Olá leitores, espero que vocês estejam preparados para uma enxurrada de resenhas de romances de época porque minha pastinha está lotada!

E, para começar, vamos falar sobre esse livrinho que está dividindo opiniões. O gosto da tentação poderia simplesmente ser vendido como uma releitura de A dama e o vagabundo, é impossível não fazer a comparação ao conhecer as origens e os modos dos protagonistas, porque o drama todinho é sobre uma dama, dos mais altos círculos aristocráticos, que comete o erro absurdo de se apaixonar por um soldado bruto e sem classe, nascido nas colônias americanas.

Lady Emeline Gordon é tudo aquilo que se espera de uma nobre — filha, irmã, mãe e viúva de condes — ela foi educada a vida inteira para ser a esposa graciosa de um lorde, então, quando ela decide se jogar novamente nos laços do matrimônio, o melhor amigo do irmão, que ela conheceu desde o berço, oferece segurança, proteção e carinho. Samuel Hartley está longe de ser uma opção, mas ele quer provar para ela que tem para oferecer aquilo que é mais importante: amor. 

Por ser uma dama exemplar, ela é procurada por mocinhas que desejam seus conselhos para ser a próxima sensação da temporada. O soldado Samuel Hartley não é bem vindo entre a aristocracia mas precisa estar no meio deles para investigar o episódio que levou à morte seu batalhão inteiro, incluindo o irmão de Emeline, assim, ele usa de sua antiga amizade com o conde para convencer a lady a tutelar sua irmã e a introduzir ambos na sociedade. 

Sabemos o tempo todo que o que motivou a aproximação de Samuel foi a investigação secreta que ele fez sobre o Massacre de Spinner’s Falls e a mocinha percebe rapidamente que Sam esconde algo e que esse segredo está relacionado ao massacre que tirou a vida de seu irmão e mais centenas de soldados. 


Vi que a conformidade com que Emeline trata de buscar por um casamento de conveniência irritou algumas leitoras, mas deixa eu já abrir meus comentários admitindo que eu não vi problema nisso, muito pelo contrário, acho que estamos tão acostumados a ver mocinhas empoderadas que esquecemos que no período regencial as mulheres tinham pouca ou nenhuma independência. A vida dela está literalmente cercada de lordes, a nobreza é a única coisa que ela conhece, não me surpreendeu que ela buscasse ignorar os sentimentos por Samuel, que não importa quão rico seja, nunca fará parte do seu mundinho completamente arrumado e cheio de regras.

Para proteger o coração dela e do filho ela se fecha, e é bem aos poucos que vamos adentrando às camadas e percebendo que essa frieza toda não passa de uma tentativa de se proteger da dor das muitas perdas que sofreu. Como esperar alegria e um coração aberto para decepções de uma mulher que perdeu os pais, o marido e o irmão em um curto intervalo de tempo? Só o que sobrou foi o filho e o noivo que esteve com ela por todas essas perdas. E, falando no filho, cada aparição dele seja com Samuel ou com a mãe, foram com diálogos cheios de fofura, de deixar a gente parecendo manteiga derretida mesmo, e ainda nos deram uma pequena amostra de quem seria Emeline se pudesse viver sem tantas restrições.

No início eu estava achando a narrativa da autora um pouco contida, sem emoção, mas com o avançar da leitura percebi que era um reflexo da personagem que é bastante rígida em seus princípios e modos, conforme ela vai se permitindo viver além das regras e do que é esperado a narrativa também vai ganhando maior ares de liberdade e vai ficando cada vez mais gostosa. Um dos pontos que mais me agradou nessa narrativa mais sóbria foi que a Londres pintada pela autora é muito mais real e vívida, dos esgotos a céu aberto à criminalidade das ruas, a obscuridade londrina não foi deixada de fora.


Sam e Emeline não pareciam combinar, e para falar a verdade, ela era tão esnobe e tinha objetivos de vida tão simplistas que ela nem parecia merecer as atenções do mocinho, mas esse foi um desses casais que te passam uma rasteira quando suas camadas são derrubadas, a química entre eles é explosiva, não por menos. Quando eles resolvem render-se à paixão, o resultado é puro calor.

Um ponto interessante é que a autora quase sempre escreve romances entre nobres e plebeus, o que torna os livros dela únicos, além disso as mocinhas dela geralmente possuem certa independência, seja como Emeline, que é uma viúva com fortuna própria, ou como outras protagonistas que alcançaram a liberdade através de heranças ou de trabalho, são raras as mocinhas dela que dependem da opinião de um homem para decidir o rumo de suas vidas. E, como eu disse lá em cima, quem não ama uma mocinha empoderada?

Meu conselho sobre esse livro é: não se deixe levar pelas resenhas negativas, Emeline não é uma mocinha chata, é na verdade uma mocinha incompreendida. A partir do momento que você coloca na balança tudo aquilo que ela viveu, você a perdoa por se fechar e se agarrar tanto ao que ela considera mais seguro. Foi delicioso de ler e viciante demais tentar desvendar as pistas sobre quem traiu o regimento, a investigação de Sam acrescentou uma dose de situações perigosas e inesperadas que movimentou a história para além do romance. Recomendo fortemente que leiam, eu mesma já estou pronta para devorar o segundo volume.

Abraços!


Sobre a edição: um dos livros com capa comum mais bonitos que eu já vi, nenhuma foto mostra a verdadeira beleza dessas capas, todos os créditos a Renata Vidal que foi a capista responsável por essa série. 


Título: O gosto da tentação 
Autora: Elizabeth Hoyth
Editora: Record
Páginas: 378
Ano: 2018

22 comentários:

  1. Mesmo sem conhecer ainda o trabalho da autora, ela tem trazido isso aos leitores, não somente os romances de época por si somente, mas também este entregar mulheres que já trazem sua história, mas que também são da época.
    Eu li realmente duas resenhas não tão positivas,mas ao menos não foram tão negativas..rs sobre isso do casamento. Mas é preciso realmente entender que naquela época, era assim e não se muda um passado em todos os livros de época né?
    A capa é maravilhosa e com certeza, quero demais saber destas camadas todas sendo retiradas para que o sentimento flua do jeito que tem de ser!!!
    Beijo

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    1. Exatamente, o que me fez gostar da mocinha desse livro foi justamente ela se comportar de acordo com a imposição da época (e estar feliz com isso), mas ver os planos e desejos mudando conforme vai se apaixonando. Vale sim a leitura pra ver por si mesma, beijo!

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  2. Olá! Eita que é um dos meus gêneros favoritos, então vou amar!!! Em relação a esse livro confesso que estava com os meus dois pés atrás, até porque essa é a primeira resenha positiva que leio (já deu uma animada), além disso, não tive contato (ainda) com a escrita da autora, apesar de ter outra trilogia dela aqui na minha estante. A principio não gostei muito de ambos os protagonistas, mas essa resenha me fez ver um outro lado da história e já estou aqui com aquela vontade de tirar minhas próprias conclusões, ainda mais sabendo que teremos uma criança (fofa) no enredo.

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    1. Ah que bom, Elizete! Eu também não curti muito a outra trilogia não, tanto que nem cheguei a terminar o segundo livro, mas pretendo reler porque fiquei com a impressão de que eu é que estava um c* quando li haha nada estava me agradando na época. Mas sobre esse livro, sei que muita gente não curtiu o jeito da protagonista mas acho que isso é porque nos acostumamos muito com as mocinhas empoderadas que querem casar por amor, ter renda, independência e etc que esquecemos que na época não era nem perto disso. Espero que você leia e possa tirar as próprias conclusões, abraço!

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  3. Achei o enredo bem interessante. Esse mistério sobre a morte do batalhão é algo que acaba ligando os personagens, como também prende a atenção do leitor. Quanto ao comportamento da Emeline, é uma questão de ângulo, é necessário levar em conta a época e a situação em si.

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    1. Isso mesmo, ela é um produto da época em que viveu, apenas depois de se apaixonar é que ela vai abrindo mão desses conceitos que desagradaram tanto algumas pessoas, compreender a personagem é essencial pra gostar desse livro. O mistério todo me deixou cheia das teorias, você também vai pirar! Risos. Abraços.

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  4. Primeiramente q capa linda.. livro de época tem q ter capa de época kkkkk
    'Segundamente'... pode mandar resenhas de livros de romance de época pq eu amo kkkkkkk
    Quando vc disse q a busca dela irritou outras leitoras, ela tem q lembrar q romances de época se passa em outra época... e q por mais feminista e independente q seja, a personagem tem q seguir certos padrões, a própria Elizabeth de Orgulho e Preconceito, no fim das contas sabia da importância de um casamento. Na verdade os livros de época q não são assim chegam a ser um pouco fantasioso, pq cá entre nós mtas dessas coisas nunca aconteceria de verdade.. mas a gente ama mesmo assim. Ninguém merece uma protagonista chata, mas acho q tenho q ler pra tirar minhas próprias conclusões kkkkkkkkk

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    1. Falou tudo Yara! E pode deixar que ainda verá muuuuitas resenhas de época por aqui, a pasta de rascunhos está transbordando. Beijo!

      ps: concordo com você, fantasiar (empoderar) demais as personagens mata o contexto histórico.

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  5. Olá! Adoro resenhas de romance de época, já estou preparada para as que virão! ♡
    De fato, esse livro está dividindo opiniões, se não me engano é a primeira vez que vejo isso acontecer. Essa é a primeira resenha positiva que li até agora sobre esse livro.
    Ainda não tive a oportunidade de conhecer as obras da autora, mas gostei muito de saber que ela gosta de criar histórias com mocinhas empoderadas e romances entre pessoas de classes bem distintas, além de que a autora gosta de passar a realidade de Londres naquela época, não só as coisas "bonitas" mas principalmente a obscuridade da cidade tão preferida como cenário para romances de época. Com certeza esses fatores são um diferencial, e me fazem querer conhecer as histórias da Elizabeth Hoyt imediatamente!
    Quero muito conhecer Emeline e Samuel a fundo e claro a obra no geral, antes de tirar minhas próprias conclusões. Mas pelo que tenho percebido essa obra têm potencial para me agradar sim.
    Obrigada pela indicação e por abrir meus olhos sobre a história, porque antes eu não tinha certeza se daria uma chance para o livro, mas agora que li sua resenha acho que essa leitura vale muito a pena.
    Beijos! ♡

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    1. Oi Rayssa, acho que justamente esses pontos que você frisou é que faz com que nem todos gostem dos romances da autora, a começar pela mistura de classes, as leitoras estão acostumadas a ver um nobre com uma plebeia e não o contrário e a Elizabeth mostra muito isso. Desse livro em especifico eu vi algumas resenhas positivas e vindas de bookstans que eu amo e confio, e ela mostrar a Londres suja e fedida e não somente os salões de baile perfumados acho que incomoda, inconscientemente, as leitoras. Eu amei esse realismo. Espero que possa ler e conhecer por si mesma. Abraços!

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  6. Olá!
    Gostei bastante desse livro.Eu me lembro de ter lido algo sobre ele e ficado com uma curiosidade muito grande, mas viram tantos livros que acabei esquecendo. Mas claro, que estou bastante interessada por essa historia, adoro muito garotas empoderadas.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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    1. Graças a zels que temos muitas opções, Lily!! Aproveita que lembrou dele e bota na meta de leitura. Beijo!

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  7. Oie

    Toda essa trama de uma mulher tão diferente para os romances de época, e esse novo amor após a morte do primeiro marido, os conselhos para as garotas que querem entrar para a sociedade. Tudo isso me encanta e me faz querer ler muito o livro, mesmo sem conhecer a escrita da autora. Agora, sinceramente, não consegui gostar dessa capa. kkkkk

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    1. Oi Nil! Já viu essa capa ao vivo ?? Hahaha ela é maravilhosa demais. Aproveita sua próxima visita a livraria pra conferir e também conhecer a escrita da autora. Forte abraço!

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Oiii ❤ Eu estava muito em dúvida se leria esse livro por conta de críticas negativas que vi sobre ele, mas agora que sei que Emeline é apenas uma mocinha incompreendida e que o começo da trama só é sem muita emocão porque é reflexo de Emeline, o que se parar para pensar é bem interessante.
    Acho legal que a autora tenha retratado a criminalidade e a sujeira de Londres, pois não é em todos os romances de época que vemos isso.
    Gosto quando romances de época têm algo a mais, como a ação que esse livro promete, deve ser legal descobrir mais sobre o que realmente aconteceu no dia do massacre.
    Achei a capa linda, ainda mais por ser diferente da dos livros de romance de época que já li.
    Beijos ❤

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    1. Essa série da Elizabeth tem MUITO a mais. Creio que seja por isso que ela tá dividindo os leitores, mas acho que lendo essa resenha e começando a leitura já prestando atenção em quão interessantes são essas diferenças, você vai amar a história mais ainda que eu. Beijo grande!

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  10. Já gostei desse livro!! As vezes o que eu mais sinto falta em livros históricos, que sejam romances ou aventuras, é essa coisa de ser fidedigno à época em que se passa, sabe? Tipo um livro que eu li da época pré revolução industrial e as pessoas falando naturalmente sobre ovnis e magia em plena londres e homens e mulheres se trocando na frente uns dos outros e tal. Gostei muito de saber que ela é mais fiel à umamulher de época (é independente, mas tamvbém fruto de sua época). Obrigada!

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    1. Olá, então acredito que você irá curtir muito essa leitura. Achei ele bem realista e fiel a época em vários aspectos. Leia e nos conte o que achou da leitura. Abraço!

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  11. Oi, Jéssica
    Não li nada da autora, confesso que li várias resenhas de seus livros e não foram positivas.
    Depois de ler sua resenha e seu ponto de vista só aumentou minha vontade de conhecer a escrita da autora.
    Gostei muito da trama e o modo como a personagem foi narrando a história de acordo com sua personalidade.
    Beijos

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  12. Eu ainda não li nada dela, mas tenho alguns livros dela. Eu adoro os trabalhos nas capas,
    dá vontade de ter todos.
    Confesso que essa resenha é preocupou com relação aos livros. Esse ainda não tenho. O Príncipe Corvo é super elogiado, espero que esse livro seja muito bom tambem.

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  13. Apesar de não ter curtido muito a outra série a Hoyt, O Gosto da Tentação me parece ser uma leitura bem fofae com um casal cheio de química

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