Bonitinho, mas lento demais.

Erika Foster está quase virando um Robert Langdon da vida. Em seu terceiro romance, a detetive busca junto com sua equipe por um pacote contendo dez quilos de heroína, em um lago localizado na pedreira da cidade. Porém, acham algo mais. Após desembrulhar o segundo pacote encontrado sob as águas do lago, Erika se depara com um esqueleto. Ela, assim, como todos os integrantes da busca, fica chocada ao perceber que o esqueleto é de uma criança. A partir daí, Erika movimentará os pauzinhos necessários para assumir o caso, haja vista que fora transferida para outro setor, tempos atrás. Uma vez no comando do caso, não descansará enquanto não desvendá-lo.

Eu tenho por mim, e vocês hão de convir, que está vez mais difícil escrever uma história policial. Muita coisa tem surgido nos romances policiais, porém, coisas novas fazem com que as velhas sejam deixadas de lado. Sob águas escuras tem tecnologia, mas não tem ação.

Robert Bryndza é bom com as palavras. O livro tem uma pegada rápida, é bem montado, não tem excesso de palavras incomuns, o que o torna um tiro certo para o público-alvo pretendido. Porém, em se tratando da história, eu sou completamente avesso à ideia de tecnologias em romances policiais (eu sei, o mundo gira em torno da tecnologia hoje; eu estou escrevendo isso e você está lendo por causa da tecnologia, mas daria para o livro se passar uns 20 anos atrás), uma vez que as tecnologias tiram o must do livro. Ao invés de os investigadores estarem às ruas, pesquisando, observando, correndo atrás, eles estão numa sala, frente a dezenas de computadores e projetores analisando imagens do Google Street View.


Até por isso, o início do livro é bastante monótono. Em minha opinião, espera-se mais de um romance policial. Correria, busca, pega, bate, tiro, mas, infelizmente, isso só vai acontecer bem perto do final.

Por falar em final, ele seria fascinante se Bryndza não tivesse dado uma escorregada. Ele trabalhou muito bem o livro inteiro, nos fazendo acreditar que ora era um personagem, ora era outro, mas teve um momento que ficou claro, e eu falei "putz! Foi você!!". E eu acertei (e ainda acertei também a metade do mote).

Erika Foster, apesar de ser a protagonista, não é uma personagem que exala carisma. Em verdade, não consegui me apegar a nenhum personagem. Achei-os bem estereotipados. A doida para resolver o caso, o galã, a lagalzinha, os superiores condescendentes, mas chatos quando têm de ser.


Sobre a edição: A editora, por sua vez, fez um trabalho muito bem-feito. Apesar de a tinta estar borrada em algumas páginas, achei o livro resistente e fácil de manusear. A revisão ortográfica está impecável, mas a geral tem um errinho ou outro: um travessão no lugar errado, um diálogo sem travessão, coisa pequena mesmo, nada berrante como os da Dark Side.

Da série Erika Foster, este é o único que eu li. Como eu disse no início, esse é o terceiro, mas pelo que pude notar, a ordem dos fatores não altera o produto. O único problema é que o leitor não se habitua às características dos personagens, que só vão ser descritas parcamente em algumas partes do conteúdo, o que não é culpa do escritor, claro, que com certeza fez as descrições lá no primeiro livro. E digo "com certeza" porque Bryndza é muito minucioso em suas descrições.

Sobre os outros livros, ele faz uma pequena referência ao "A garota no gelo", mas como eu disse, nada que atrapalhe a leitura desse volume.


 

Título: Sob águas escuras (Dark water) - exemplar cedido pela editora
Autor: Robert Bryndza
Editora: Gutenberg
Páginas: 312
Ano: 2018

15 comentários:

  1. Oi, Marcos.

    Por esse caso não ser devidamente solucionado, e ser reaberto, o livro gera uma expectativa em saber os reais motivos por trás desse assassinato, e o porque de ter ficado lacunas abertas.

    A família, por ser turbulenta, apresenta elementos que poderiam culminar mo desejo da morte da garota.

    Um fato que eu gosto nos livros do Robert, é que o assassino está sempre à espreita, rondando a Erika. E, sem falar que, nos livros anteriores, eu super me apeguei à mesma. Acredito que vou gostar desse livro. A Erika é excepcional, tem um bom faro policial. Pena que você não conseguiu se aperfeiçoar a ela.

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    1. Que ela é uma boa policial é fato! Mas não consegui criar essa feição pela personagem. Também concordo com as outras observações!!

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  2. Oiii Marcos

    Realmente a Erika Foster nem de longe chega a ser aquele personagem que a gente se apega, que nos faz rir, chorar, sofrer com ele, mas considero ela até que mediana (pelo menos no primeiro livro que foi o que li).
    Triste que o autor dá essas escorregadas tornando a trama cansativa. Eu tb gosto quando eles saem às ruas, pesquisam, interrogam mesmo, estilo Law and Order.

    Beijos

    www.derepentenoultimolivro.com

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  3. Eu gosto muito do gênero policial, mas nunca tinha parado para refletir como essas novas tecnologias influenciaram nos novos enredos. Realmente grande parte do processo envolve equipamentos e métodos avançados, tirando toda aquela aura de mistério onde o próprio leitor virava um detetive em busca de provas. Eu já tinha ouvido falar sobre o livro e tenho curiosidade para ler a série. Crimes envolvendo crianças são ainda mais chocantes.

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  4. Marcos!
    Sinto que não tenha se identificado com as presonagens e tenha achado o ritmo lento.
    Infelizmente não li ainda nenhum dos livros da série, nem do autor.
    Mas gostei muito de todas suas observações sobre o mistério na resolução do caso que ninguém consegue desvendar, isso faz com que o leitor, sinta-se preso e conectado com a leitura.
    E entendo bem as ressalvas que fez em relação a ser algo complexo, mas não chegar a sentir essa complexidade.
    Bom final de semana!
    “.Aquilo que eu não sei é a minha melhor parte! “ (Clarice Lispector)
    cheirinhos
    Rudy

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  5. Eu não consegui em parte alguma do livro me apegar com os personagens e eu também tive esse mesmo problema nos outros livros anteriores a esse acho que meu problema é esse não foi com essa história e sim com o autor para mim já deu vi que vai haver uma outra continuação mas já desisti do livro

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  6. Olá, Marcos!

    Sou de uma geração que se acostumou com a tecnologia para resolver os crimes, vendo series como CSI e Criminal Minds em que a tecnologia se torna parte fundamental para resolver um caso, mas sem deixar de lado a observação, a dedução e a ação. Mas a tecnologia precisa ser bem trabalhada para a trama manter o ritmo. E é isso que parece ter faltado em Sob Águas Escuras, mesmo que eu ainda não tenha lido o livro para confirmar essa suspeita. O Robert consegue ser detalhista e bom escritor, mas precisa balancear melhor a tecnologia em suas tramas, obtendo um nível maior de suspense.

    Um abraço!

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  7. Oi Marcos,
    Não sou muito de ler livros de investigação policial, mas já li alguns e gostei bastante. Você falando que esse é lento, me desanima um pouco, não to conseguindo ler livros que ficam enrolando ou coisa do tipo :/

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  8. Oi Marcos,
    Nunca tive a oportunidade de ler nada do autor, e até tinha achado legal a premissa do livro quando me deparei com ele, pena que essa questão da tecnologia estraga um pouco a história, também acho que suspenses policiais devem ser montados com aquela ação toda que deixa o leitor vidrado; mas ainda assim tenho curiosidade com o vilão, não ligo de descobrir quem é antes do fim, até gosto, rsrs.
    Beijos

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  9. Gostei da premissa do livro, apesar de adorar histórias com tecnologia, também curto uma ação na hora de pegar o bandido..rs..então o livro deveria mesclar mais esses dois fatores. No mais, acho que proporciona uma boa leitura, daqueles suspenses que queremos saber logo o final!!

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  10. Olá Marcos!

    Confesso que estou um pouco chocada, é a primeira resenha que vejo sobre esse livro que não é completamente positiva, não que isso seja ruim, é claro, é bom ver vários pontos de vista sobre a mesma obra. Ainda estou super afim de ler, se bem que isso da tecnologia também me deixou um pouco com o pé atrás sobre a história.

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  11. Puxa, sempre que leio alguma resenha desse livro, vejo os lados negativos. Até agora ninguém deu nota 10 para a història, o que para mim é desanimador e estou quase convencida que esse livro não é tão bom.

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  12. Olá! Estou louca pra ler esse livro! Tanto pelo gênero quanto pelos elogios que tenho visto sobre as duas obras deste autor, que parece saber demais o que faz! Adorei o suspense envolvido, sem mencionar o fato de termos uma protagonista, uma policial feminina, difícil de ter hoje em livros de suspense. Quero ler pra ontem!


    Bjoxx

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  13. Sei lá..rs Eu sou fã demais do autor e tudo que li dele até agora foi maravilhoso. Há estas escorregadas? Sim! Mas talvez este seja a marca registrada dele.
    Erika é maravilhosa, real, não cheia de frescuras como vemos tantos personagens por aí na literatura. Tão real que ela pode não cativar,mas mesmo assim, vai atrás das pistas que é uma beleza.
    O jeito do autor de colocar todos como culpados e inocentes até o final da história também me agrada muito.
    A capa deste livro é lindíssima e super vale a pena a leitura!
    Beijo

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  14. Apesar de não ler tanto esse gênero concordo com você que a emoção desse gênero é poder vivenciar as investigações junto com os detetives, e a tecnologia roubou mesmo essa magia. Gostei bastante da premissa e pelo que vi o autor não enrola em nada e vai direto ao ponto. Uma pena ele ter se perdido um pouco e facilitando a solução do caso antes do tempo kkk

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