Eu devo estar numa tremenda ressaca literária, só pode. Porque até agora li uns 3 livros seguidos que não prenderam a minha atenção como eu esperava. Ou talvez seja o fato de ler muito o gênero e não ser enganada por qualquer conversinha e desfecho propostos. 

Thomas Harris é o cara! E digo isso sem precisar ter lido “O silêncio dos inocentes”, considerado um clássico contemporâneo, ou até mesmo outra obra de sua autoria. Eu não conhecia a escrita do autor, mas percebemos o quanto um escritor é bom quando é adorado, elogiado pelos leitores, quando é um gênero bastante batido e mesmo assim ele tem a façanha de surpreender. Obviamente, há pessoas que não gostaram, como também há aqueles que não concordem comigo. Viva a democracia! Viva a liberdade de expressão!

O fato é que, mais uma vez, eu fui com muita sede ao pote. E digo isso com tanta propriedade que eu estava desejando esse livro mais do que qualquer outra obra. E então eu caio naquela mesma história das altas expectativas. Nunca imaginei, tão fortemente, que isso teria alguma influência na minha vida literária. Tinha, eu sei, mas não com tanta intensidade quanto nessa.

Cari Mora seria o livro perfeito pra mim, pois adoro suspense e não é novidade para vocês. Porém, há elementos que acabam atropelando as coisas e não há tanto mistério quanto previ. A história se desenvolve de forma simples, mas já começa intrigante. Da metade para o final ficamos cansados, mas esperançosos que haja o jump of the cat. Mas não. Nem sequer temos gato, não temos pulo e nada que nos convença, ao final, a um plot twist. Pelo menos, não para mim. Mas vamos à história…

Vinte cinco milhões de dólares em ouro estão escondidos em uma mansão em Miami Beach, e seu dono está morto. Há anos homens implacáveis têm tentado encontrar essa fortuna, e agora é a vez de Hans-Peter Schneider. Motivado pela ganância, ele ganha a vida com atividades ilícitas, e a principal delas é realizar as fantasias mais doentias de homens ricos em busca de mulheres peculiares. 

Cari Mora, a caseira da mansão, é uma imigrante que fugiu da violência em seu país de origem. Ela vive em Miami, sempre com medo da sua situação com o Serviço de Imigração e Controle Alfandegário. Como seu visto para os Estados Unidos não é permanente, Cari não pode prosseguir com os estudos, por isso é obrigada a ter vários empregos para se sustentar. 

Cari é considerada uma bela mulher, marcada por cicatrizes da guerra. A jovem atrai o olhar de Hans-Peter quando ele se aproxima do tão desejado tesouro. Mas ela tem habilidades surpreendentes, e essa não é a primeira vez que seu instinto de sobrevivência é posto à prova. Monstros vivem à espreita na fissura que existe entre o desejo dos homens e a sobrevivência das mulheres. 

É ou não é um resumo digno para chamar a atenção? Principalmente quem é fã do gênero. O que gostei na história foi a capacidade de o autor criar uma personagem tão autêntica, tão forte e destemida. O passado dela é tão terrível, mas mesmo assim ela criou forças de onde não tinha para enfrentar o mundo com apenas 25 anos de idade, mas que carrega marcas que a deixam mais velha, mais experiente e mais forte. Cari passou por situações que jamais aguentaríamos e viveu coisas que crianças nunca deveriam passar.

O ponto fraco é que o autor não nos trouxe fortes elementos à história. Tudo é jogado de uma vez, sem maiores surpresas, sem grandes revelações. É isso aqui e acabou. Isso acabou me decepcionando um pouco, mas não é nada que possa ser tenebroso para quem não tem o hábito de ler o gênero. E ainda que você tenha, pode ser que ainda goste, já que muitos livros nós lemos sem esperar um plot twist, uma reviravolta mirabolante. Apenas o mistério em si já basta. Nesse, em especial, eu esperava. Porém, não é uma regra.

Sobre a edição:
A capa está tão linda que dá vontade de deixar na estante com a capa virada para frente, mostrando os relevos e os brilhos que ela proporciona quando manuseamos. As folhas são amareladas e o tamanho da fonte contribui para uma leitura agradável. 


Título: Cari Mora (exemplar cedido pela editora)
Autor: Thomas Harris
Editora: Record
Páginas: 238
Ano: 2019
Compre: aqui

10 comentários:

  1. Você foi generosa demais com essa resenha. Eu estava tão ansiosa para saber mais desta obra que fui também com muita sede ao pote e na primeira resenha? Wowww..rs negativa ao extremo e eu já dei aquela desanimada.
    O autor é incrível sim, por O Silêncio dos Inocentes e não é feio a gente esperar sempre mais e mais de quem já faz o muito bom. Mas pelo que li nas duas resenhas, o enredo tinha tudo para ser maravilhoso, afinal, elementos tem e de sobra. Mas não houve um desenvolvimento dos personagens, do enredo e nem um se jogar mais na história.
    Fiquei curiosa pela capa e sim, talvez eu leia a obra sim, só pra tirar da cabeça que é realmente decepcionante!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  2. Natália!
    Ler Thomas Harris é uma experiência diferenciada.
    E devo concordar que quando temos um ápice com" O silêncio dos inocentes", clássico do terror, claro que vamos esperar um livro excepcional vindo do autor e se lemos um que não está à altura, ficamos mesmo um pouco frustadas, uma pena.
    Mas como falou, o livro tem um bom enredo, basta lermos sem muitas expectativas.
    cheirinhos
    Rudy

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  3. Olá! Esse é um gênero que apesar de sempre aguçar minha curiosidade, ainda não tive a oportunidade de ler muito, realmente é uma pena que o autor, apesar das outras obras de sucesso, não tenha conseguido desenvolver da melhor maneira possível enredo e personagens tão interessantes, a capa é muito bonita mesmo, mas acredito que esse eu vou deixar passar.

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  4. Realmente é uma frustração quando vamos com toda vontade fazer a leitura e ela nos decepciona, sou fã dos romances e isso acontece mais vezes do que eu gostaria. Esse não é um gênero que eu leria pois não curto muito mas gostei dessa premissa, a história parece interessante apesar de tudo.

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  5. Oi, Naty
    O autor escreve um gênero que gosto muito, mas ainda não li. Tenho vontade de conhecer sua escrita.
    Obrigada por ser sincera, assim não crio altas expectativas quando for ler.
    A premissa é bem interessante, espero poder ler logo.
    Beijos

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  6. Olá!
    Eu já tinha ouvido falar do autor mas não parei para saber mais das obras dele. Ao ler a resenha fiquei bem curiosa pela trama, um gênero que gosto bastante. Talvez eu leia ano que vem para conhecer a escrita.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  7. Oi!
    Poxa, que pena que não te agradou. Quero muito conhecer as obras do autor, mas o meu plano é começar pelo clássico Silêncio dos Inocentes.

    Beijos!

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  8. Olá! <3 Eu gosto bastante de suspense, e apesar da premissa deste ser realmente muito boa, acredito que essa leitura não me agradaria tanto. Uma coisa que adoro nesse genero são as grandes revelações e surpresas, sempre espero isso quando estou lendo algo dentro do genero e quando isso não acontece fico meio decepcionada.
    Ano passado o que eu mais fiz foi criar altas expectativas sobre os livros que li e infelizmente uma boa parte deles não supriu as mesmas como eu imaginei que aconteceria, uma pena.
    A capa realmente é muito bonita <3 Beijos!

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  9. Oiii ❤ É triste ter altas expectativas sobre uma leitura e depois ver que a obra não era tudo o que prometia. Isso já aconteceu várias vezes comigo.
    É uma pena que o livro te cansou em certo ponto e que não tenha tido um plot twist. Deve ser desanimador esperar um "boom!" da história, mas ele não acontecer.
    A história parecia ter tudo pra ser boa, triste que não foi tudo isso.
    Beijos ❤

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