Resenha: Cidade dos Etéreos

20.4.16

Resenha: Cidade dos Etéreos

Cidade dos Etéreos, lançado em 2016 pela editora Intrínseca, tem a edição em capa dura, numa cor azul maravilhosa, com cara de livro clássico daqueles que a gente precisa ter na estante. Já é lindo só assim, mas a editora se superou e colocou por cima uma jacket com uma imagem sinistra, bem semelhante à capa do O Orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares, ou seja, deixou nas mãos do leitor a possibilidade de escolher como vai expor seu exemplar.

Quando li o primeiro livro da trilogia, me surpreendi e gostei bastante da história, mesmo com algumas questões tendo sido abordadas de maneira superficial. O segundo livro  começa exatamente onde terminou o anterior. Os peculiares abandonam o antigo orfanato e, numa corrida contra o tempo, saem em busca da única Ymbryne capaz de salvar Srta. Peregrine, que se encontra numa situação complicada e inexplicável.

O livro tem um ritmo frenético. É narrado em primeira pessoa, então temos a sensação de estar vivendo tudo aquilo que acontece nas páginas: a insegurança, a descoberta do poder, as reviravoltas, o perigo que espreita em cada linha da história. Além disso, Riggs amarra muitas pontas que ficaram soltas no livro anterior, e permite que outros personagens ganhem destaque explicando a origem, a peculiaridade ou até mesmo o papel que podem vir a desempenhar na iminente guerra contra os acólitos.

Alguns desses personagens ganharam meu coração e torcida, são eles: Bronwyn, com sua força sobre-humana, lealdade e coração sem igual, carrega os amigos nas costas, literalmente. Não sei o que seria dos peculiares sem ela. Hugh, o menino das abelhas. Eu me perguntei diversas vezes qual a utilidade de controlar abelhas que vivem no próprio estômago... Bom, ele sem dúvidas respondeu muito bem essa questão. E com relação aos personagens novos, me apeguei demais ao Addison. Um fantástico cão falante cheio de estilo e sabedoria. Como não amar?

Muitas coisas acontecem enquanto os jovens viajam por fendas temporais, lutam contra monstros, se protegem de bombas e tiroteios, formam novas alianças e desvendam os segredos por trás dos contos fantásticos de um livro antigo. Tem romance, tem luta, tem suspense. Tem diversos elementos capazes de tornar o livro imperdível. E não há descanso nem para os personagens nem para o leitor, pois é impossível parar de ler. E quando acaba? Ah, quando acaba a gente sente necessidade de mais.

O final não poderia ser melhor, ou mais angustiante. Termina após uma descoberta incrível, naquele momento em que estamos tensos e eufóricos por conta de todos os acontecimentos que culminaram ali, naquele momento. Fiquei surpresa, confesso, ao perceber que o livro finaliza no meio de algo tão importante. Mas não deixei o susto diminuir minha expectativa para o desfecho, pois imaginei que o próximo livro iniciaria a partir daquele ponto exato. No fim das contas, essa sequência conseguiu ser melhor do que o primeiro livro. Impossível não recomendar a leitura de ambos.

O primeiro capítulo de Biblioteca de Almas, terceiro e último livro da trilogia, está disponível no final de Cidade dos Etéreos. Além disso, temos acesso também a uma entrevista incrível com Ransom Riggs, que vale super a pena a leitura. Sem dúvidas esses extras são um belíssimo presente para o leitor, mais uma vez a editora acertou em cheio.

Quotes

“Remamos até esfolar a palma das mãos, até termos certeza de que não conseguiríamos dar mais uma remada sequer, mas mesmo assim dávamos mais uma, depois outra e mais outra”.

“Eu estava ali por um motivo. Havia algo que eu precisava fazer, não apenas ser; e não era fugir ou me esconder, muito menos desistir no instante em que as coisas começassem a parecer aterrorizantes e impossíveis”.

Outras fotos:

 

Título: Cidade dos Etéreos

Autor: Ransom Riggs

Editora: Intrínseca

Páginas: 384

Ano: 2016