“O pecador perdeu a cabeça
O inocente perdeu a vida
O Pontífice perdeu a Face
E a poupa ganhou o céu

Van Aeken pinta” (p.144).

O ano é 1514, véspera de Natal e um inverno torrencial. O que tinha tudo para ser motivo de comemoração e festejos, acaba se tornando o pior dos pesadelos dos habitantes de Roma. O corpo de um jovem é encontrado terrivelmente decapitado, nu, coberto por sangue e, em suas costas, uma espada está alojada.

Em cima da estátua do imperador Marco Aurélio ninguém imaginaria encontrar esse jovem sem vida. Não bastasse a crueldade, letras de sangue anunciam: “Eum qui peccat...” (Aquele que peca...). O mistério e o temor tomam conta do coração da cidade e, pouco tempo depois, outro crime surge e assombra a população.

Um senhor é encontrado morto, também nu, com as mãos amarradas, a cabeça caída sobre o ombro e preso aos barrotes, ao lado da torre de Milícia. Com letras de sangue estampa: “...Deus castigat” (...Deus castiga). Quando todos imaginam que os crimes estão prestes a acabar, uma senhora é encontrada decapitada, com seus cabelos grisalhos e amarelados.

“No entanto, ele se deu ao trabalho de molhar de novo o dedo para acrescentar estes três pontinhos no final. Por que razão? Por que razão, senão para dar a entender que haveria uma sequência para o seu gesto? Estes três pontos não estão ali por acaso, Guido, não. Eles servem de aviso. O assassino certamente pretende recomeçar e resolveu nos avisar” (p.27).

Uma série de crimes acontecem e, como o título declara, são sete. O autor cria as mortes de forma fria, calculada e completamente excelente. É impossível não se admirar com a forma sangrenta que os corpos são encontrados e, o melhor, narrados. Prévost prende o leitor pela crueldade em que trabalha os assassinatos, a maneira que cria um perfil criminoso frio, com especialidade em desorientar as investigações e, ainda, pela criatividade em fazer Leonardo Da Vinci ressurgir.

Quem poderia imaginar uma obra em que Leonardo Da Vinci fizesse parte de uma investigação? O autor acertou em cheio ao colocar esse personagem em uma obra tão histórica e que envolve a arte. O incrível Leonardo não poderia ficar de fora desse magnífico enredo.

Não obstante, outro responsável pela investigação e que, para mim, predominou com as investigações o tempo todo, foi o querido Guido Sinibaldi. Ele é um estudante de medicina e filho de um ex xerife da cidade, Vicenzo Sinibaldi. Seu pai foi morto em 1511, quando perseguia um criminoso.


“Pois a bala que matou meu pai feriu-a também no coração, ferida que só se curou, 28 anos mais tarde, com sua própria morte. Mal chegada aos 40 anos, sem que nada a tivesse preparado para aquilo, ela se tornou a viúva Sinibaldi. Viúva não apenas de seu marido, mas também de seu futuro, de sua fortuna e de muitos de seus amigos” (p.54).

A obra é envolvente e aborda diversas temáticas, política, religião e a querida arquitetura histórica de Roma são as predominantes. Guido e Leonardo têm de investigar os crimes em um ambiente regado pela política do Vaticano.

O personagem Leonardo Da Vinci é excepcional. Prévost soube resgatar a intelectualidade do pintor e o coloca no ápice, o que de fato merece a todo o momento. Não apenas ele, mas o seu parceiro Guido são espertos e captam os detalhes mais insignificantes, aparentemente. É impossível não se encantar por esses dois e pela forma que tudo se desenvolve.

Sem dúvidas, é um romance policial que chama a atenção por sua qualidade, seus mistérios e pelo thriller histórico trabalhado. Além do ponto totalmente fundamental abordado pelo autor que consiste sobre os conflitos existentes entre Da Vinci e a Igreja por seus estudos voltados à anatomia. A capa do livro é bem sugestiva, justamente por elencar isso.

“- [...] Não há aí motivo suficiente para queimar todos os papas do inferno? Vender o Paraíso para construir templos a sua própria glória. Não é este o verdadeiro sinal de pecado? Se ainda os que estão atrás do papa fossem melhores! Mas não, estão todos de acordo, dançando a mesma dança!” (p.129).

A revisão ortográfica foi bem feita, não perfeita, mas os erros encontrados foram poucos e não atrapalham o entendimento do leitor. O nome do livro e a capa foram excelentes. A cor tanto na lombada quanto na contracapa deu a ideia exatamente do sangue presente em grande parte do livro.

Confesso que não conhecia Guillaume Prévost. Ao solicitar o livro foi mais pelo visual e pela sinopse, não pesquisei sobre o autor. Foi como dar um tiro no escuro e, confesso, acertei no meio da testa. Um autor que será lido por mim outras vezes, sem dúvidas.

Para quem gosta do gênero e/ou até mesmo para quem não gosta, a obra é indicadíssima. Para quem curte história e todo o período da antiguidade, com certeza irá se identificar com esse trabalho.

Título: Os sete crimes de Roma
Autor: Guillaume Prévost
Editora: Vestígio
Páginas: 253
Ano: 2013
Compre: aqui

11 comentários:

  1. Gente, eu não havia lido ou visto nadinha sobre esse livro. Mas lendo sua resenha, achei tudo tão genial que fica impossível chegar ao fim e não ir procurar o livro para ontem.
    Fora os lance dos crimes cruéis, que eu amo, isso de colocar Roma e Da Vinci.
    Caramba!!!
    Com toda certeza do mundo, já está indo para a listinha de muitos desejados!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  2. Oie!
    Não conhecia o livro e nem o autor, mas fiquei curiosa! Gosto de obras que tem um mistério envolvente, e só pelos trechos destacados já gostei da escrita do autor.
    Dica mais do que salva!

    Estante Bibliográfica

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  3. Pela foto do livro, a que mostra a diagramaçao, parece bem confortavel e tem ilustraçoes o que deixa mais fluido tb. Nao conhecia o livro, mas gostei q ingressaram da vinci na historia, isso deve ter deixado realmente interessante.

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  4. Nossa, o primeiro crime já é tão forte que já perdi a vontade de ler, não gosto de sangue assim não.
    Parece ter uma pegada religiosa forte.

    Danielle Medeiros de Souza
    danibsb030501@yahoo.com.br

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  5. Uau!!! Uma história onde temos Da Vinci não só como personagem mas um personagem importante, que é fundamental para o desenvolvimento da investigação.
    Crimes chocantes! Ainda assim, me deixou instigada a ler, para saber quem foi o responsável e sua motivação.

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  6. Naty!
    Confesso que meu espírito investigativo ficou aguçado com a resenha e agora preciso fazer essa leitura o quanto antes.
    Parece um tremendo thriller e ainda tendo a bela arte de Leonardo da Vinci, o cunho político e religioso, crimes arrepiantes, não tem como não querer ler.
    cheirinhos
    Rudy

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  7. Olá! Num primeiro momento acabei torcendo o nariz para a história e essa quantidade de crimes, mas fui lendo a resenha e acabei sendo fisgada mais pela parte histórica e envolvimento de Da Vinci no enredo, fiquei bem curiosa em relação ao desfecho e claro as resoluções dos crimes e mistérios.

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  8. Oiiiee,
    Parece muito interessante esse livro e ao ler a resenha toda fiquei bastante curiosa sobre o que irá acontece e é claro, quero saber o final da trama.. Já irei anotar o livro aqui!

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  9. Olá
    Não conhecia esse livro .Embora o autor incluiu a figura de Leonardo da Vinci na obra não fiquei com vontade de ler .Tem bastante crimes cruéis e nao curto isso e parece que o autor tece bastante críticas religiosas.

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  10. Encantadissima com essa história, cheia de mistérios e nos faz também ser investigadores dos fatos para descobrir quem é o assassino e o motivo. Adorei e ja quero ler esse livro fantástico.

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  11. Oii,
    Nossa, que legal o Da Vinci como personagem!!
    Adorei a ideia.
    Quero ler mais romance policial esse ano, e já vou colocar esse na lista. Além de ter o Da Vinci, ainda esse passa em Roma que amo, e esses assassinatos todos parecem bem instigantes.
    Bjs

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