A morte é meu ofício

A Segunda Guerra Mundial foi uma das mais cruéis da história. Várias situações inimagináveis aconteceram com milhões de pessoas, principalmente com as minorias, que foram perseguidas por não fazerem parte da chamada “raça ariana”. Quando presas, várias delas eram mandadas para campos de concentração, onde eram submetidas a trabalhos escravos e mantidos em condições deploráveis, provocando a morte de várias dessas pessoas. Depois de um tempo, não só as doenças, fomes e outros fatores passaram a ser o motivo da morte dessas pessoas, mas também o fato de que Hitler ordenou que eles fossem mortos.

Um dos campos de concentração mais famosos foi o de Auschwitz, que recebeu o nome de um vilarejo próximo. O responsável pelo local era Rudolf Hoess, um oficial da SS. É sobre ele que o livro "A Morte é Meu Ofício" vai contar. Em uma espécie de mini biografia misturado com ficção histórica, já que o autor utilizou partes dos relatos do próprio Rudolf depois de preso, tomou certa liberdade para imaginar - baseado nos relatos - como deve ter acontecido certos momentos principalmente da infância de Hoess, que no livro tem o sobrenome mudado para Lang.

O livro vai acompanhar Lang, desde sua infância, com um pai extremamente controlador, religioso e paranoico, até o momento que ele foge para entrar no exército e suas dificuldades e escaladas de cargo. A infância e a adolescência toma a maior parte do livro, deixando a questão da entrada na SS e dos campos de concentração mais para o final. Mas é interessante, do ponto de vista histórico e psicológico acompanhar todos esses momentos do personagem e das pessoas que o cercam, principalmente em relação à sua família.

Mas, ao mesmo tempo, o livro me passou um sentimento de desconforto e reflexão. Não só pela questão de todos os horrores que aconteceram na guerra, mas por passar uma sensação de querer justificar, ou pelo menos fazer entender o porquê de Rudolf ter feito tudo que ele fez. No final do livro, existe uma nota do tradutor que explica muito bem essa questão, onde cita que essa dúvida também passou pela cabeça dele e que certamente passará pela da maioria das pessoas que forem ler, mas, que no fim, ele chegou a conclusão de que o autor na verdade fez uma crítica disfarçada, e é tudo muito bem explicado pelo tradutor.

Então, acredito que se você for ler, vá entendendo onde você está se metendo e que provavelmente irá se sentir desconfortável também. Leia com cuidado e com atenção e, acima de tudo, reflita sobre o que está lendo. Sendo assim, recomendo esse livro para os que apreciam o tipo de leitura, em mais um bom trabalho da Vestígio.

Título: A morte é meu ofício (exemplar cedido pela editora)
Autor: Robert Merle
Editora: Vestígio
Páginas: 320
Ano: 2022 (Ano original 1952)
Adquira: aqui

11 comentários:

  1. Oi, Fábio! Me interessa muito livros que abordam esse período tão triste e terrível da nossa História. Mesmo tendo conhecimento de sua infância complicada, nada justifica a crueldade praticada por Rudolf Hoess. Acho que esse sentimento de desconforto será comum aos leitores.

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  2. Mas esse sentimento de desconforto certamente essa historia dá e de outros livros biograficos tb de certos seres que só mostram crueldade na sua historia, ou alias, na historia de muitos.
    Apesar de pesado, tenho interesse em ler algumas biografias assim, mas sempre que penso em ler, prefiro ler outra coisa.. sei lá..pesado.

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  3. Imagino mesmo que esse sentimento permeie a leitura.... mas acho que essa tentativa de justificar o injustificável seja algo que o próprio personagem viveu.

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  4. Ola
    Um período tenebroso que não tem como justificar tantas mortes.O ser humano sabe ser cruel .Ele tem escolhas.Ele escolheu matar .Achei interessante a explicação do tradutor. Não é um livro que leria no momento. Talvez futuramente.

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  5. Fabio!
    Os livros que reportam a segunda guerra, Hitler e os campos de concentração, geralmente não são livros fáceis de se ler, principalmente porque acompanhamos o grande sofrimento dos que viveram naquela época. E este me parece ainda mais doloroso...já que foi a escolha do protagonista empreitar mortes as pessoas.
    cheirinhos
    Rudy

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  6. Temas como a Segunda Guerra sempre nos impressionam e me deixam com o coração na mão.
    Dói na alma,mas sempre deixam um alerta em como não repetir o passado.
    Como não conhecia o livro, claro que já preciso dessa obra para ontem!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  7. É tão triste ler sobre os horrores da Segunda Guerra Mundial, porém são leituras necessárias para que não esqueçamos o que um grupo de monstros manipuladores e cruéis são capazes de fazer.

    Danielle Medeiros de Souza
    danibsb030501@yahoo.com.br

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  8. Com certeza mais um título que irá para minha lista de desejados. Durante a resenha também pensei que o fato de mostrar a infância e o passivo do personagem pudesse de algum modo trazer uma justificativa, e interessante que parece que o tal pensamento seja comum. Muito bom ter essa análise do tradutor, até para que possamos ler o livro com uma astúcia a mais, analisando bem a situação e consequências.

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  9. Olá! Eu gosto bastante de livros que abordam esse tema, mesmo sabendo que provavelmente a leitura não há de ser fácil, acho que ela é necessária para não nos esquecermos desse passado tão vergonhoso, fiquei surpresa pela maneira que o autor abordou a questão e faz com que tenhamos até mesmo dúvida em relação ao personagem, fiquei curiosa para entender isso melhor.

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  10. Ainda não tinha ouvido fala desse livro. Interessante para levantar reflexões.

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  11. Oi,
    Nossa, imagino mesmo o desconforto. Leituras sobre a segunda guerra trazem assuntos difíceis mesmo. Acho que nunca saberemos tudo de ruim por completo que Hitler fez, porque ele fez muito, muito mal mesmo.
    Gosto de livros desse tema, por mais complicados que sejam, então vou querer ler sim.
    Bjs

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