Stephen King 1000 graus!!

Na verdade, é mais frio do que eu imaginava. 

A incendiária conta a história de Charlie. Uma menina de sete/oito anos que, vocês já devem saber, tem o poder de criar e controlar o fogo. Ela é assim devido a uma mutação genética (hereditária) cujos pais adquiriram após participarem de um experimento na época da faculdade, momento em que se conheceram, com um produto denominado “Lote Seis”.

A história começa mostrando Charlie e seu pai fugindo de autoridades que há muito os vêm caçando. Stephen King aplica informações conforme a história se desenvolve e, quando necessário, faz um fluxo de pensamento e nos leva a conhecer a origem do caso. Essa primeira parte, portanto, é dividida entre presente e passado; a fuga dos dois com momentos que nos clareiam a ideia do porquê tudo isso está acontecendo.


Charlie é uma menina muito carismática, capaz de cativar lugar no seu coraçãozinho. Um sentimento amoroso parece aflorar de sua pele juntamente com o poder de fogo e ela é perdidamente apaixonada pelo pai. Capaz de mover céus e terras por ele. Charlie faz coisas consideradas erradas para mantê-los em movimento, fugindo de quem os procura. Porém, ela é uma menina muito esperta e inteligente, e quando precisa, sabe transformar o coração em pedra. Dona de uma vocabulário impecável, Charlie muitas vezes parece a adulta da história. 

A segunda parte do livro (não há essa divisão física, mas é visível a divisão psicológica dos fatos) é um pouco mais arrastada. Apesar de inseridos muitos outros personagens que fazem o livro ter volume, a história perde cadência e os fatos seguem a velocidade de um barco à vela. 

Andy, um pai superprotetor, dadas as circunstâncias, está enclausurado, engordando feito uma porca e dopado por conta de medicamentos que inibem a ação de seus poderes. Separados há muito tempo, Andy e Charlie passam grande parte do livro sem usarem os poderes (o que é praticamente motivo de todos os pontos altos do livro) e acaba gerando essa monotonia na história, o que, em comparação com outros livros do Stephen King, fará muita gente achar esse um livro chato, com pouca cara de SK. 


O livro não é banhado em sangue como a maioria dos livros do Stephen King, mas pode ter certeza que sentirá um pingos te acertarem o rosto. Não é um conteúdo que pode ser chamado de “terror”, então acredito que todos aqueles que têm medinho do tio King podem ler à vontade. Acredito que a história nos mostra mais a força do amor entre pai e filha, a força de vontade entre eles de quererem ficarem juntos. Andy é um personagem que daria a vida pela própria filha sem piscar e vemos isso frequentemente no roteiro. Suas atitudes me lembraram muito (não me lembro agora o nome do féla), mas é o personagem principal do livro “O demonologista” (que está sobre a minha cabeça, mas estou com preguiça de pegar para ver o nome dele). Os dois homens são de atitude, sem frescura e fazem de tudo para proteger a filha, sem pensar nas possíveis consequências sobre eles mesmos.

Apesar da história um pouco lenta, King mantém seu padrão no estilo narrativo. Buscando um público jovem-adulto, ele usa de uma linguagem acessível, com poucos efeitos estilísticos e, depois da segunda parte, mantém a narrativa linearmente.

A história, no geral, tem alguns pontos bem piegas: aquele momento em que tudo parece dar certo, não vai dar certo, porque o livro precisa continuar. Eles dois sofrem muito o livro inteiro e nós nos perguntamos junto com eles: “quando isso vai acabar?”. Mas é uma história que precisa ser lida. Primeiro porque é um King. Segundo porque é um King. Terceiro porque o livro é lindo. 


Aproveitando, gostaria de agradecer à Companhia das Letras e à Suma por ceder ao Blog Revelando Sentimentos material tão perfeito, e por fazer uma criança feliz, me dando a responsabilidade de resenhar o livro. 

Sobre a edição: Já é sabido que a Suma vem fazendo um trabalho mais do que excelente nessa coleção. Os livros da Biblioteca Stephen King são sempre em capa dura com detalhes em alto relevo e meio que aveludados, bem coloridas. A contracapa carrega o nome do mestre, bem grande e no livro em questão, as folhas que separam os capítulos são chamuscadas, detalhes que imitam folhas que sofreram por alguns segundos a ação do fogo. Sem contar que é maravilhoso quando passamos por um livro que não tem nenhum erro gramatical ou de edição.

Outras fotos:






Título: A incendiária (exemplar cedido pela editora)
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Páginas: 448
Ano: 2018

21 comentários:

  1. Oi, Marcos.

    Por o autor introduzir na trama experimentos e poderes psíquicos, o livro é intrigante. Embora, tais poderes acabam sendo um verdadeiro perigo, "bom" de se acompanhar.

    Esse é um dos únicos livros do Stephen King que eu desejo ler. Gostei do enredo criado, por ser muito eletrizante e menos assustador!

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    1. Sério? Que pena! Pois acho que os livros do Stephen King têm muitas coisas a mostrar, além de sangue e terror rsrs

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  2. Oi Marcos,
    Como eu já venho dizendo, não tenho a mínima vontade de ler os livros do Stephen, mas achei esse interessante. Não sei se a ponto de me fazer ter vontade de ler, mas talvez sim.

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    1. Uma pena, Theresa!! Stephen King é um autor que tem muito a mostrar em suas obras. São trabalhos excelentes, milhas à frente do que essas merdinhas que saem hoje em dia!!

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  3. Estou louco por essa coleção King da Suma. As edições estão lindas. Mesmo tendo esses momentos mais parados sem grandes banhos de sangue, ainda assim quero muito ler A Incendiária. King sempre tem um jeito de me conquistar e de tornar seus enredos inesquecíveis para mim.

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    1. Concordo, Evandro. Ele também é assim pra mim. Das edições dA Biblioteca, apenas A hora do lobisomem eu não gostei. Espero gostar das outras rsrs

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  4. Marcos!
    Nem King é perfeito, concorda?
    O mais importante é que traz um enredo meio ficção, meio sobrenatural e pelo visto, bem envolvente.
    “Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda. “ (Clarice Lispector)
    cheirinhos
    Rudy

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    1. Exatamente, Rudy!! Há alguns trabalhos deles que eu realmente não gostei, tipo "Bazar dos sonhos ruins". Mas, digamos que é um em cem rsrsrs A maioria esmagadora de seus trabalhos é fenomenal!!

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  5. Oi Marcos,
    King sendo King e conquistando não é? Já tinha lido que o autor estava com uma nova pegada de terror, menos sangrenta, mais tão boa quanto seus livros anteriores, pena que ainda não tive oportunidade de ler os últimos lançados.
    O enredo sem dúvidas é muito bom, gosto quando temos crianças protagonistas e essa relação pai e filha trabalhada pelo autor é muito boa.
    Sem dúvidas a edição está mesmo belíssima, já quero na minha estante.
    Beijos

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    1. É verdade, Vitória!! Podemos ver isso em Joyland e na trilogia de Bill Hodges. Mas mesmo assim são ótimos livros de enredos muito bem elaborados.

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  6. O primeiro livro que eu li do Stephen King foi o livro sob a redoma Inclusive estou terminando de ver ele e Tenho ficado muito mais curiosa em ler outras obras dele visto que estão encantando com esse livro e eu ouvi falar já nesse livro A incendiária quando eu vi uma resenha no YouTube

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    1. Foi corajosa, Carolina. Entre os big boys do King, Sob a redoma é o que eu achei que tem mais enrolação rsrs e a série é muito nada a ver se comparada ao livro.
      Eu voto por vc ler mais livros dele rsrs

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  7. Estou louca para ler esse livro e os outros do King. Essas novas edições da Suma estão cada vez mais lindas, acho que todos os livros deviam ser em capa dura..rs. A trama proporciona um grande mistério, como toda obra do King, essa parte dos poderes me lembrou um pouco o X Men..kk, gosto desses elementos e acho que irei adorar o livro!!

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    1. Rsrs é difícil não pensar em X-men. A incendiária não tem lá um grande mistério, mas o enredo é bom, tem bastantes coisas a serem exploradas.

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  8. Essas edições da Suma estão incríveis né, esse livro principalmente.
    Ainda não li esse, mas só ouvi falar bem dele e considerando que é do King é 100% certeza de que vou gostar. É exatamente isso que você falou "Primeiro porque é um King. Segundo porque é um King. Terceiro porque o livro é lindo." ahahahah

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    1. E ainda tem gente que diz que nunca leu King kkkkkkkk se vc gosta de King, gostará desse tbm!!

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  9. Difícil falar de Stephen King e esse livro que é tão bom. A incendiária é um livro que esta nos meus planos para ler ainda esse ano. Tem uma història que nos prende na leitura, amo os livros do autor por causa do suspense que ele coloca em todas as histórias.

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    1. Concordo, Ana Paula! Toda vez que começo uma resenha de um livro do King, é um sacrifício. Tenho que me policiar para não parecer repetitivo rsrs

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  10. Eu sou fã do King desde que comecei a ler as obras do mestre, lá pelos meus dez anos de idade. Já li várias coisas (todas são meio difíceis, porque ele escreve feito doido), mas esse livro em questão não foi um deles. A edição realmente está primorosa, eu adorei os detalhes chamuscados nas páginas. Com relação ao enredo, acho que essa divisão psicológica da história que não fica explícita no livro é uma característica do autor, repetida em vários outros livros. Gosto do passado estar presente pra podermos acompanhar e entender com mais clareza algumas ações das personagens. No que se refere à parte mais "sem ação" do livro, acho que, de alguma forma, era essa mesmo a intenção. King não costuma dar pontos sem nó. E eu não consigo enxergar defeitos em seus livros haha

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  11. Adorei sua resenha! Gostei de saber que o livro não é um terror puro, como a maioria dos livros do Stephen. Essa mistura de ficção científica com suspense já me conquistou. Saber que o autor falou sobre experiências com pessoas é mais interessante ainda! Quero muito ler! As fotos ficaram lindas! ♥
    Bjoxx ♥

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  12. Olha acho que esse eu consigo ler em? kkk essa coisa dos poderes da fantasia me chamou bastante atenção. Fiquei curiosa para conhecer mais dessa menininha e da vida deles em geral em como eles lidam com os poderes e fugindo das autoridades. A edição esta linda, o ursinho na capa até engana kkk

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