Estou numa onda de ler livros relacionados à família ultimamente, mas não foi nada proposital. As três partes de Grace que deixou um misto de sensações e agora A devolvida que não fugiu dessa mesma linha.

Este livro começou sem muitas expectativas, confesso. Não imaginei onde a autora queria chegar e nem se o destino seria concluído com sucesso. A ideia da história foi muito bem feita e me peguei pensando que o desenvolvimento poderia não ser tão proveitoso. Não poderia estar mais enganada.

Na pequena cidade italiana todos conhecem sua história: ela é a criança que os pais naturais, pobres e de família numerosa, “deram” a um parente que não podia ter filhos e que este a devolveu quando a menina frequentava o ensino médio, não por maldade, mas porque a vida pode ser mais complexa do que imaginamos e nos força a fazer escolhas dolorosas.


Ela era a devolvida. Sentia-se como uma estrangeira na nova casa e, desde então, a palavra “mãe” ficava travada em sua garganta. Privada até de um adeus por aqueles que sempre acreditou serem seus pais, ela se vê incrédula ao enfrentar o sofrimento de ser abandonada novamente de forma repentina.

O título do livro faz jus a uma garota que é tão importante naquele ciclo familiar que sequer somos apresentados a ela com seu devido nome. Essa é uma pequena ironia, se fôssemos basear em sua história e como é tratada nos dois lares, o que viveu e onde está vivendo. A devolvida não tem nome, não tem mais uma família de verdade, não tem mais a felicidade que sentia com seus pais adotivos. Ela tinha uma vida confortável, morava perto da praia e tinha as regalias que uma criança poderia desejar ter ― amor, atenção, educação, lazer e comida do bom e do melhor.

De repente tudo muda quando ela descobre que será devolvida para os filhos biológicos. A princípio, ela fica preocupada acreditando que sua mãe adotiva está doente e que precisa passar por um tratamento. De forma brusca, tudo muda. Antes ela tinha uma cama confortável, roupas limpas e cheirosas; agora, precisa dormir num colchão cheirando a urina e todo sujo.

“Toda noite, ela me emprestava um pé para recostar a bochecha. E eu não tinha nada além daquele apoio naquela escuridão recheada de respirações.”
Esperançosa, a garota acreditou que tudo ficaria bem após o possível período de recuperação da mãe e do transtorno do pai. Enquanto as suas vontades não acontecem, a solidão dela é tanta que se apega ao pé da sua “nova” irmã como uma forma de não se sentir sozinha.

Não se devolve um filho simplesmente do nada, principalmente tendo 13 anos de idade. Já foi construído um vínculo entre eles, existe amor, carinho, saudade… Mas qual o motivo desse afastamento? Já adianto uma coisa, que não é spoiler, não é doença. E acredito que isso seja o que mais me surpreendeu na história. 


Ainda que seja doença, você acha que seria motivo suficiente para devolver um filho, ainda que não seja biológico? O que você acredita que pode ter acontecido com aquela família para devolver aquela garota?

É uma leitura carregada de reflexão e nos perguntamos se fôssemos nós naquela situação, como enfrentaríamos isso? Indico o livro para quem gosta do gênero e principalmente para aqueles que torcem um pouco o nariz, pode ser que se surpreenda. O fato de ter apenas 160 páginas pode ajudar quem não curte tanto, mas tenho certeza que vai acabar se surpreendendo assim como aconteceu comigo.


Título: A devolvida (exemplar cedido pela editora)
Autor: Donatella Di Pietrantonio
Editora: Faro Editorial
Páginas: 160
Ano: 2019
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14 comentários:

  1. Puxa, admito que não sabia que este livro era assim tão "pequeno" em matéria de páginas. Mas o mais gostoso é saber que mesmo sendo tão curtinho,a história parece muito completa!
    Dá uma dor no peito ler a resenha, ficar se perguntando como alguém simplesmente devolve uma criança, independente do que aconteça.
    Sei lá...
    Sei que preciso do livro, claro!rs
    Já está na listinha de desejados e espero ler o quanto antes!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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    1. É bem pequeno mesmo, Angela, mas as emoções que ele carrega são incríveis.
      Vale a pena ler
      Beijo

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  2. Olá! É tão perturbador imaginar uma criança nessa situação, ter que enfrentar novamente esse sentimento de rejeição, eu ainda não consegui imaginar um motivo que justifique tamanha maldade, só lendo mesmo esse livro para tentar compreender essa família, e também ver como essa garota lida com toda essa situação.

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    1. Sim, Eli. Demais.
      No início pensei que seria outra coisa bem diferente

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  3. Nat!
    Gosto de livros com dramas familiares!
    Achei que esse é bem dolorido e com certeza ficarei bem mexida ao lê-lo, porque para mim, não entendo essa atitude de devolução e descaso, mas vamos ver qual será a explicação e se ela é plausível...
    cheirinhos
    Rudy

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    1. Que bom, Rudy. Acredito que gostará desse.
      Não posso explicar pra mim o que foi porque daria spoiler. Dá uma lidinha e vamos ver o que acha haha

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  4. Olá!
    Livro que há drama familiar é uma situação complicada, nunca será uma familiar perfeita. Gostei do livro, fiquei bastante curiosa pelo motivo da devolução da crianças e o porque disso. Mas só lendo né. Espero conseguir!

    Meu blog:
    Tempos Literários

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    1. Verdade, Lily
      É pesado e às vezes faz-nos chorar. Consegue sim, leia rs

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  5. Natalia, que história complexa! Parece ser mais uma história cheia de mistérios e temas complexos sobre a família. Admito que logo no início da resenha, já comecei a sentir uma raivinha da família biológica da menina e ao mesmo tempo fiquei me perguntando o que levou ela passar por todas essas rotatividades de lares. Um livro muito curto para o que a escritora que trazer, mas espero que todas as respostas sejam respondidas e nada passe em branco no livro.
    Ótima resenha,
    Beijinhos.

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    1. Na verdade, acho que a adotiva. A biológica eu acredito que a gente até entende. Nem todo mundo tem condições de criar e acaba doando. É o que aconteceu com essa família.
      Mas a família adotiva criar e depois de uns bons anos devolver pra biológica é totalmente fora de cogitação na minha cabeça. Por qualquer motivo que seja.
      Espero que você leia rs.
      Beijos

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  6. Parece ser um livro bem triste e com muita reflexão. E muito forte a questão de ser devolvida quando ja havia criado laços. Vou tentar ler esse livro que deve ser um bom aprendizado.

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  7. Olá! ♡ Parece um livro bem intenso, complexo.
    Que nos faz refletir bastante e nos colocar no lugar da protagonista.
    É tão triste que a garota tenha passado por isso, ninguém merece se sentir rejeitado dessa maneira. Ser tirada de uma família com a qual tinha estabelecido laços para ser devolvida a sua família biológica.
    Espero fazer essa leitura em breve, parece o tipo de livro que mesmo depois de terminarmos sua leitura, ele ainda permanece com a gente.
    Beijos! ♡

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  8. Oiii ❤ Nossa, que triste essa situação enfrentada por essa garota, que ela tenha sido abandonada pelos pais adotivos a quem ela amava e sem nenhuma despedida ainda por cima. Imagino o choque que deve ter sido para ela um dia estar com quem ama e ter uma boa vida e no outro não ter mais nada disso.
    Parece realmente uma história que nos faz refletir e pensar em como seria se estivéssemos na pele da personagem.
    Adoraria fazer essa leitura.
    Beijos ❤

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  9. Que história Naty!!!
    angustiante demais!
    Qualquer que tenha sido a razão para esse abandono para mom não se justifica

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