Em As perguntas, seguimos o dia de Alina, uma mulher que trabalha em uma produtora de vídeos em São Paulo, cursa doutorado em história das religiões. Ela tem um emprego tedioso de editora de vídeo e, claramente, não está feliz com o que faz. A jovem estudou tantos anos e, no final das contas, trabalha em algo que não gosta apenas para quitar suas dívidas. De repente, ela recebe um telefonema da delegacia e pedem sua ajuda para solução de um problema.

Ela enxerga sombras e vultos desde criança. É especializada em tradições ocultistas e aferrada à racionalidade que tudo ilumina, a jovem se acostumou a considerar as aparições como simples vestígios de sonhos interrompidos. E é aí que a ligação da delegacia entra e desarruma sua rotina. A polícia suspeita de que uma seita esteja causando uma onda de surtos psicóticos em São Paulo. A única pista disponível é um símbolo geométrico desenhado por uma das vítimas.

Seja lá com o sentido de fazer o bem ou simplesmente para sair do tédio, Alina investiga o mistério que a fará questionar os limites entre a razão e a religião, a cultura e a crença. Quando ela vai até a delegacia, o leitor acompanha tanto as perguntas feitas pela delegada quanto a ausência de respostas de Alina, afinal, ela é apenas uma doutoranda e não uma especialista como o personagem famosíssimo de Dan Brown. O fato de ser doutoranda não é fator para uma pessoa ter a capacidade de responder qualquer questionamento ou saber cada detalhe colocado à frente de uma investigação.


O fato de ser chamada é algo que muda a sua rotina e a faz se sentir importante, mas é só. Nessa parte o autor nos apresenta isso para mostrar que tudo é possível, inclusive nada acontecer. E é nesse ponto que muitos leitores podem ter reclamado e achado como um ponto negativo, já que ficamos esperando uma reviravolta, algo mirabolante e não encontramos.

A protagonista pesquisa sobre a seita por conta própria e conta com a ajuda de Fábio, seu amigo. A cada pesquisa, a jovem estava cada vez mais envolvida em descobrir esse mistério, arriscando-se, inclusive, mas sem pensar nas consequências, mal sabendo que enfrentará coisas novas, sendo necessário enfrentar seus próprios medos para obter as respostas que tanto deseja.

Sobre a personagem não tenho do que reclamar. Ela é forte e muito corajosa. O autor criou uma protagonista real, que encontramos por aí, já que essa vida que ela levava e ainda leva é algo comum nos dias de hoje, principalmente em cidade grande. Acordar cedo, estudar muito, trabalhar mais ainda e dormir pouco. Além de tantos outros fatores que mostram que Alina é uma mulher batalhadora, que deseja respostas e vai em busca delas. Em contrapartida, desafiar seus medos e outras coisas podem não ser tão comuns em nosso dia a dia... Vai saber...


O que me incomodou no livro, que pode não acontecer com você, foi o desfecho. Não posso explicá-lo, mas não gosto de concluir uma obra e ter perguntas. Talvez a intenção do autor tenha sido essa e não o julgo por isso.

A diagramação do livro é agradável, a capa é simples, mas bonita. É um livro que você precisa embarcar sem ficar seguro de que tudo será respondido. Aliás, paremos para analisar... Em nossa vida, no nosso dia a dia, não temos todas as respostas, talvez o intuito do autor tenha sido exatamente esse. Não saberemos se você gostará se não lê-lo.

Outras fotos:



Título: As perguntas (exemplar cedido pela editora)
Autor: Antônio Xerxenesky
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 184
Ano: 2017

10 comentários:

  1. Oi Nat,
    Eu gosto de um bom mistério e não sabia dessa abordagem do livro, fiquei curiosa. Gostei da Alina, ao ler a resenha.

    bjs
    Nana - Canto Cultzíneo

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  2. Oi, Natalia.

    Acho que com essas aparições e investigação dessa seita, talvez ela começe a questionar se tudo são frutos de sonhos mesmo. Mas, com certeza algo atiça a curiosidade dela em saber o que essa seita pode influenciar e o que tem a ver com tais ondas de surtos.

    Confesso que eu fiquei meio confusa com o enredo...

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  3. Achei interessante pelo jeito tão real da garota. Passa mesmo uma coisa que a gente consegue imaginar, essa vida cheia de rotina e coisa e tal. O negócio todo da seita e como ela investiga esse caso pode ser interessante, deixar a gente com perguntas e essas coisas pode ser legal. Mas no geral não sei muito o que esperar desse livro se fosse ler. Achei interessante, mas sei lá se iria gostar tanto. E também tenho uma birra com livros que deixam perguntas...fica uma sensação de precisar ter mais, aquela vontade de fechar tudo sabe? Depende de como é feito na história, mas tem muito livro que me decepciona um pouco quando fazem algo assim e acabou, é isso. Sei lá, gostei mas fiquei encima do muro. Não sei se leria.

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  4. Oi, Natália! Achei a premissa da história interessante, só fico um pouco receosa porque às vezes essas perguntas que ficam ao fim da história também me incomodam um pouco... Mas só lendo pra saber se vou gostar mesmo!

    Beijo!
    www.controversos.com

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  5. Não conhecia o livro, esse livro deixou-me com aquela dualidade, acho interessante mas não sei se iria gostar. :)

    MRS. MARGOT

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  6. Olá Natália, gostei de conhecer o livro, já anotei na minha lista!
    Beijos <3

    Estante Clássica

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  7. Natália!
    Já estava tão empolgada ao ler o pequeno resumo da obra, sobre as previsões de Alina e sobre todos os acontecimentos com ela, mas ao ver sua decepção com o final da história, fiquei receosa, porque é o tipo de assunto que tem de ter explicações precisas e terminar tudo amarradinho, para que o leitor sinta-se satisfeito com a leitura.
    Ainda assim, como gosto do assunto e gosto de conhecer novos autores nacionais, gostaria de ler.
    Desejo um ótimo final de semana!
    “Bem aventurados os que mudam suas atitudes sem esperar um ano novo.” (Desconhecido)
    cheirinhos
    Rudy
    1º TOP COMENTARISTA do ano 3 livros + Kit de papelaria, 3 ganhadores, participem!

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  8. Parece ser interessante, fiquei intrigada com essas sombras deixa um mistério no ar, só estranhei o fato dela ser chamada na delegacia achei que iria ter vários acontecimentos e uma dose de adrenalina, mas pelo menos ela passa a investigar por conta, quem sabe da uma agitada na trama rs.

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  9. Oi, Naty!!
    Gosto de livros que tem uma pitada de mistérios no ar, só fiquei confusa por que o autor não deu uma reviravolta na história. Mas mesmo assim fiquei curiosa com livro.
    Bjos

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  10. É uma premissa muito interessante, deixa o leitor curioso logo de cara mas ai vem a questão de que essa curiosidade não será sanada. Acho que a ideia do autor era realmente deixar essa reflexão em quem esta lendo, até por tratar de assuntos que muita gente não gosta de discutir. Creio que ele deixou para que cada um decidisse o final do jeito que achar melhor

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