O pacto de três Graces é uma fantasia com elementos sombrios e um pouco estranhos, confesso. É para quem curte histórias um pouco bizarras e diferentes, mas não se assuste: é uma história gostosa mesmo assim.
Aqui nós temos um vilarejo chamado Três Graces, onde nada de ruim acontece. As plantações são sempre ótimas, todos têm uma ótima saúde, e as pessoas só morrem de velhice. Para que tudo isso seja possível, um pacto com um demônio foi feito pelas três bruxas Graces há mais de duzentos anos. Para que esse pacto continue em vigor, a cada sete anos o melhor garoto entre eles, o que tem o coração mais nobre a altruísta, deve ser sacrificado. Na noite da lua de sangue ele entra na floresta que fica ao redor do vilarejo, pronto para enfrentar o demônio que mantém o pacto vivo.
Esse garoto é chamado de Santo, e o Santo da nossa história é o Rhun. Ele é sem dúvidas o melhor entre eles. Doce e com o coração enorme e sem maldade. Ele está ansioso por entrar na floresta pelo bem do seu vilarejo e das pessoas que ama. O problema é que ele estava se preparando para entrar daqui a quatro anos, mas alguma coisa deu errado e a floresta pediu o seu sacrifício antes. Mairwen é uma menina com duplo poder: ela é uma bruxa Grace, sua mãe é a bruxa atual do vilarejo e ela será a próxima, e além disso, ela é filha de um Santo. Sua ligação com a floresta é muito forte, mas ela sabe que não pode entrar lá, sua mãe já lhe disse que quando uma bruxa Grace entra na floresta ela jamais sai. Arthur é um garoto, mas ele não foi criado assim. Sua mãe tinha medo que ele fosse escolhido para ser um Santo e o criou como menina, mentindo para todos. Acontece que a mentira foi descoberta e Arthur cresceu questionando quem ele realmente era e querendo se provar. Movido pela raiva, ele quer ser o próximo santo, e se recusa a deixar os sentimentos que sente por Rhun tomarem conta do seu coração.
Gostei muito desses personagens, para mim a melhor parte do livro. A autora soube trabalhar os mistérios e os questionamentos sobre sexualidade e gênero muito bem. São personagens bem construídos e cheios de camadas. Arthur, Mairwen e Rhun são totalmente ligados. Eles se amam como amigos, mas vai além disso. Aqui existe um poliamor, e eles precisam saber viver com isso, principalmente Arthur. Gostar de Mairwen é ok, isso faz dele um homem, já gostar de Rhun é um problema. Rhun não vê problema em nada, e ama Arthur com a mesma intensidade que ama Mairwen. Já Mairwen sente que precisa estar na floresta e que isso faz parte dela, mas ama os dois meninos que moram no vilarejo. Essa ligação e amor são parte essencial para a história, pois quando a floresta chama o próximo Santo quatro anos antes, eles se sentem desestabilizados e com medo, pois imaginavam que teriam mais tempo.
A lenda do demônio que mora na floresta é bem interessante, eu gosto como ela é sombria e com o demônio é realmente um ser ruim. A floresta em si não é normal, os animais que vivem ali não são comuns, e quando temos a oportunidade de entrar nela, a autora nos dá ainda mais detalhes que a tornam um elemento a parte na história. Muitas coisas são descobertas dentro dessa floresta, eu fiquei bem impressionada em como ela foi abrindo espaço para mais detalhes sobre e lenda e o pacto. Eu achei o final um pouco corrido, muitas informações são trazidas nas últimas vinte páginas, mas o final me deixou feliz e satisfeita com a história mesmo assim. Gostei de ter lido uma fantasia mais sombria, com tantas questões legais compartilhadas, uma lenda legal, um romance diferente e uma história fechadinha em um livro único. Recomendo bastante!
Título: O Pacto de Três Graces
Autora: Tessa Gratton
Editora: Plataforma 21
Tradutora: Lavínia Fávero
Páginas: 376
Ano: 2020
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