas acabou que os personagens não me conquistaram e não me fizeram torcer nem pelo bem nem pelo mal deles, esperava que a narrativa fosse se tornar mais envolvente a cada capítulo mas recebia sempre mais do mesmo. Sempre esperamos que uma história de união familiar e perda de um ente querido resulte em trechos emocionantes e de rasgar o coração, mas em Um verão para recomeçar não senti nada disso.

Morgan Matson parece ser dessas autoras que prefere focar no impacto que grandes acontecimentos têm em nossas vidas e nesse livro as maiores mudanças estão na reconstrução dos laços familiares e na restauração de amizades perdidas, mas jamais esquecidas. Um verão para recomeçar não vai ser uma leitura que vai mudar a sua vida, te impactar e ou te surpreender mas pode ser um alívio para quem está precisando diminuir a carga emocional de leituras pesadas.



Título: Um verão para recomeçar (exemplar cedido pela editora)
Autora: Morgan Matson
Editora: Novo Conceito
Páginas: 352
Ano: 2017

16 comentários:

  1. Oi, Jéssica. Eu vi tantas resenhas positivas sobre essa obra que sinto muita vontade de conhecê-la apesar das ressalvas. É triste quando a autora deixa temas mais pesados como segundo plano e foca em outros, parece que a história se torna um pouco superficial.
    Beijos
    http://www.leitoraencantada.com

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Sim, perdeu parte da essencia. Mas é isso aí, vi algumas pessoas que amaram esse livro, espero que você se torne uma delas. Boa leitura!

      Excluir
  2. Achei esse edição da novo conceito tão linda rs..
    Apesar da história não ter me agradado tanto, por isso te compreendo.

    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Esse livro tem um negócio que me chamou atenção. Não parece ser desses que fazem a gente chorar rios, mas tem uma história bonita e que faz pensar. Pode ter uns erros e coisa e tal, mas achei interessante pelo tom de família e amizade na história, por mostrar umas coisas que podem acontecer e o impacto disso, o choque na vida da pessoa. Me deu uma vontade de ler e acho que iria gostar. E mesmo que não seja um daqueles livros transformadores parece ser leve e bom pra se ler e sair de uma daquelas ressacas ou coisa assim por exemplo. Se der vou conferir essa história.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Cris, vi algumas pessoas que amaram esse livro, espero que você se torne uma delas. Boa leitura!

      Excluir
  4. Para mim o livro já vem com uma dose grande de clichê, nada contra clichês (se bem escritos) mas não aprece ser o caso desse.
    Para mim a autora colocou drama demais e não soube aproveitar nada, deixar como pano de fundo a morte do pai do personagem pareceu surreal para mim, mais um livro para a lista dos que jamais irei ler.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Acho que faltou foi drama rss. Até tinha mas não foi bem explorado.

      Excluir
  5. Jéssica!
    Um livro adolescente que envolve ter de enfrentar tantos sentimentos pesados e diversos, deve ser enriquecedor, apesar da grande carga emocional que ele traz e também emoções e sentimentos de perda e amizade.
    Quer dizer que vai dar ressaca literária? Será?
    Deve ser um livro lindo!
    “Todo o nosso saber se reduz a isto: renunciar à nossa existência para podermos existir.” (Johann Goethe)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE OUTUBRO 3 livros, 3 ganhadores, participem.

    ResponderExcluir
  6. Olá, Jéssica!

    O foco ficou muito nas amizades rompidas da Taylor, mesmo que eu sinta que tenha gente na vida real que acha traumático algo que tenha rompido uma amizade aos 12 anos de idade, ao invés da família, que tinha tudo para dar o drama que os leitores esperam nesses livros! Até poderia ter a trama dos amigos que a Taylor magoou, mas em uma dose menor.

    Um abraço!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Leti, claro que com doze anos pode haver traumas, o problema é que nesse caso foi algo muito bobo sabe, só lendo mesmo.

      Excluir
  7. Oi! O livro tinha tudo para ser um daqueles que nos faz derramar rios de lágrimas. Uma pena que a autora não soube "administrar" bem a história. Eu também não seria conquistada pelos personagens. Deve ser bem triste estar em uma situação assim e não receber nenhum apoio. Acho que, por mais que não se consiga dizer em voz alta, uma hora ou outra vai ser inevitável ter essa conversa. A capa é linda, pena que o conteúdo não agradou tanto. Beijos

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Ooie, tbm amei essa capa. Pois, imagina passar meses esperando a morte de um ente querido sem se sentir segura pra desabafar com ninguém? Triste.

      Excluir
  8. Parece ser daquelas leituras leves e descontraída. Pelo tema abordado também achei que seria um livro mais emocionante e que mexeria com as emoções do leitor. Também acho que deveriam se abrir dizer o que sentem, pois são uma família. Pena os motivos da personagem em ter receio de reencontrar a amiga e ex namorado não tenha motivos fortes e que surpreenda.

    ResponderExcluir
  9. Oi, Jéssica!
    No início da resenha tive a impressão de que seria um drama daqueles, do tipo que nos faz derramar litros de lágrimas, mas pelos seus comentários nós duas erramos rsrs... Apesar de gostar de leituras leves a história de Taylor não me interessou, por isso dificilmente eu leria Um verão para recomeçar...
    Abraços!

    ResponderExcluir
  10. Oi, Jéssica!
    Já tinha lido algumas resenhas sobre esse livro, mas é a primeira vez que leio que a autora deixou a estória da família em segundo família.
    Bjoss

    ResponderExcluir

Gostou da postagem? Deixe um comentário. Se não gostou, comente também e deixe a sua opinião.
Se tiver um blog deixe o endereço e retribuiremos a visita.
Aproveite e se inscreva nas promoções e concorra a diversos prêmios.