"Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher." 
Já nas primeiras linhas do livro Carta a D., de André Gorz, nos deparamos com esse trecho que pode ser considerado uma síntese da história de amor do autor com sua esposa Dorine. 

Filósofo da esquerda desde os anos 60, pioneiro do pensamento ecológico, o franco-austríaco, André Gorz, conheceu a inglesa Dorine (Doreen) em 1947, na Suíça. E desde o primeiro encontro até o final de suas vidas compartilharam 60 anos juntos. E é essa história de amor que Gorz retrata de forma muito profunda e delicada em Carta a D. Durante a narrativa conhecemos a jornada de amor e companheirismo vivida pelo casal. 


Desde o momento em que se conheceram e se apaixonaram perdidamente, aos anos de militância política na agitada França de 1968, às agruras dos primeiros anos da carreira do filósofo (quando ainda sua obra era desconhecida), até a descoberta da doença de Dorine e a reclusão do casal no final de suas vidas. 

Dorine adoeceu por causa de um contraste que lhe havia sido injetado num exame, sofreu dores intensas e incuráveis durante muitos anos. E, por amor, Gorz mudou sua vida para adequar-se à fragilidade dela. 

Carta a D. foi escrita em 2006 e é marcada por um sentimento de urgência do autor em mostrar para o mundo o seu amor e admiração por sua companheira de toda a vida. 

Em um trecho do livro ele fala sobra a impossibilidade da existência de um sem o outro: 


“Nós desejaríamos não sobreviver um à morte do outro”. E assim foi feito, em setembro de 2007, André e Dorine, já octogenários, decidiram que seria a hora do ponto final de suas vidas e suicidaram-se com uma injeção letal.

O livro Carta a D. traz uma das mais emocionantes declarações de amor que eu já li. Deixo aqui minha indicação de uma história de amor intensa que está repleta de referências históricas de uma movimentada Paris. 

Sobre a edição: O material de Carta a D. é primoroso e está lindíssimo. O formato do livro se assemelha a uma carta, o que compõe perfeitamente com a história retratada. O tamanho é ideal para levarmos em bolsas, mochilas ou até mesmo na mão - uma leitura ideal para nos acompanhar por onde formos. Certamente é uma edição que vale a pena ter na estante! 

 
Título: Carta a D. (exemplar cedido pela editora)
Autor: André Gorz
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 104
Ano: 2018

10 comentários:

  1. Oi Thais,
    Estou vendo muitos elogios a essa obra e fico curiosa.
    Parece ser bem intensa! Fico animada com isso.
    Beijos
    https://estante-da-ale.blogspot.com

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  2. Olá, Thaís.
    Ontem mesmo li uma resenha desse livro que me deixou morrendo de vontade de ler ele. Gostei de saber mais detalhes que ainda não tinha lido e é claro que como romântica que sou, vou querer ler. E essa edição parece estar linda demais.

    Prefácio

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  3. huuuuuuuuuuuu que topper
    Tha, quero ler, eu to lendo em diversos blogs sobre esse livro e ja sei que preciso muito

    https://dosedeestrela.blogspot.com/

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  4. Oi! Este livro parece ser um daqueles bem reflexivos, ainda que seja pequeno, tem bastante sentimento e emoção.. Eu fiquei tocada com a história do autor, que conta pra gente esse amor e essa vida que compartilhou com a mulher e grande amor de sua vida! É lindo ver algo assim, embora eu acredite que vou chorar.. Obrigada pela resenha!

    Bjoxx

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  5. OlaThais! Tudo bem?
    Nossa, mas que trecho cheio de emoção! Adorei a resenha, deve ser realmente lindo! Fiquei super curiosa, ainda mais com essa ambientação em Paris! Adorei!

    Beeijo

    http://lecaferouge.blogspot.com/

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  6. Thais!
    Acredito que justamente pelo autor ser irreverente, correlacionou seu amor à política.
    Já deu para notar que ele era diferente ao cometer suicídio ao lado de seu grande amor, não queria ficar só, e, desconfio que quis causar questionamentos reflexivos e filosóficos sobre suicídio...
    Desejo uma semaninha de luz e paz!
    “É o coração que sente Deus e não a razão.” (Blaise Pascal)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA JULHO - 5 GANHADORES - BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  7. Oi, Thais! Eu comprei esse livro recentemente e to doida para ler. Realmente, parece se tratar de uma história de amor bem intensa.

    Achei muito bonitinha essa edição.

    Abraços.
    Daniela Tiemi
    leiturasecomidinhas.com.br

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  8. Oi Thais,
    Por mais trágico que tenha se tornado o fim do casal, acredito que possamos chamar sim de amor verdadeiro a decisão que ambos tomaram (espero que seja mesmo ambos, rs). Além do livro se tornar belo por ser uma história de amor verdadeira, o mais bonito é ver como se apoiaram nas dificuldades, confesso que me incomoda um pouco saber que a mulher abrir mão de muitas coisas pelo marido, mas quem sou eu para questionar as decisões dela não é?
    Eu já conheço um pouco da história, mas pretendo ler!
    Beijos

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  9. Olá, Thais!

    Não importa pensamento político ou o que você pensa sobre o casal decidir se suicidar quando a vida da Dorine estava próxima do fim, quem ler "Carta a D." verá um amor de verdade, que lida com os obstáculos da realidade, mas mantem a chama desse amor acesa.
    Mesmo num mundo revolucionário como foram os dias de 1968, André e Dorine mostram que o amor está lá de verdade presente. E quando está presente, aqueles votos de casamento tão clichês fazem sentido de verdade. André estava do lado da Dorina na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Mas a morte não os separou, só os uniu mais ainda, como Romeu e Julieta.

    Um abraço!

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  10. Nossa sempre fico tocada lendo sobre esse livro, lindo como o amor é capaz de tantas coisas. Uma leitura emocionante de dedicação ao outro de viver para o outro e de honrar os votos matrimoniais. Sinto que vou chorar com essa leitura mas também vou ficar com o coração quentinho. Pelo menos há a certeza que eles viveram muito bem e que compartilharam muitas histórias juntos

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