O engenheiro da morte

Carl Farben e Martina Kaufmann vivem dois lados opostos na Segunda Guerra. Enquanto o primeiro como engenheiro químico acaba contribuindo de uma forma direta para o massacre nos campos de concentração, através da criação de um gás venenoso; a segunda é uma judia que vê a cada dia que tem seus direitos sendo tomados, o perigo ao redor e sua família ruindo.

Os dois têm ambições, apesar de serem opostas também. Carl tem uma visão em que quanto mais poder e dinheiro melhor, não importa o que ele tenha que fazer para conseguir. Já Martina é ambiciosa de conhecimento, procura aprender coisas mesmo na dificuldade da guerra.

Esses dois pontos de vista são os principais do livro na primeira parte. Vamos acompanhar o desenrolar da guerra e suas consequências para cada um deles, passando do início do conflito até o seu fim. Carl é mais presente do que Martina, mas ambos são bem desenvolvidos e têm suas histórias bem contadas. Mas elas são apenas um plano de fundo para contar e fazer o leitor refletir em como algumas coisas passam ou passaram batido no pós guerra. Nesse caso, o papel de algumas indústrias em financiar o nazismo e como elas se comportaram depois. Apesar de não ser algo muito aprofundado, para não deixar a história em si de lado, o texto conta sempre com alguma nota de rodapé, que conta um pouco mais sobre alguma pessoa ou alguma indústria durante a guerra.

Um exemplo disso é Hugo Boss, que foi o responsável por desenhar os uniformes nazistas ou as grandes fábricas que usavam trabalho escravo, se aproveitando dos prisioneiros de guerra, judeus, negros e etc., para trabalharem em condições sofríveis. O leitor desfruta da leitura e ao mesmo tempo conhece mais sobre esses assuntos.

Inclusive, essa é uma leitura que se complementa com outro livro da própria editora Vestígio, que é o “A Morte é meu Ofício” do Robert Merle. Nele vamos conhecer o principal responsável pelo campo de Auschwitz e algumas partes da leitura casam com acontecimentos de O Engenheiro da Morte, principalmente com a questão do gás utilizado nos campos de concentração e da visita dos engenheiros químicos.

O livro do Marcio também mostra uma segunda parte no pós-guerra, com um foco um pouco diferente. Vamos descobrir o que aconteceu com alguns responsáveis por massacres na guerra e também como eles foram presos. Além disso, há também a questão dos caçadores de nazistas e sua importância para descobrir para onde alguns deles fugiram para evitar serem julgados por seus crimes.

Digo que esse segundo ato do livro foi a parte que mais me fisgou, fica mais emocionante em relação a tensão apresentada com alguns personagens. É como se a primeira parte fosse mais histórica, enquanto a segunda fosse mais voltada para a ação. Elas se complementam bem e vai animar o leitor.

Recomendo demais esse livro. Uma ótima obra do Marcio, que é um grande conhecedor da Segunda Guerra. Também é mais uma baita obra da Vestígio, que traz ótimos livros a respeito desse tema.

Título: O Engenheiro da Morte (exemplar cedido pela editora)
Autor: Marcio Pitliuk
Editora: Vestígio
Páginas: 256
Ano: 2023
Leia: aqui

6 comentários:

  1. Esse pano de fundo dolorido sempre me cativa demais! Ainda mais com um nome tão grande da lteratura mundial!
    Amei que vem assim, com dois pontos de vista totalmente opostos, mas vendo e vivendo o mesmo momento!
    Com certeza se puder, quero ler!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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  2. Oi, Fábio! Sempre me interessou muito obras que retratassem esse período tão cruel da nossa História. E essa apresenta algo que ganhou minha atenção, que é essa segunda parte com foco no pós-guerra e em toda a caça aos responsáveis pelas barbáries cometidas. Quero ler, com certeza!

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  3. Uma leitura densa, com dois pontos de vista totalmente opostos mas que se complementam e nos fazem ter uma visão, desse período da nossa história, que foi devastador e cruel

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  4. Olá
    Já vi vários livros sobre esse pedido tenebroso da história, mas nunca vi um livro com esse tema ,que relatasse as pessoas que colaboraram para tamanho horror.

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  5. A segunda parte eu acho que ia gostar mais tb, acho interessante saber o que acontece apos um ato e ser mostrado isso pra gente tb.

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  6. Olá! Eu gosto muito desses livros que trazem um pouco mais da nossa história, confesso que não conhecia esse e fiquei bem curiosa em relação a leitura, principalmente porque esse é um tema que eu sempre estou pesquisando.

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