Devo dizer, de início, que este é um livro delicado e que pode desencadear alguns gatilhos emocionais de depressão e suicídio. “Os Sofrimentos do jovem Werther” foi, desde sua publicação, considerado um livro polêmico por conta dos assuntos tratados.

Goethe me apresentou uma narrativa única, e mesmo que possa gerar sentimentos ruins desde a sua época de publicação, é inegável o que o autor faz com as palavras. Sintam essa citação:
“É comum sentirmos que carecemos de algo, e aquilo que nos falta, em geral, um outro parece sempre possuir; e a essa imagem do outro acrescentamos, ainda, tudo o que nós possuímos, bem como certa condição idealizada de bem-estar.”
Werther é um personagem de sentimentalismo extremo, característica que envolve toda a narrativa, mas que, como em grande parte da obra é sob sua visão através de cartas – a fã de narrativa epistolar pirou um pouquinho, rs - mas o que ocorre é que, para Werther, desde as passagens em que descreve o ambiente, até, principalmente, o momento em que se apaixona, é de uma intensidade superior ao de muitas outras pessoas, por assim dizer.

A garota por quem Werther se apaixona, Lotte, é uma jovem comprometida, e isso faz com que o mundo do rapaz se desmorone em um passinho de cada vez. Werther é tomado por profunda tristeza, uma melancolia que transborda, e ele só consegue pensar em uma solução para seu infortúnio. Deixo aqui no ar essa parte, mas se você é um leitor atento, lá no início da resenha fica bem claro do que toda essa obra se trata. Aí é que vem o famoso “clássico atemporal”, pois não poderia ser diferente com essa obra (de arte) de Goethe.

A experiência de ler sobre transtornos mentais e depressão, propriamente dita, ambientado lá no digníssimo século XVIII foi única. Isso porque é nítido como a recepção sobre esse tema e pessoas que possuem esses transtornos, ainda hoje, é negligenciado e muitas vezes taxado de frescura. Ver a decadência de Werther me fez sofrer junto com ele, digamos que... estávamos um pouco em sintonia no momento da minha leitura.

Por fim, deixo a recomendação dessa obra incrível, porém delicada, agoniante e que definitivamente não é uma leitura para qualquer um. Se atentem aos gatilhos e não leiam se te faz mal, combinado?

Título: Os sofrimentos do jovem Werther (exemplar cedido pela editora)
Autor: Goethe
Editora: Penguin 
Páginas: 212
Ano: edição de 2021
Compre: aqui

11 comentários:

  1. É incrível como ainda hoje a depressão e o suicídio ainda são tão banalizados.
    Não é preciso estar no lugar do outro para respeitar o que ele sente. Podemos tentar imaginar e sentir empatia.
    No mínimo temos que respeitar a dor de cada um, que para nós pode parecer pequena, mas para o outro pode ser insuportável.

    Danielle Medeiros de Souza
    danibsb030501@yahoo.com.br

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  2. Eu li esse livro em tempos de escola, mas confesso que lembro pouco mas que tinha até gostado.
    To querendo reler ele por agora, ta tendo umas ediçoes tão lindas tb, to bem interessada na releitura.
    Seculo 18 é todo na dramaticidade...rsrs
    Adoro.

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  3. Mais um clássico da literatura, que a Companhia das Letras nos presenteia.
    A temática abordada é muito importante.
    A carga dramática é bem mais intensa

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  4. Só pela resenha a gente consegue sentir um pouquinho a dor de Werther. Hoje, se eu não estiver enganada, é o dia da luta contra o suicídio. Sabe o tal dia D? acredito sim que seja hoje, pois é um dia que sempre fico mais alerta que o normal.
    Não sei se daria conta de ler uma obra hoje, mas com certeza, é um livro que traz tantos sentimentos, que chega a doer na alma e sim, já quero muito sentir e ler!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  5. Olá
    É muito importante essa mensagem que você passou no final da resenha
    Vi um vídeo muito bom da Reniere do canal Palavras Radiotaivas sobre o fato de que tem livros bons mas que não são para todos os leitores.
    Eu estou fugindo de livros filmes mais pesados .estou procurando ver e ler coisas mais leves no momento.
    Bjs

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  6. Caramba, gatilhos bem fortes ne? Mas que bom que foi avisado. E, sem dúvida alguma, essa frase que você colocou chama muito a atenção! Psiquiatria é uma das minhas especialidades favoritas na faculdade; aliás, estamos atendendo pacientes nesse mês e depressão e suicídio sempre está presente. Então imagino a delicadeza do livro, não é fácil nem simples.

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  7. Luana!
    Infelizmente ainda hoje há esse estigma de que algumas doenças mentais são 'frescura', tanto que quem convive com pessoas depressivas, por vezes nem percebem a intensidade da angústia que eles passam.
    Imagino o quanto é difícil ler um livro que fala de um assunto tão sério e deve ser angustiante acompanhar o protagonista e toda sua melancolia.
    cheirinhos
    Rudy

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  8. Luana, sua resenha é um presente!
    Tenho muita vontade de ler, mas como uma leitora atenta, imagino do que se trata e fico protelando. São temas que, mesmo não sendo gatilho para mim, me atingem de forma profunda.
    Espero conseguir ler em breve.

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  9. Eu não conhecia esse clássico, porém parece um que eu com certeza iria gosta de fazer a leitura apesar dos assuntos dos gatilhos.

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  10. Olá! Só pela resenha deu para perceber que essa não é uma leitura fácil, mas ao mesmo tempo um tanto quanto necessária, principalmente para entendermos melhor o quanto essa situação é delicada e necessita da nossa atenção, mas principalmente empatia. Não vou negar que é um pouco assustador saber que uma história escrita a tanto tempo, ainda se faz tão real nos dias de hoje.

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  11. Oi, Luana
    Eu li ano retrasado e gostei com ressalvas.
    Me deu alguns gatilhos, achei triste e muito agoniante.
    Mas também com partes bonitas e intensa.
    O cenário da época é interessante também.
    Quero ler mais do autor.
    Bjs

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