Olá pessoal, tudo bem com vocês?

Quem aqui ama revisitar leituras da infância? Eu adoro. E a resenha da vez é de uma coletânea de fábulas que com certeza vocês já leram ou conhecem ao menos uma. La Fontaine, o pai da fábula moderna, adorava mexer com nosso imaginário e nos passar lições através de fábulas envolvendo animais com características humanas, geralmente as piores, cobiça, inveja, preguiça, ódio, ganância, etc. Também há aquelas que nos lembram que sermos generosos e amigáveis quase sempre tem suas recompensas e as vezes só nos prejudica. Devido a linguagem simples e por retratar tão bem as “espertices” humanas através dos animais, o autor conquistou muitos leitores após sua primeira publicação, ainda em 1668.

Quem não conhece a história da cigarra que passou o verão cantando para, no inverno, pedir comida à formiga que, diferente dela, trabalhou noite e dia? Ou a história da lebre que menosprezou a tartaruga e foi vencida por ela, ou da raposa que desdenhou das uvas apenas porque não podia alcançá-las? São essas historinhas que tanto nos divertiram na infância que são recontadas aqui, mas numa linguagem mais adulta e na forma de versos.


Algumas fábulas são muito simples de entender outras não são tão fáceis e nos vemos voltando alguns versos para melhor compreendê-las, isso acabou atrapalhando um pouco a leitura, mas acredito que, ao traduzir os versos para o português, tentaram manter o mais próximo do original possível para não perder o tom poético da obra. O autor também escreveu fábulas usando pessoas para transmitir sua mensagem, mas nelas fica claro porque ele é conhecido pelas fábulas envolvendo animais, essas nos distanciam o suficiente daqueles sentimentos horríveis e por isso se tornam muito mais reflexivas.
A Cigarra e a Formiga  –  Tendo a cigarra, em cantigas, Folgado todo o verão, Achou-se em penúria extrema, Na tormentosa estação.Não lhe restando migalha Que trincasse, a tagarela Foi valer-se da formiga, Que morava perto dela.– Amiga – diz a cigarra – Prometo, à fé de animal, Pagar-vos, antes de Agosto, Os juros e o principal.A formiga nunca empresta, Nunca dá; por isso, junta. – No verão, em que lidavas? – À pedinte, ela pergunta.Responde a outra: – Eu cantava Noite e dia, a toda a hora. – Oh! Bravo! – torna a formiga – Cantavas? Pois dança agora!

Durante a leitura de suas fábulas encontramos várias referências e fábulas inspiradas em Esopo, considerado o precursor do estilo literário. Há também personagens que se repetem quase sempre com o mesmo dilema moral, como a raposa que está sempre tentando enganar ou o leão que é quase sempre retratado como sendo um rei benevolente ou o gato Rodilardo que aparece em ao menos três de suas fábulas como sendo um gato muito esperto e ágil, que causa pânico nos ratos por onde passa.


A diagramação dessa edição é a coisa mais linda, o livro está recheado de gravuras e a arte de capa tem um estilo muito moderno e contextual, e não vou nem falar nada da combinação de cores com o rosa pink tendo destaque, já estava cheia de expectativas por se tratar de um livro com obras que li e reli quando era criança, mas quando o recebi e vi a capa e todas as suas cores me apaixonei mais ainda por essa nova edição.
“Não julgues pela cara; Sim pelo coração.”

Apesar de certa dificuldade na leitura, esse é um livro que me trouxe boas recordações e gostei principalmente de conhecer as versões originais das fábulas que eu apenas conhecia nas versões romanceadas adaptadas para a leitura infantil. As lições de moral de cada fábula foram um prêmio à parte, afinal, estamos em um momento em que a moral humana anda tão em falta não é mesmo? Recomendo a leitura para que sirva de inspiração e lembrete de que “Nunca ninguém faça aos outros o que não quer que lhe façam.” Boa leitura!

“Porque às vezes no laço em que pretende ofender-me, também a si ofende.”


Título: Fábulas (exemplar cedido pela editora)
Autor: Jean de La Fontaine
Editora: Martin Claret
Páginas: 262
Ano: 2017

19 comentários:

  1. Mas que legal esse livro! *-*
    Gente do céu, adoro conhecer as versões originais de contos da infância e coisas assim. A gente percebe umas diferenças e fica tão bom recordar o que aprendeu. É gostoso revisitar o conhecimento que teve, ver de novo ou aprender de uma nova forma. Acho interessante por poder ter uma visão diferente do que teve na infância. Por já ser maior e poder ter uma noção melhor do que estão tentando passar.
    Ahh achei muito legal. E o livro parece uma gracinha! Muito bom, adorei ^^

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  2. Oi, Jéssica
    Ainda não sabia do lançamento desse livro. Super amei!
    Também gosto dessas fábulas que tanto lemos na infância, lembro de todas essas histórias que você citou. Adoraria reler.

    Livros, vamos devorá-los

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  3. Vou gostar muito desse livro. Deixarei anotadinho aqui ;) o post saiu lindo ❤
    Beijos ❤
    Jardim de Palavras

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  4. Oi Jéssica, tudo bem?
    Achei este livro a coisa mais linda, a diagramação está um show, e eu sempre gostei de fábulas desde pequena. Já vai para a lista de desejados.
    Beijos

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  5. Olá, Jéssica!

    As fabulas realmente tem esse poder de, mesmo usando animais para contar uma história, eles refletem o que o homem pode ter de melhor ou pior. E o nosso pior realmente assusta, e tentamos disfarçar o máximo possível dos outros, mas quando ele se manifesta, ele é nefasto. Recebi esses dias o livro A guerra dos mundo de H. G. Wells e notei que o autor usa os aliens como um modo de mostrar também o nosso pior e como ele pode prejudicar as pessoas.
    No fundo, se não fossem as fábulas, livros como A Guerra dos Mundos não existiriam, pois nunca teriamos o discreto mas incrível poder de falar dos erros das pessoas sem a grosseria de apontar-los de forma ofensiva, mas funcionando de uma forma muito mais impactante.

    Um abraço!

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  6. Oi Jéssica!
    Amo fábulas!
    Lia uma todo dia da minha infância praticamente kkmmm
    A que eu mais gosto é O Leão e o Ratinho. Adoro a construção dela s2
    Adorei o livro é a estrutura dele. Como eu adoro fábulas, vou dar uma procurada nele!
    Obrigada pela indicação!

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  7. Jéssica!
    O bom de ler os originais de uma obra, é justamente a descoberta de como foi realmente escrita e quais lições elas nos trazem.
    É o caso aqui da Fábulas de La Fontaine, tão adaptadas, romantizadas e propagadas que de uma forma ou outra já as conhecemos, mas não na forma original.
    Deve ser uma leitura esclarecedora e enriquecedora.
    Boas festas juninas e bom final de semana!!!!
    “O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?” (Clarice Lispector)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE JUNHO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  8. Oi Jessica ;)
    Adoro fábulas, e amo ler livros que adorava quando criança. Da vontade de voltar no tempo né? *-*
    Que livro lindo! Amei a capa, e as histórias parecem muito interessantes, ainda mais se remete a nossa infância. E como adoro histórias que tem uma moral no final, acho que vou amar o livro!
    Muito obrigada pela indicação!
    Bjos

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  9. OI Jéssica.
    Que livro mais fofo, eu adoro fábulas, principalmente aquelas que nos faz lembrar da infância, eu gostei bastante da premissa do livro também, e ele não poderia ficar de fora da minha lista de próximas leituras.
    Bjs.

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  10. Oi Jéssica,
    Também adoro revisitar leituras da infância, até estou tentando lembrar dos primeiros livros que li, mas está bem difícil :/
    Lia muito essas fábulas quando criança, mas na inocência nem entendia as lições que cada uma passava, então gostei dessa indicação de leitura, principalmente para conhecer as versões originais e numa narrativa mais reflexiva.
    A diagramação do livro esta um encanto *-*
    Beijos

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  11. Achei interessante o livro e bom para presentear também afinal todos conhecemos fábulas elas nos passam ótimas lições. Pena que algumas a linguagem é mais difícil terei que reler para compreender também.

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  12. Essa editora está caprichando demais nos livros, um mais lindo que o outro.
    Me deu um pouco de nostalgia ver esse título, lembro que ganhei um livro do autor de presente da minha mãe quando era criança e lembro que li ele incansavelmente e admito que fiquei morrendo de vontade de ter esse exemplar e ler tudo de novo.

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  13. Oi, Jéssica!
    Não tenho o costume de revisitar leituras da minha infância, guardo-as com carinho na minha estante e sempre empresto aos meus primos menores para os ler e se encantarem com as histórias que me encantaram, mas confesso que nesses momentos fico com uma pequena vontade de os reler, ainda mais agora que li sua resenha...
    Em relação ao livro Fábulas de La Fontaine, acredito que também terei dificuldade em alguns momentos assim como aconteceu com você por causa das histórias serem contadas em forma de verso, estou meio enferrujada com leitura desse estilo, mas vou me aventurar sim nesse livro, acredito que vale a pena ler... Então, valeu pela dica!

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  14. Oi!
    Nossa, bateu aquela leve nostalgia agora hahaha. Eu também só conheço as fábulas adaptadas para a leitura infantil, e já to super curiosa pra conhecer a versão original! A edição ta linda mesmo, e deve ser sensacional ler com imagens junto. Beijoss

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  15. Oi, Jéssica!!
    Que livro mais lindo achei a capa é diagramação maravilhosa!! Gosto bastante de fábulas por que lembra muito minha infância e sem dúvida ficaria encantada em ter esse livro na minha estante.
    Bjos

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  16. Amo fàbulas, apesar de não encontrar com facilidade livros no estilo. Esse eu gostei e procurarei ler com certeza.

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  17. Olá Jéssica!!!
    Sim, eu sou uma grande fã de fábulas e quando vi sua resenha me lembrei de um dos contos que li no meu curso de Letras, mas especificamente na área de Linguística.
    Também, me fez lembrar da infância quando meu pai me contava a fábula de "A Cigarra e a Formiga".
    Achei a edição super fofa e senti falta de algumas fábulas que li e ouvi ^^

    lereliterario.blogspot.com

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  18. Eu sei o motivo do texto ser tão rebuscado, é porque a tradução é do Barão de Paranapiacaba, que nasceu no século XIV. Acho que a edição ficou muito bonita, foi uma ótima iniciativa da editora, mas acho que pecou em não colocar uma tradução mais atual.
    Agora estou em dúvida se vale a pena comprar essa edição.

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    Respostas
    1. Exatamente! A leitura acaba ficando muito enfadonha porque a escrita é muito rebuscada, aí desanima e a gente acaba perdendo a fluidez da leitura tendo que parar o tempo inteiro pra procurar o significado da palavra.

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