O direito à
verdade é uma obra que, antes de
tudo, faz-nos refletir apenas pelo título e pelo subtítulo: Cartas para uma
criança. O livro recebeu o Prêmio Jabuti 2003 na categoria Educação e
Psicologia. Por esses três fatores a obra chamou a minha atenção e entrou na
lista de uma das melhores leituras do ano.
Logo no início, o autor dá um nocaute naquilo que
chamamos de Estatuto da Criança e do Adolescente. Muitos juristas ousam afirmar
que ele é considerado como de Primeiro Mundo, todavia, não é bem assim que as
coisas acontecem. O autor escolhe dois artigos para provar a sua teoria de que
esse Estatuto está cotidianamente esquecido.
Será realmente que as crianças e os adolescentes têm
todas as oportunidades de desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e
social? Será que sua liberdade e dignidade são tão garantidas quanto o Estatuto
atribui? Sabemos que é dever da família, da comunidade e do Estado assegurar
uma melhor qualidade de vida abrangendo desde a sua criação até a sua educação,
dignidade, respeito e liberdade.
Embora se pregue isso no papel, na prática, quantas
crianças são vítimas de maus tratos, não tem uma qualidade na educação e,
muitas vezes, o poder público se cala mediante tais acontecimentos? Quantas
crianças e adolescentes estão na escola de corpo, enquanto a mente nada sabe e
nada aprende daquilo que está sendo passado? Quando se estatui que é dever
desse tripé estabelecer a educação, não é apenas o direito de o indivíduo ir à
escola, mas ter um ensino de maestria.
A obra prima para que as crianças sejam tratadas como
são, com respeito às diferenças individuais e o direito à verdade. Para o
autor, os pais precisam impor limites, porém, com coerência, pois elas precisam
passar por uma dose tolerada de frustração. Dessa maneira, é possível que elas
aprendam que a filosofia barata do “levar vantagem em tudo” pode sair caro e
ser prejudicial na vida dos pais e da criança.
Outro ponto importante colocado pelo autor e que
merece destaque é no quesito mentiras. Muitos pais mentem para os seus filhos
ou escondem a verdade – como preferir. Ele explica o motivo pelo qual se deve
evitar fazer isso. Vale muito mais uma verdade dura a ter que dizer uma mentira
que os console provisoriamente. E como diria o Posternak: “A melhor e mais
bondosa das mentiras causa muito mais dano que a pior e mais terrível das
verdades!”.
Leonardo Posternak cria a excelente ideia de escrever
cartas para crianças. Ao todo, são dez publicadas no livro, um para cada tipo
de situação. É impossível não se emocionar com a maneira doce que ele remete
suas palavras às crianças. Como explicar a um filho a separação dos próprios
pais? Como fazer uma criança entender que na verdade ele foi adotado? Como
fazer uma criança aceitar que ela precisa ser internada para fazer uma
cirurgia, pois está doente? O autor sabe como fazer tudo isso.
São situações extremamente sensíveis, tensas e
lamentáveis. Porém, Posternark tem um jeito sutil de falar com as crianças.
Além de suas palavras, ele cita poesias dentro de cada carta, alguns versos
associando ao assunto e toca os pequeninos de forma imensurável.
O livro é uma grande lição para os adultos. Essas
cartas deveriam ser lidas por todos e com certeza incentivaria os grandes a não
mentir para os pequenos; a jamais esconder pontos que precisam ser colocados em
observação. O autor ainda ousa dizer que o mundo deveria ser governado pelas
crianças, pois elas são sensíveis, possuem coerência e bom senso. Há quem
duvide dessa teoria, mas há aqueles que conseguem captar a pureza do coração de
uma criança.
A obra é emocionante e surpreendente. A leitura é
totalmente rápida e gostosa. Contudo, o ensinamento que ela nos proporciona
ficará marcado para sempre. E, quando uma criança lhe perguntar o motivo de
algo, pense duas vezes antes de inventar uma desculpa. Ela pode até não saber a
verdade na hora, mas tenha certeza que ela acabará descobrindo. Afinal, de
acordo com o autor, as crianças descobrem tudo. Não ouse duvidar disso! Recomendar
essa obra depois dessa resenha, sem dúvida, é pleonasmo!
Quotes:
“Se a distinção entre verdadeiro e falso for
abandonada, estaremos enfrentando um perigo muito sutil, mas nem por isso
‘menos perigoso’, pois os mentirosos não terão nada a provar e os defensores da
verdade não terão, ao menos, uma causa para questioná-los” (p.11).
“São ao todo dez cartas. [...] Todas têm algo em
comum: refletir sobre assunto que, em geral, os adultos não conseguem conversar
com facilidade com vocês. São coisas das quais não se fala, e como não são
faladas, não são pensadas. O que não é pensado não se conhece. O que não se
conhece dá medo e insegurança” (p.21).
“As diferenças existem: ricos/pobres, bairro
nobre/favela, negros/brancos, família/solidão, vida/morte, católico/budista
etc. Que elas existam não é preocupante, o que é preocupante são as injustiças
e a intolerância que produzem” (p.24).
“Em geral, existem três tipos de pessoas: uma, que
quando sente frio tira toda a roupa e a oferece aos outros; outra, que quando
sente frio, veste toda a roupa, sem emprestar a ninguém; e a última, que quando
está muito frio, veste UM agasalho e empresta o restante das roupas a quem
precisa e acende uma fogueira para esquentar quem fique por perto” (p.28).
Título: O direito à verdade (exemplar cedido pela editora)
Autor: Leonardo Posternak
Editora: Primavera
Páginas: 160
Ano: 2013
Sou estudante de psicologia, e quero muito seguir carreira na educação, ou me especializar em criança e adolescente, e acho que esse livro vai me ajudar muito nisso, já que vou aprender mais sobre os direitos como isso ta sendo aplicado, esse livro já está incluso na minha lista de desejados.
ResponderExcluirApesar do livro parecer ser muito bom ele não me chamou atenção. Achei interessante o fato dele se comunicar diretamente com as crianças e tratar de assuntos tão sérios de uma maneira muito natural.
ResponderExcluirOi Naty, eu não conhecia o autor e nem o livro, sinceramente o livro não me chamou a atenção não ´o tipo de livro que costumo ler bjs.
ResponderExcluirO livro ao todo parece ser muito interessante e educativo. Não é uma leitura que eu faria, mas por se tratar de um assunto que inclui os direitos das crianças, pode-se dizer portanto que é uma leitura obrigatória, e com toda certeza eu leria.
ResponderExcluirBjs!
Naty!
ResponderExcluirDeve mesmo ser um livro bem proveitoso e acredito que todos nós devemos lê-lo para entender um pouco mais o que realmente é o direito das crianças.
“Se não queres que ninguém saiba, não o faças.” (Provérbio Chinês)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
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Oi! Parecer ser bem interessante. Porém eu não faria uma leitura por agora, mas como se trata de um assunto sobre os direitos das crianças, que para mim é uma leitura obrigatória, então com certeza eu leria. É bom para entender um pouco mais sobre.
ResponderExcluirAdorei a resenha e descobrir sobre esse livro. Tudo a ver com minha futura área de atuação. Realmente nem todos os direitos postos no ECA são garantidos, essa é uma luta diária dos militantes da Infância e Juventude. Adorei saber que o livro também contém cartas emocionantes. Fiquei bem curiosa para lê-lo.
ResponderExcluirGostei muito do tema do livro e concordo que na prática o ECA não é seguido corretamente. Gostei também da forma escolhida pelo autor para debater o ECA, apresentando cartas, mostrando o quanto a mentira pode prejudicar o desenvolvimento da criança; achei uma maneira descontraída, pois para quem não gosta muito da leitura de leis,fará com que o leitor consiga ler e entender. Gostei muito da sua resenha, me deixou com muita curiosidade para conhecer os detalhes desta obra.
ResponderExcluirAbraço!
Nossa gostei muito de conhecer o livro, realmente ele deve ser lido por todos os pais, eu espero conseguir ler ele, já o coloquei na lista de desejos, achei bacana a ideia de escrever cartas para as crianças cada uma lidando com um tipo de situação diferente, infelizmente hoje muitas crianças sofrem maus tratos, não possuem educação adequada e vai entre tantas outras coisa.
ResponderExcluirBeijos *-*
Oi Naty.
ResponderExcluirLogo de cara já gostei desse livro por causa de sua proposta: mostrar o quanto o Estatuto da Criança e do Adolescente é falho. Eu também acredito que o ECA tem seus pontos positivos, mas no geral, não contempla a realidade de todas as crianças.
Abraços.
Minhas Impressões
Só o nome do livro já me faz imaginar muitas coisas. Uma graça a resenha e sua forma de citar o autor e falar mais sobre o assunto também. Acredito na pureza da criança! Gostei dos quotes.
ResponderExcluirEmbora não seja do meu interesse normal, este livro parece ser muito profundo, só de ler os quotes que vc passou, ja deu pra ver que o autor é muito bom.
ResponderExcluirOi!
ResponderExcluirAinda não conhecia esse livro e achei bem interessante o que me deixou com muita curiosa para ler e principalmente gostei dos temas que o autor tratou com esse livro que são muito importante e pelos quotes já deu para ter uma ideia !!