Vidas Secas
“Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos.” p. 7
Eis uma das frases que abre um dos livros mais importantes da literatura brasileira, livro esse que posterguei a leitura até me sentir pronta o suficiente para lê-lo. Não me arrependo de ter esperado.

Vidas Secas é um desses livros que você ouve falar na escola, todos lhe dizem que precisa ler, mas raramente explica o porquê ou até mesmo qual a importância dele para a literatura. A verdade é que você precisa lê-lo porque é bom.

Originalmente o livro seria apenas um conto chamado Baleia, mas o autor decidiu expandi-lo, o que Graciliano Ramos criou com sua escrita fluida e direta foi um retrato sobre a miséria e as diferenças sociais, acentuadas pelas mudanças climáticas.

Poucos títulos evocam tão bem a ideia de um livro e sua narrativa quanto Vidas Secas, é exatamente sobre isso que lemos. Se a terra, como os sertões, é explorada e sugada pelos fazendeiros e coronéis, evidenciando ainda mais seus períodos de seca, o mesmo ocorre com Fabiano, Sinhá Vitória, Menino Mais Velho, Menino Mais Novo e Baleia.

Vivem de resto, recebem menos que a metade, apesar de produzirem e darem o triplo do que foi pedido. São ensinados que não valem muito, isso é colocado na cabeça de todos desde pequenos, em determinado trecho Fabiano fala inclusive que não tem direito ao “português correto” porque é um bicho.
“Via-se perfeitamente que um sujeito como ele não tinha nascido para falar certo.’’ p. 21
Vidas Secas é um livro triste, pequeno, com muito a dizer. Eu poderia discorrer por várias páginas sobre as escolhas de Graciliano: os filhos de Fabiano e Vitória não tem nome porque representam as crianças famintas pelo Brasil, mas também porque era comum não nomear um filho até saber se ele sobreviveria aos dias de seca. Baleia padece pela fome e doenças tanto quanto qualquer humano, ela ajuda muito a família e embora seja amada, as vezes a tratam com a mesma crueldade que os patrões tratam os protagonistas humanos, ela é um bicho para aqueles que são vistos como bicho também.
“Baleia queria dormir. Acordaria feliz num mundo cheio de preás. (...). O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes.” p. 87
Se ainda não leu Vidas Secas, vá ler, lembrando que o livro entrou em domínio público, então é mais fácil adquiri-lo agora. Um relato triste, cru e ainda muito atual sobre as desigualdades sociais.

Título: Vidas Secas
Autor: Graciliano Ramos
Editora: Galera Record
Páginas: 176
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6 comentários:

  1. A gente lê na escola por "obrigação" e ainda imaturos, não entende a potência, genialidade e crueza desse livro.
    Por isso precisamos reler quando adultos para entender e conhecer uma parte do nosso Brasil

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  2. Tem uma edição desse clássico no meu carrinho! Consegui comprar Memórias Póstumas de Brás Cubas e a próxima compra, será esse livro que sim,já li, já sofri..mas lá na época escolar, onde a gente lê por obrigação e não absorve nada de ensinamentos e olha? Ensinamentos têm demais!!!!
    beijo

    Angela Cunha Gabriel

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  3. Oi, Ingrid! Não me recordo de ler Vidas secas no tempo de escola. E me sinto em falta por ainda não ter lido esse clássico da nossa literatura. Graciliano, sem dúvida, tem muito a nos dizer em poucas páginas. Um Brasil cruel, miserável, desigual retratado de forma tão magistral.

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  4. Ingrid!
    Um dos melhores clássicos nacionais, ainda mais porque retrata a realidade do povo nordestino e olha quando foi escrito. Ainda hoje muitos vivem a mesma realidade.
    cheirinhos
    Rudy

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  5. Olá! Ainda não tive oportunidade de ler esse clássico da nossa literatura, talvez justamente por conta dessa quase obrigatoriedade e cobrança que tínhamos nos tempos de escola. Mas quero muito ler, ainda mais por entregar uma história tão forte e que facilmente demonstra um pouco do hoje.

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  6. Um livro que mesmo que tenha sido escrito há tanto tempo se mantém atual pelos temas abordados na trama ,sem dúvida um dos melhores clássicos de nossa literatura.Tenho vontade de reler .

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