Livro: Um dia de cada vez

Alerta: esse livro contém cenas de automutilação. Não é indicado para menores de 18 anos.

Escolhi esse livro pela sinopse. Quando li que a protagonista se arranhava compulsivamente para que a dor física abrandasse a emocional, tinha certeza de que precisava entender os motivos e o que de fato aconteceu com Alexi Littrell. Somos apresentados a uma menina que era aparentemente normal, nos padrões que as pessoas julgam que deve ser. Ela vivia de maneira alegre e rodeada de amigos. Porém, algo acontece e sua vida muda de roteiro.

Decepcionada e envergonhada, ela passa a arranhar o seu pescoço em uma busca desenfreada de diminuir a dor que sentiu naquela noite de verão. Suas blusas e os lençóis são sempre cheios de sangue na altura do colo, mas ela oculta esses sinais de todos; quando não lava as peças de imediato, esconde-as no guarda-roupa para que os pais não vejam.

Um turbilhão de sentimentos é alojado no coração da garota e ela se sente perdida, sem ninguém para confiar e contar esse segredo que tira o seu sono. Alexi tem de viver com uma dor que ela não consegue carregar. Até que surge Bodee Lennox e a faz perceber que o seu mundo não é tão drástico quanto parece, já que ele tem uma história muito mais triste a contar.
“O poder de Bodee está no jeito como ele me decifra, vê através de mim e, depois, entende a verdade por trás da fachada. Ele é o cara que pode passar direto pela Casa de Espelhos na primeira tentativa”.
Bodee é um garoto que poderia ser declarado, também, dentro dos padrões que a sociedade insiste em julgar; tirando o fato dele ser chamado de Ki-Suco, por pintar o cabelo com diversas cores. Porém, tudo muda na vida do garoto. A mãe dele é assassinada pelo próprio pai, sem que este saiba que o garoto assistia a cena. A mãe de Alexi era muito amiga dela e, comovida por Bodee ficar sem abrigo, convida-o a morar com a família Littrell.

Alexi e Bodee não tinham uma relação de amizade antes, tudo começa a surgir após a trágica cena que o garoto assiste. A amizade deles mais parecia como algo piedoso, contudo, não é assim que acontece. Um tem necessidade de ajudar e defender o outro. Independente do que as pessoas falem de Bodee, a garota só quer vê-lo bem e longe de todos que possam machucá-lo.

Além dele, a protagonista tem uma admiração platônica por um desconhecido que escreve várias letras de música na carteira dela. Na verdade, ele escreve uma parte e ela escreve a continuação. A princípio, pode até parecer algo bobo. Porém, as canções transmitem exatamente o que Alexi sente e ela tem ciência que o Capitão Letra de Música está bem próximo dela, mas só falta descobrir quem é.
“– [...] tomo mundo erra. O modo como as pessoas compensam os erros é que conta”.
Você se prende na obra tanto pelo que Alexi passa quanto pelo acontecimento que Bodee foi obrigado a assistir. A autora tem uma narrativa fluida e as páginas são devoradas rapidamente. Desde o início é possível desconfiar de muitas coisas, pelo menos eu consegui. Mesmo eu descobrindo boa parte das coisas, o final foi emocionante para mim. Cada detalhe foi absorvido e engolido com um nó na garganta.

Uma curiosidade aos leitores, segundo a autora afirma, Vinte e três era o título original do livro, pois esse número representa um lugar que Alexi não conseguia alcançar sem ajuda de Bodee, já que foi ele quem auxiliou a garota a contar os buracos na ventilação do teto. Ela sempre tentava e não conseguia chegar aos 23, porque, quando ela piscava, acabava perdendo a conta. Além dessa, a autora nos conta que esse livro não é um relato da vida dela, entretanto, faz questão de salientar que já passou por um processo parecido. É ou não é para se emocionar com esse livro? Agora só me resta aguardar o segundo volume, se um dia vai sair.
“– Por que eu sou tão burra... as coisas sempre dão errado... não importa o que eu faça... o quanto eu me esforce... o que eu vou fazer... ah, Bodee... algum dia você vai me perdoar por isso... por favor... Bodee... por favor... Bodee... por favor... você precisa me perdoar.
– Eu perdoo você, Lex – diz uma voz debaixo da cama”.
Título: Um dia de cada vez
Autora: Courtney C. Stevens
Editora: Suma das Letras
Páginas: 232
Ano: 2014
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5 comentários:

  1. Já fui correndo colocar esse livro no carrinho, mesmo sabendo que não poderei comprar por enquanto. Mas o tema é tão necessário e ontem, por incrível que pareça, uma prima minha de 12 anos, estava falando comigo sobre isso, sobre o tirar a dor por meio da dor.
    Ela já está se cuidando na psicóloga, mas admito que fiquei muito preocupada, pois é o que luto a vida toda.
    Quero demais ler!!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  2. Uau....
    Que livro denso e forte.....e também muito real... quantas pessoas sofrendo e não percebemos por estarem agindo como sempre agiram...
    Pra mim...fica essa reflexão

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  3. Naty!
    A resenha me deixou no mínimo intrigada para saber o que acontece de tão grave com a protagonista e seu amigo.
    E se tem gatilhos, a impressão que ficou é que há mal tratos, o que trata o livro perto da realidade, ainda mais por saber que a autora passou por algo parecido.
    cheirinhos
    Rudy

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  4. Uma leitura bem tensa ,com personagens marcados pela tragédia e dor . Não é um livro que leria no momento.Penso que precisamos estar bem para fazer uma leitura assim.

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  5. Oi, Naty! Uma história com uma carga emocional muito forte! Daquelas que se tornam impossíveis não se envolver com tudo que se passa com os personagens. Sem dúvida, um livro para sentir e emocionar!

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