Injustiça é a palavra que define bem o mundo secreto, estranho e terrível que é viver dentro da prisão. A obra retrata uma longa jornada de Daniela Arbex para descobrir o destino de um guerrilheiro, além de derrubar a farsa de que um jovem militante político cometeu suicídio.

Arbex mostra, com maestria, como as pessoas, constantemente, lutam pela construção de uma sociedade livre e democrática, aqueles que sobreviveram à ditatura brasileira. Pode passar o tempo que for, todavia, o período mais conturbado por eles jamais será apagado; podem sepultar qualquer coisa, entretanto, a verdade jamais pode ser enterrada.

A história escrita pela a autora é real, o que torna qualquer sentimento multiplicado. A emoção contida na jornada de trabalho da repórter consegue emocionar a todos. Vivemos em um país cercado de injustiças; o que se declara, em nossa Constituição Federal, como um direito fundamental, não é visto e tratado de modo real. Como diria Dimenstein, tudo fica apenas no papel, mas a realidade é outra.

Em 1967, um militante político foi preso e nunca mais foi visto. Nesse período, isso poderia ser considerado comum, visto que no período da ditadura as prisões, torturas e mortes aconteciam de modo excessivo. No entanto, a obra de Arbex visa contar, com exclusividade, a história de Milton Soares de Castro. Ele foi integrante do primeiro e frustrado grupo de guerrilha pós golpe de 64.

A verdade é que Milton foi assassinado de forma cruel, enquanto estava na Penitenciária de Linhares. Os próprios militares forjaram documentos para fazer a população acreditar que tudo não passara de um simples suicídio. Entretanto, algo estranho acontece: o corpo está desaparecido. A ideia de Arbex é justamente esta: reconstituir o calvário de Milton, de seus companheiros e de sua família até sua morte e desaparecimento.

Embora seja um livro de cunho jornalístico, a história é narrada de modo a impressionar o leitor e emocionar-nos a cada descoberta. É possível contemplarmos como os seres humanos são tão cruéis a ponto de fazer tamanhas barbaridades. Mais do que um livro informativo, ele nos faz enxergar que o homem é capaz de fazer de tudo pelo seu próprio bem estar, nem que para isso seja necessário tirar a vida de outra pessoa e simular um suicídio. A que ponto chegamos? Arbex sabe nos dizer.

O título do livro é bem curioso e se encaixa perfeitamente à história. Além da capa bem trabalhada, a Geração cuidou da diagramação de modo belíssimo. Em seu conteúdo, somos contemplados com diversas imagens e cartas.

Este é o segundo livro da autora, o primeiro foi “Holocausto Brasileiro” - destaque no Brasil e em Portugal com mais de 100 mil livros vendidos.

Título: Cova 312
Autora: Daniela Arbex
Editora: Geração Editorial
Ano: 2015
Páginas: 344
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9 comentários:

  1. Naty!
    Gosto desse tipo de estilo, ainda mais quando é baseada em fatos que aconteceram em uma época onde muitos morreram e ninguém sabia o que havia por trás dessas mortes bárbaras.
    Acompanho a Daniela Arbex e ela é maravilhosa.
    cheirinhos
    Rudy

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  2. Injustiça? Isso é o que acontece no Brasil e no mundo
    Já ouvi falar muito bem dessa autora e seus livros sempre relatando a dura e triste realidade.

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  3. Arbex tem o dom de procurar histórias e trazê-las para nós de uma maneira emocionante e algumas vezes chocante.

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  4. Daniela é uma das autoras que mais trabalham por trazer a história!A verdade na história. Os fatos que marcaram toda uma geração.
    Eu sou maluca para conhecer o trabalho dela, principalmente por conta de Holocausto Brasileiro que vi um documentário uma vez e mexeu demais comigo.
    Espero de coração, conhecer todos os livros dessa mulher, mãe, esposa, autora, que vai atrás dos fatos e enfrenta o que for preciso para trazer verdades.
    Beijo
    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  5. Oiii,
    Esse livro é necessário e importante hoje em dia, pois precisamos entender que os humanos são capazes de fazer qualquer coisa pro bem próprio. Não é muito o meu tipo de leitura, mas que com certeza daria uma oportunidade para essa leitura.

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  6. Eu quero muito ler holocausto brasileiro dela e o da boate que acho que ela escreveu tb neh. Falam muito bem de como ela é narra sempre nas resenhas. To bem interessada mas quero ler em um momento certo, se é que tem momento certo, enfim.... espero ler em breve.

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  7. Essa jornalista é incrível. Ela se mete em casos complexos e descobre coisas que nem a equipe designada à investigação havia descoberto. Aborda assuntos pesados de forma série e envolvente.

    Danielle Medeiros de Souza
    danibsb030501@yahoo.com.br

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  8. Com certeza esse livro irá para minha lista de desejados. Já li vários livros que mostraram a triste e violenta realidade dessa época da ditadura, livros com histórias reais e fictícias, mas que sempre nos choca com seus relatos. Fico assustado como atualmente em alguns protestos alguns ainda querem a desumanidade dessa época.

    Evandro

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  9. Olá! Conheci o trabalho da autora nesse período de Pandemia e as várias lives que acompanhei do sofá da minha casa e é incrível o quanto ela entrega, nos trazendo a verdade por trás dos fatos e histórias difíceis de ler, mas de grande importância, casos assim deveriam ter ficado no passado, mas infelizmente vivenciamos algo parecido nos últimos dias.

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