“Uma vida marcada pela humilhação e pela infelicidade. Podemos resumir assim a trajetória de Marvin Demoore, homem de modos nada corteses, rude, seco, policial na California. De origem inglesa, filho de uma prostituta, poucos amigos, Marvin se vê metido num rede de intrigas perigosas ao se envolver com Jaak, filha de um poderoso magnata da tecnologia e que apresenta problemas psiquiátricos, como sua falecida mãe, Laura.”

Realmente a vida de Marvin não é nada fácil. Logo no início do livro somos apresentados aos personagens principais, com foco na família Lewis e na família Demoore. É possível notar a diferença entre as duas, enquanto a primeira é rica, poderosa e que resolveu casar com uma garota esquizofrênica; a segunda é pobre, tem apenas uma mãe que se prostitui e o filho que é abusado por um dos clientes da mãe. A única relação entre as duas é que ambas são famílias totalmente desestruturadas.

O livro não nos poupa das crueldades da vida, e desde o início vão nos sendo jogados fatos e ações que vão mostrando o motivo de Demoore se comportar de forma inconstante e rebelde. E o principal causador é o chefe de polícia McMegory, que era quem abusava de Marvin junto com a mãe quando era criança, causando esses traumas no personagem.


É interessante notar a relação de dependência que ocorre entre os dois. O ódio de Demoore faz com que este, ao crescer, acabe se juntando à polícia para poder ficar ao lado de MacMegory na intenção de poder, no futuro, acabar com o policial, ao mesmo tempo que o chefe de polícia quer Marvin ao seu lado, pois de certa forma o ama. É uma relação doentia, mas que infelizmente às vezes ocorre. 

No livro todo não existe um personagem sequer que seja considerado “normal”. É a realidade nua e crua da vida passada para os leitores através das páginas desse livro. E isso ao mesmo tempo torna-se interessante não só pela reflexão que causa, como também pelo fato de que, com o tempo, pessoas começam a morrer e a culpa desses assassinatos claramente são jogados em tentativas de incriminar Demoore, e como não tem uma pessoa que se salve nesse livro, você passa a desconfiar de todos. 

Marvin é um personagem daqueles que ou você ama ou você odeia. Seu comportamento pode causar agonia em quem estiver lendo, ou pode fascinar com sua forma ambígua de ser. A única certeza que tenho é que é totalmente compreensível seus atos. É interessante notar como apenas algumas pessoas selecionadas são realmente dignas de sua amizade.


No começo do livro talvez o leitor fique meio perdido, porém, com o desenrolar da trama você vai se achando. A escrita da autora eu tenho que descrever como algo meio esquizofrênico, é rápido, direto ao ponto, não linear. Então, se você não gosta desse tipo de escrita, caia fora ou já vá considerando esse fato.

No mais, é um livro que me agradou, é uma narrativa que se encerra nesse livro mesmo, mas que ao mesmo tempo deixa possibilidades (sem pontas soltas) para um segundo livro, que, por sinal, já foi lançado na Amazon em forma de e-book e pretendo ler no futuro. Recomendo sim este livro, porém, não para todo mundo e principalmente para quem não gosta de sair da zona de conforto na leitura.

Abraços e até a próxima =*

Título: Um milênio para amanhecer (exemplar cedido pela autora)
Autor: Anne Venditti
Editora: Giostri
Páginas: 252
Ano: 2017

19 comentários:

  1. Olá,
    Não conhecia esse livro, mas achei a premissa interessante.
    Essa relação dele com o chefe de polícia, soa muito doentia mesmo. Fiquei curiosa com o final. Ficarei de olho na Amazon.

    até mais,
    Nana - Canto Cultzíneo

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    1. Olá Nana.

      Sim, é uma relação bem conturbada. Vale a leitura. =D

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  2. Não sou muito de ler, mas gostei do livro. Parece ser interessante :)

    https://heyimwiththeband.blogspot.com.br/

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    1. Olá.

      Ah, tem muitos livros bons, quem sabe esse não te arada? =D

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  3. Oi Fábio.
    Essa história parece bem interessante. Um bom thriler, com diversos suspeitos. Adoro livros assim.
    Achei interessante não haver nenhum personagem considerado "normal". Eles parecem bem críveis, com passado bem difíceis.
    Não me incomodo com narrativas não linear, desde que dê para entender o que está acontecendo.
    Espero ter a oportunidade de ler esse livro.
    Beijos

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    1. Olá Pamela.

      Sim, é bem interessante, inclusive essa parte de não ter um personagem "normal". Apesar de não ser linear da sim para entender o que está acontecendo. Recomendo. =*

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  4. Esse livro é cheio de mistérios e histórias fortes com seus personagens. Já tinha ouvido falar dele e fiquei curiosa para ler!! Gosto de tramas que vão direto ao ponto, sem muitos rodeios desnecessários!! O personagem Marvin sofreu bastante e com isso se tornou uma pessoa forte, querendo consertar as coisas erradas de seu passado.

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    1. Olá Karina.

      Sim, as histórias aqui são fortes. A trama é direta e em um ritmo alto. Marvin é de longe o personagem mais complicado. Vale muito a pena a leitura.

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  5. Fábio!
    Confesso que não conhecia o livra, porém gosto quando o livro traz tons de realidade.
    Aqui parece que ninguém é 'santo' e qualquer um pode ser o responsável pelos assassinatos.
    Achei intstigante.
    “Não acredite em tudo que ouvires! Há mentiras que sempre serão ditas, e verdades que jamais serão pronunciadas...” (Eliane Azevedo)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA MARÇO: 3 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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    1. Olá Rudynalva.

      Sim, apesar dos personagens terem algum tipo de problema, eles mostram tramas bem reais e isso que é bom. Recomendo.

      Bjs

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  6. Oi, Fábio.

    De fato, os personagens são meio loucos e até mesmo incompreensíveis, né?

    Até que se prove o contrário, não há como dá credibilidade para o Demoore e não culpá-lo pelos assassinatos, no decorrer do livro.

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    1. Olá Daiane.

      No começo alguns são incompreensíveis mesmo, mas depois você passa a entender melhor a personalidade de cada um.

      Exato. Ele é culpado até que se diga o contrário.

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  7. Achei legal por toda essa crueldade e as coisas ruins da vida que a história passa. É uma coisa ruim de ler mas que a gente consegue ver no mundo, algo que te passa aquelas lições, que faz pensar, que você vê o ruim sem poupar detalhes ou enfeitar. Só por isso leria. Achei legal também esse tipo da escrita, direto ao ponto e do jeito que falou. Gosto. Fica uma coisa diferente pra ler, sei lá. Acho que iria curtir a leitura.

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    1. Olá Cristiane.

      Sim, dá para tirar várias lições das coisas que acontecem. No mínimo é para se refletir. A escrita direta também é um diferencial. Acho que pode curtir sim.

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  8. Olá Fábio,
    Não conhecia esse livro, mas confesso que fiquei intrigada para ler.
    Gosto de tramas assim, com personagens que tem traumas passados e que com o passar da história passamos a entendê-los um pouco mais. Um livro com muitas intrigas e que traz personagens únicos, e pelo que vi, com uma carga dramática considerável. Além disso, fiquei curiosa para conferir essa narrativa distinta da autora, eu particularmente adoro um desafio assim.
    Fiquei curiosa para saber um pouco mais do que acontece no segundo livro.
    Beijos

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  9. Eu não gostei muito da escrita da autora e eu também achei o começo do livro muito confuso mas ideias mas realmente não foi uma leitura muito proveitosa para mim

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  10. Oi, Fábio!!
    Não conhecia esse livro e pelo que vi ninguém é um modelo de perfeição nessa história e a relação entre o Marvin e do chefe de polícia McMegory é no mínimo doentia.
    Bjoss

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  11. Esse livro não me chamou a atenção pelos seguintes motivos: 1) não gostei da capa; 2) não gostei de saber que o início é confuso; 3) tem continuação. Por mais que a sua nota e resenha tenha sido favorável, vou deixar pra próxima.

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  12. Com certeza é um livro forte, senti que o Marvin com toda a situação que passou acabou vivendo para se vingar e com isso acabou agradando o doentio abusador que o queria por perto. Acho que a premissa é bem diferente de tudo que já li, creio que não faria a leitura justamente por não me sentir bem com esses temas e também porque ainda não quero sair da minha zona de conforto kkk

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