Poderia uma simples cozinheira almejar o coração de um duque?
É o que nos perguntamos ao abrir A Cozinheira de Castamar, transformado em série pela Netflix em 2021, com apenas uma temporada, o livro ainda não foi lançado no Brasil, mas se você não se importar em ler em português de Portugal, poderá apreciar a história de amor de Clara Belmonte e Dom Diego.
Sabe aquelas novelas mexicanas que costumam passar numa certa emissora? Esse é o clima de A Cozinheira de Castamar, mas ambientado na Espanha de 1720, onde Clara Belmonte, a filha de um médico prestigiado de Madrid, se vê caindo na pobreza após a morte do pai, educada nas finas artes da culinária pela mãe, ela consegue um trabalho no ducado de Castamar, onde conhecerá o viúvo recluso, Dom Diego.
“Ela era sua cozinheira e ele o senhor de Castamar.”
O autor, Fernando Múnez, não apenas escreveu uma história de época muito bem, ele ambientou a narrativa. Deixe-me explicar: o autor teve o cuidado de pesquisar todos os aspectos da vida dos nobres da Espanha de 1700, da vestimenta, passando pelo funcionamento da casa até a comida. E isso é muito importante em toda a obra, o livro nos carrega para a cozinha de Castamar, onde Clara conquista cada pessoa da casa com sua comida, que recebe descrições incrivelmente detalhistas do autor.
“Viu que, de algum modo, partilhavam uma linguagem secreta de aromas e sabores sujeita aos pormenores, ao pequeno e invisível que agarrava os sentidos.”
Aqui, você, leitor, passeará por 600 páginas onde Clara e o duque se apaixonam, mas também conhecerá as tramoias assassinas do vingativo Dom Enrique, apaixonado pela falecida duquesa de Castamar e disposto a tudo para fazer Dom Diego pagar por seu crime: casar com Alma.
O livro também aborda assuntos muito importantes e de forma bastante orgânica, o racismo que o irmão adotivo de Dom Diego, Gabriel, sofre por ser negro em uma época em que o tráfico de escravizados ainda existia. Também fala da condição das mulheres, nobres e plebeias, que estavam sujeitas, como a da governanta da casa, Úrsula, que só conseguiu a liberdade do marido abusivo com a ajuda da falecida duquesa. Ou ainda, a de Amelia Castro, nobre que assim como Clara, se viu pobre após a morte do pai, mas sem ofício, acabou arruinada.
Se você gosta de novelas de época, de livros de época, vale a pena ler A Cozinheira de Castamar e se esforçar para traduzir algumas palavrinhas do português de Portugal. Conhecerá um livro rico em detalhes, em paixão, romance proibido e final feliz. Eu mesma devorei o livro em dois dias e uma madrugada.
Título: A Cozinheira de Castamar
Autor: Fernando J. Múnez
Editora: Porto Editora
Páginas: 616
Ano: 2020
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Quando zapeio pela Netflix, sempre vejo a série.
ResponderExcluirO autor fez de fato um estudo completo daquela época.
Eu como fã de séries e livros de época vou adicionar a série a minha lista e torcer para alguma editora trazer o livro pra cá
Oi, Ingrid! Não costumo ler tanto romances de época, apesar de curtir filmes e séries nesse estilo. Quando se tem uma história tão bem fundamentada nos costumes da época, como é o caso desse livro, a leitura se torna mais prazerosa, sem dúvida. Uma pena ainda não ter sido publicada aqui no Brasil.
ResponderExcluirEu amei a série, não sabia que tinha livro.
ResponderExcluirUma pena não ter sido publicado no Brasil.
Olá! Eita que eu não me importaria em nada em me arriscar no Português de Portugal, ainda mais porque assisti a série e gostei bastante, então imagino que a leitura será bem proveitosa, ainda mais sabendo que o autor teve todo um cuidado em pesquisar mais sobre a época e seus costumes.
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