Para quem não gosta de... é uma coluna inspirada na postagem da Editora Intrínseca chamada “Se você gosta de (...) vai gostar de (...)”. A ideia da editora é de recomendar livros no mesmo estilo de determinada obra que você leu e gostou. Pensando nisso, resolvemos fazer o Para quem não gosta de... para quem não curte um gênero e, mesmo assim, poderá gostar de determinado livro. Afinal, mesmo que você não goste, é possível encontrar aquela história-chave que o fará mudar de opinião.
Vamos tentar?
O tema de hoje é Clássicos. Com o aumento de leitores no Brasil, percebemos também um aumento no volume de livros vendidos no mercado editorial e também uma grande diversificação nos temas debatidos ou abordados. Surgem assim também novos autores trazendo temas atuais muito necessários: preconceito e racismo, empoderamento feminino, amor próprio, direitos humanos, bullying, relacionamento abusivo, entre outros, as opções são infinitas.

Assim como a humanidade costuma cometer os mesmos erros, mesmo após séculos de exemplos negativos que podemos citar, assim também os temas nos livros costumam ser abordados novamente após gerações. Claro que não exatamente da mesma forma, pois o tema permanece, mas a forma como é abordado é que muda. O que hoje é um problema, pode muito bem ter sido algo banal há 100 anos.

Pensando nisso, resolvi indicar um livro clássico para cada tema que mencionei acima, afinal de contas, se um livro sobrevive há séculos e ainda assim permanece atual, é porque algo importante ele deve conter e com certeza merece ser lido.

Preconceito e racismo: Os miseráveis – Victor Hugo

Melhor livro que já li na vida até o momento. Os miseráveis vem com uma carga de preconceito de classe e racismo enorme. Jean Valjean é preso por roubar um pão para sua irmã que passava fome, passa dezenove anos preso e volta embrutecido e perigoso. Percebe que um ex detento, mesmo que com dinheiro, não tem direito para alugar um quarto nem permanecer em um recinto digno. 

Um ato de amor e bondade por parte de um bispo o mostra que ainda existem pessoas boas no mundo e o traz de volta para o bem. Quando estabelecido, fica sabendo da história de uma pequena mocinha que está sofrendo injustamente por um crime que cometeram em seu nome e resolve que será o protetor dela. E isso é só uma pincelada leve do que esse livro incrível nos traz. 

Temos um capítulo inteiro dedicado aos moleques de Paris, onde o autor nos descreve a personalidade e atitudes dos meninos de rua. Porém, se você deseja ler um livro sobre preconceito e racismo contra negros, indico A cabana do pai Thomás e Doze anos de escravidão, este último sendo um relato real de um negro livre que foi escravizado durante doze anos. Infelizmente, ainda não tive o prazer de ler ambos, mas tenho certeza de que quando a leitura acontecer vai ser só alegria.

Empoderamento feminino: Orgulho e preconceito – Jane Austen

Recentemente teve cinco motivos para ler "Orgulho e preconceito", aproveitem para conferir.

Ainda visto por muitos como um romance meloso, Orgulho e preconceito traz muito sobre empoderamento feminino, sem falar na carga de preconceito como assim sugere o título. Apesar de ter sido escrito em uma época em que mulheres serviam somente para casar e parir, por conter muito desse conteúdo no livro, a autora Jane Austen criou a personagem Elizabeth Bennet.

Ela é uma garota sarcástica, inteligente, bem humorada, que preza pela sua liberdade de expressão e que deseja somente se casar com o homem que ama, na contramão de tudo o que era aplicado na época, onde casamentos eram realizados somente para aumentar a fortuna das famílias, e onde a mulher não tinha poder de decisão algum. Vale ressaltar que quem dá esse poder de decisão á Elizabeth é seu pai, mas ainda assim é um livro sobre empoderamento, dentro dos limites da época, obviamente. E quem já leu o livro sabe que, no final das contas, é Elizabeth que está com todo o poder sim.

Amor próprio: Eugênia Grandet – Honoré de Balzac

Um livro que demorou muito para ser lido, devido ao conteúdo muito matemático abordado inicialmente. Eugênia Grandet é filha de um mercador, e logo de primeira ficamos a par do tamanho da fortuna de seu pai: quanto ele cobra por barril vendido, quantos barris ele importa, o valor do produto comprado e revendido, o valor gasto com comida, vestimentas... tudo muito desinteressante. 

Mas então surge um rapaz que passa alguns dias na casa de Eugênia e ambos se apaixonam. O moço precisa seguir viagem para concluir uma tarefa, mas promete voltar e tomar Eugênia como esposa. A coisa, porém, não acontece dessa forma: o rapaz conhece outra mulher e Eugênia fica esperando por ele, que nunca volta. Uma situação muito interessante ocorre e o rapaz volta para Eugênia muitos anos depois, esta, porém, agora decide se valorizar e se vingar do mentiroso, mostrando que não precisa das migalhas do seu amor. Um livro que praticamente terminei aos gritos de louvor, tamanha satisfação que causou.

Direitos humanos: Um Conto de Natal - Charles Dickens

Apesar do nome fofo, este livro chega a dar medo, pois nos faz pensar em como estamos lidando com a nossa vida e como estamos tratando nosso próximo. Ele aborda a vida de Ebenezer Scrooge, um homem avarento e ganancioso que odeia o Natal por ser uma época de muita alegria e solidariedade. 

Scrooge possui um funcionário muito pobre, porém, mesmo assim feliz. Este funcionário possui quatro filhos e um deles tem problemas nas pernas, mas mesmo assim a família é unida e feliz. Scrooge constantemente trata o funcionário mal e considera todos como ralé e escória da terra. Certa noite, ele recebe a visita de seu ex sócio morto. O espírito alega que não consegue descansar, por ter sido muito avarento e mau em vida, mas avisa Scrooge de que ele ainda tem chance de mudar seu destino e que três espíritos o irão visitar. A partir daí percebemos a raiz de muitos problemas. Um livro onde a falta de direitos humanos é exposta constantemente.

Bullying: O conde de Monte Cristo – Alexandre Dumas

A vida de Jean Valjean em Os miseráveis é extremamente sofrida, mas temos um candidato sofredor à altura em Edmond Dantes de O conde de Monte Cristo. Jovem, estando apaixonado e sendo correspondido por sua amada, com seu cargo em um navio em ascensão devido ao seu grande esforço e dedicação, tendo um pai abençoado que o ama muito, logo sua vida feliz e próspera chama a atenção de algumas pessoas invejosas e nada satisfeitas com a sua felicidade. 

Fernando Modengo, que quer a sua amada Mercedez; Danglars, que quer seu cargo no navio; e Caderousse, que ouve falar que o jovem possui algum dinheiro guardado, ainda que pouco. Juntos, eles inventam uma história terrível, conduzida pelo terrível e esperto Danglars, que culmina na prisão injusta de Dantes. Temos também Villefort, que não o conhece, mas que precisa livrar seu pai de uma situação e acaba decretando a prisão do jovem. Indo na contramão de tudo, o bullying aqui não é praticado pelos vilões, e sim pelo mocinho, quando este resolve sair, perseguir, mandar bilhetes anônimos, humilhar, expor seus inimigos e procurar sua tão merecida vingança.

Relacionamento abusivo: O morro dos ventos uivantes – Emily Bronte

Apresentado sempre como uma grande história de amor, O morro dos ventos uivantes se encaixa também na gama de livros que abordam relacionamentos abusivos. Fala sobre amor também, sem dúvida, mas é um amor doentio e possessivo. Cathy e Heathcliff protagonizam essa história nos mostrando que a humanidade não é capaz de matar e morrer por amor somente nos dias atuais; o sentimento de poder e autoridade sobre o outro tem raízes mais profundas.

Espero que tenham gostado das dicas.

Abraços.

17 comentários:

  1. Oi Sil
    Eu sou uma das pessoas que não gosta dos clássicos e por isso não leio, mas já tive o prazer de ler Os miseráveis e a injustiça desse livro me causava arrepios. É terrível ver uma mulher ter que vender seus dois dentes da frente para conseguir sobreviver... e o outro foi O monde de conde cristo, mas esse não lembro absolutamente porque eu li em inglês há anos. Mas confesso que amei as indicações!
    Beijo
    https://www.capitulotreze.com.br/

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    1. Oi Miriã,
      te entendo, nem sempre os clássicos sao os mais divertidos :)

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  2. Muito interessante essa proposta do Blog, parabéns. Olha com certeza Os miseráveis é o livro que mais quero ler no momento, é incrível como todo mundo só tem coisas boas pra falar sobre ele e ainda mais por retratar um assunto que infelizmente ainda se encontra tão presente na humanidade. O Conde de Monte Cristo já tive a oportunidade de ler, em uma edição didática no colégio, creio que tenha perdido algumas coisas por isso pretendo reler numa versão original. Mas é uma história bem tocante e que me deixou fã do livro.

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    1. Oi Luana,

      se joga que os miseráveis estão te esperando! Melhor livro EVERRR!

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  3. Puxa, posts assim enchem os olhos e o coração de alegria!!!Eu amo clássicos, embora reconheça que precise me dedicar mais a eles!!!
    E oh, falta um post com os grandes clássicos nacionais também!!! rsrsrss
    Os Miseráveis é uma obra única que além de estar numa roupinha nova, é uma calhamaço para se exibir com muito orgulho!
    Falar de clássicos e não ter Jane e Emily,Dumas e Dickens é não falar dos grandes Mestres da literatura mundial!!!
    O Conde de Monte Cristo é outra obra única que merece ser lida e relida em qualquer época da vida!!!
    Amei o post!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na Flor

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    1. Com certeza é clichê citar esse autores, mas como você mesma disse: são grandes mestres :)

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  4. Silvana!
    Fez uma apresentação bem pertinente e verdadeira.
    E as indicações dos clássicos foram fantásticas, bem correlacionadas co os temas.
    Já li todos e valem mesmo a leitura para analiarmos o quanto tudo ainda é tão atual.
    cheirinhos
    Rudy

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  5. Olá! Clássico é clássico né, desses eu li, por enquanto, Orgulho e preconceito e O morro dos ventos uivantes, e é engraçado que mesmo escritos a tantos anos, eles continuam super atuais, fiquei bem empolgada para conferir Eugênia Grandet – Honoré de Balzac, achei o desenvolvimento do enredo bem interessante.

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  6. Oi, Silvana
    Obrigada pelas indicações, confesso que não leio muito os clássicos. Estou em falta com eles, mas já comprei Orgulho e Preconceito e O Morro dos Ventos Uivantes que serão minhas leituras de 2020.
    Tenho muita vontade de ler os outros livros que você indicou principalmente Os Miseráveis.
    Beijos

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  7. Olá!
    Livros clássicos tem que ser lidos, além de trazer temas atuais. De todos citados já li Orgulho & Preconceito, uma historia maravilhosa. Eu desejo muito ler O morro dos ventos uivantes, já ouvi fala bastante dele.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  8. Oi!
    Toda indicação citada eu via e pensava: conheço por nome, mas nunca cheguei a ler o livro. Acho que clássico significa isso, muitas vezes chegamos a conhecer um pouco da história sem ao menos saber qual foi o primeiro contato para ter esse conhecimento.

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  9. Sou super fã de livros clássicos e apenas um desses livros da lista eu não cheguei a ler ele e foi o caso de O Conde de Monte Cristo mas super já conheço a história e toda a vingança que envolve ela

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  10. Olá! <3 Parabéns pelo post e muito obrigada pelas indicações, vou acrescentar todas a minha lista de leituras!
    Gosto de clássicos, apesar de fazer um tempinho que não leio nenhum. Acho que incrivel que mesmo esses livros sendo escritos há tanto tempo atrás, sejam tão reais e atuais, apresentem tantos aspectos que encontramos em nossa realidade.
    Já tinha ouvido falar sobre quase todos esses clássicos, o único que inda não conhecia é Eugênia Grandet, que chamou demais minha atenção com sua premissa. Destes, é o que mais quero ler no momento.
    Muito obrigada pelas indicações! Beijos!

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  11. Oiii ❤ É realmente incrível ver que tantos autores do passado já trabalharam tantos temas que pra nós são atuais em suas obras. Que muito do que acontece hoje, já aconteceu no passado também.
    Desses livros citados só li Orgulho e Preconceito e realmente, é incrível como Jane Austen traga uma personagem tão incrível e empoderada como Lizzie. A forma como ela faz isso é ótima.
    Adoraria fazer a leitura dos demais livros.
    Beijos ❤

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  12. ola
    confesso que não sou de ler classicos
    dentre os citados tenho o livro Orgulho e preconceito mas ainda não li
    outros dois me chamaram a atençao que é O morro dos ventos uivantes e O conde de Monte Cristo

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  13. Amo Clássicos! Mas muitas vezes não são bem vistos pois retratam uma época diferente

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  14. A ideia do post é sensacional! Eu não sou um leitor frequente de clássicos, mas sempre que posso tento dar uma chance, principalmente pros mais modernos, como A cor púrpura. Dentre a lista, o que mais me interessa é Orgulho e preconceito. Também quero O sol é para todos!

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